segunda-feira, 31 de julho de 2017

Cinco suspeitos morrem em confronto com a Polícia Militar

Cinco homens suspeitos de planejar um homicídio foram mortos durante confronto com a Polícia Militar, na tarde de ontem, na cidade de Aracati, no Litoral Leste. Outros dois suspeitos foram presos, tendo um deles sido baleado na perna. Até o fechamento desta matéria, a Polícia não havia identificado os mortos. Os militares não se feriram.
De acordo com o coronel Romero Colares, comandante da 2ª Companhia do 1º Batalhão da PM, havia a informação de que criminosos estariam se preparando para matar um desafeto, membro de uma facção rival.
Por volta das 11 horas, policiais do destacamento local avistaram o grupo, em atitude suspeita, em um Chevrolet Prisma. Os policiais resolveram abordar o veículo, na localidade de Tabajara. Houve reação.
“Quando a PM foi averiguar, foi recebida a tiros e revidou. Um deles foi baleado na perna e preso. Os outros se embrenharam no mato, todos armados”, detalhou o coronel.
Os policiais comunicaram a ocorrência aos superiores e o reforço foi enviado com policiais do Batalhão de Divisas e do Comando Tático Rural (Cotar), com apoio de uma aeronave da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), além dos policiais de destacamentos vizinhos, como Fortim.
“Montamos um cerco, mas infelizmente eles revidaram e houve nova troca de tiros. Cinco vieram a óbito e outro foi capturado, sem ferimentos”, completou Colares. Com o grupo, foram apreendidas duas pistolas de calibre 380, uma pistola calibre 9 mm e uma escopeta artesanal calibre 20.
O coronel antecipou que, dos cinco mortos, dois seriam conhecidos da PM local, mas faltava confirmação da identificação. Os demais, possivelmente, seriam da Capital e foram ao município para participar da ação. Na noite de ontem, as diligências continuavam, pois um oitavo homem teria sido avistado com o grupo e também estaria ferido. O caso será investigado pela Delegacia Regional de Aracati.
Aquiraz
No último dia 8 de junho, quatro suspeitos morreram em confronto com a Polícia Civil, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Na ocasião, foi informado que o grupo se preparava para cometer uma chacina.

THIAGO PAIVA

SORTE Mega-Sena de R$ 107 milhões sai para uma única aposta do Rio de Janeiro

O concurso 1953 da Mega-Sena, sorteado ontem (29) à noite, teve um acertador. Ele fez a aposta no Rio de Janeiro e receberá o prêmio de R$ 107.956.102,12.
Eis os números sorteados: 09, 26, 29, 42, 43 e 45.
A quina saiu para 237 apostadores, cabendo a cada um deles R$ R$ 37.195.
A quadra contemplou 16.988 apostas ganhadoras com R$ 747,28 cada uma. As informações são do site da Caixa Econômica Federal.

ITAITINGA Presos fazem rebelião na CPPL IV; familiares bloqueiam BR-116

Os detentos de três áreas da Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Elias Alves da Silva (CPPL IV) fizeram uma rebelião, tentando quebrar celas, no fim da tarde deste domingo, 30. Os agentes plantonistas da unidade e do Grupo de Ações Penitenciárias (GAP) conseguiram conter os presos, conforme a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado (Sejus).
Os presos não queriam ficar nas celas e ficaram do lado de fora até a chegada das equipes. O Batalhão de Choque foi acionado ao local e permanece na área.
Familiares dos presos chegaram a bloquear trecho da BR-116, próximo ao complexo penitenciário de Itaitinga.

FALHA Viatura da PM pega fogo na CE-065, em Maranguape

Uma viatura da Polícia Militar apresentou problema e pegou fogo, na manhã deste domingo, 30, na CE-065, em Maranguape. Os PMs que estavam no veículo Duster conseguiram sair e não tiveram ferimentos. As causas do incêndio estão sendo apuradas, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Em nota, a SSPDS esclareceu que a equipe policial realizava patrulhamento ostensivo na área, na localidade de Coité – onde ocorreu o incêndio do veículo. A Perícia Forense do Ceará foi acionada, conforme a secretaria.
O carro é da nova frota entregue pelo governador Camilo Santana, no início de julho. No mesmo dia em que foram entregues, duas viaturas colidiram durante comboio em Ocara.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Em meio a crise, Temer pressiona tucanos

No auge de sua rejeição popular, o governo de Michel Temer (PMDB) parece ter deixado de lado a lua de mel com o principal aliado, o PSDB.
Um dia antes de o Ibope divulgar levantamento encomendado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) no qual Temer tem apoio de apenas 5% e é rejeitado por 70% dos entrevistados, o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Darcísio Perondi (PMDB-RS), deu um ultimato aos tucanos: ou apoiam o governo ou entregam os cargos.
“Ou o partido está com o governo, está com a proposta de um novo Brasil, um governo reformista. E quem não votar com o Brasil, indo contra a orientação do seu partido, deve sair. E se não sair, vai ser ‘saído’”, disse. Os números da pesquisa apontam o índice mais baixo da série histórica do instituto, iniciada em 1986.
O deputado Geraldo Resende (PSDB-MS) reagiu às declarações do peemedebista e defendeu a independência do partido em relação à votação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Michel Temer por corrupção passiva.
Necessitando de 172 votos para derrotar em plenário a acusação, Temer tem se distanciado cada vez mais do PSDB, que possui a terceira maior bancada da Casa, com 46 parlamentares.
"Eu acho que o Perondi, com todo o respeito, precisa cuidar dos votos do PMDB e deixar o PSDB cuidando dos seus. No nosso partido, estamos contando com a liberação da bancada para cada um votar com a sua consciência", disse Resende.
Sobre os cargos, o discurso é de pouco apego. "Não temos esse apego com cargos. Já há gente no partido que pleiteia a entrega dos cargos... E não é o Perondi que vai fazer a condução desse processo", alfinetou.
Mantendo o discurso da independência em relação ao governo, o deputado Caio Narcio (PSDB-MG) disse que "o PSDB não é boi de carro para andar tocado". Segundo ele, "o PSDB não está com o governo em troca de cargos. Ele está para ajudar o País a sair da crise”.
Com uma linha mais conciliadora, o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB) recorreu à máxima “ruim com ele (Temer), pior sem ele”. “Temer saindo, a oposição vai garantir a aprovação das reformas? A situação é grave. O PSDB tem responsabilidade com o País”, disse. O cearense acredita que 26 dos 46 nomes da sigla devem votar contra o Planalto na próxima semana. (com agências)

WAGNER MENDES

Ministro admite que corte pode afetar ações da PF

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, admitiu ontem que o contingenciamento de verbas do governo federal pode afetar a Polícia Federal. Segundo disse, a falta de recursos pode levar a uma “seleção de ações”, o que deve atingir a Operação Lava Jato, hoje a maior investigação conduzida pela PF.
“Sendo honesto, sincero e transparente, (o contingenciamento) poderia implicar um processo seletivo de ações, não realizar todas as ações necessárias”, disse.
O ministro da Justiça defende que há um “constrangimento orçamentário”, não corte. “O constrangimento de orçamento é notório. Mas não há corte. Há contingenciamento”, completou.
Segundo Torquato, a Polícia Federal teve um contingenciamento de R$ 400 milhões, mas conseguiu liberar R$ 170 milhões. “De agosto a dezembro, está previsto um repasse de R$ 70 milhões por mês, o que é suficiente para executar o necessário até final do ano.”
Redução de equipe
Sob o governo de Michel Temer, a Polícia Federal reduziu a equipe destacada para a força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, e diminuiu 44% do orçamento de custeio previsto para 2017.

Esse foi o primeiro corte expressivo no efetivo de investigadores, nos três anos do escândalo. Em Curitiba, o contingenciamento foi de 1/3 das verbas - o que levou a Polícia Federal a desmanchar a força-tarefa da Lava Jato no Paraná.
Negação
O ministro da Justiça Torquato Jardim negou também ontem que haja um “esvaziamento” da Operação Lava Jato. Ele chamou as críticas de setores do Ministério Público Federal de “infundadas”. “O que ocorreu foi uma reestruturação administrativa interna da Polícia Federal”, disse.

“A Lava Jato está acontecendo em 16 capitais. Hoje, a Lava Jato é maior em Brasília que em Curitiba”, completou.
“É uma redistribuição de mão de obra e meios operacionais, que não significa diminuição da capacidade administrativa.”
Em entrevista coletiva na sede do Ministério, Torquato afirmou que, à frente da pasta da Justiça e anteriormente no comando da Controladoria Geral da União (CGU), nunca fez críticas à operação.
Ele assegurou que ações da Polícia Federal sofreram “contingenciamentos” de recursos, mas não cortes orçamentários. “Esses recursos estão sendo repostos dentro do possível”, afirmou.
Na conversa com os jornalistas, o ministro voltou a dizer que não atua para a queda do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. “Nunca houve pressão para que ele saia”, afirmou. “Eu e o Daiello estamos trabalhando juntos numa nova Polícia Federal”, disse. Questionado se haveria um prazo para se definir a situação do delegado, ele respondeu: “O ‘deadline’ cabe ao dono da caneta. E o dono da caneta é o presidente Michel Temer.” (Agência Estado)

NOTIFICAÇÃO DO PROCON Caixa Econômica Federal é denunciada por venda casada no saque do FGTS

A Caixa Econômica Federal (CEF) foi notificada nesta quinta-feira, 27, por venda casada no saque do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS). O Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza) notificou a superintendência regional da Instituição por condicionar a liberação do benefício à aquisição de produtos ou serviços prestados pelo banco.
Caso seja constatada a prática, o banco pode ser multado em até R$ 11 milhões. Na notificação, o Procon solicitou que a CEF cesse, imediatamente, com a venda indevida. Em nota, o órgão de defesa do consumidor afirma que há denúncias de que a instituição bancária estaria pressionando beneficiários pela contratação de serviços e produtos no momento da realização do saque das contas do FGTS.

"A prática é abusiva e fere o artigo 39, inciso I, que veda: "condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos", diz a nota.

Cláudia Santos, diretora do Procon Fortaleza, ressalta que os consumidores devem denunciar. "Qualquer imposição para contratar serviço bancário mediante saque das contas do FGTS deve ser denunciado ao Procon".
SERVIÇO
Denuncie no Procon Fortaleza
Aplicativo no celular: http://app.vc/procon.fortaleza
Central de Atendimento ao Consumidor: 151

VIOLÊNCIA Oficiala de Justiça declara impossibilidade de cumprir mandados em áreas dominadas pelo crime

Uma oficiala de Justiça emitiu uma certidão em que declara a "atual impossibilidade" de cumprimento de mandados nos bairros Tancredo Neves e Conjunto Tasso Jereissati, em Fortaleza. A oficiala afirma temer pela integridade física e iminente risco de morte nas comunidades. O POVO Online optou por preservar a identidade da autora da declaração por razões de segurança.

No texto, a oficiala diz ter escutado da população local que carros com vidros fumê escuro descarregam armas nas ruas movimentadas em plena luz do dia. Ela também cita a execução de pessoas nesses bairros que faziam parte de "grupo inimigo". Ela conclui o certificado afirmando que a Central de Mandados (Ceman) está ciente da situação.

"Já tive a infelicidade de ser parada por moradores já conhecidos, implorando que deixasse a região e de ouvir inúmeras histórias de assassinatos ocorridos 'na esquina' de suas casas", relatou na declaração. "Em sete anos de labor, nunca houve qualquer intercorrência por conta do trabalho. O que me inquieta é esta situação excepcional de imprevisibilidade".

A certidão foi publicada no último dia 20, mas começou a circular nos grupos de WhatsApp nesta quinta-feira, 27. Neste mesmo dia, o titular da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, classificou como "mito" a afirmação de que existem territórios onde a Polícia não ingresse.

Conforme levantamento do Sindicato dos Oficiais de Justiça do Ceará (Sindojus-CE), quatro oficiais de Justiça sofreram alguma tentativa de violência nos bairros de Fortaleza só neste ano. Nenhum desses casos, no entanto, é nos bairros citados na declaração registrada neste mês. Os casos ocorreram nos bairros José Walter, Barroso e Luciano Cavalcante, entre abril e junho último.
 
No último dia 20, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) afirmou que vai elaborar um cronograma de atividades voltado para a segurança dos Oficiais de Justiça, incluindo treinamento de defesa pessoal e posicionamento em momentos de crise. 
 
Redação O POVO Online

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Nada de crise. Procuradores aprovam reajuste salarial de 16,7%

O Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF) aprovou, nesta treça-feira, após cinco horas de debates, a inclusão no orçamento da instituição para 2018 um reajuste salarial de 16,7% para procuradores da República. O reajuste deverá ser compensado com um corte de R$ 116 milhões em alguns setores do próprio MPF. A informação é do jornal O Globo.
Também decidiu o organismo triplicar a verba para passagens e diárias da força-tarefa da operação Lava-Jato em Curitiba. Os valores reservados aos procuradores subiram de uma proposta inicial de R$ 500 mil para R$ 1,6 milhão. O orçamento só tem validade, no entanto, se for aprovado pelo Congresso Nacional.
A proposta de criar uma comissão para definir cortes e garantir, dentro do orçamento, o reajuste de 16,7% partiu de Raquel Dodge, escolhida pelo presidente Michel Temer para suceder o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Durante o debate, o subprocurador Carlos Frederico chegou a sugerir a proibição de cortes nas verbas de manutenção das unidades do Ministério Público (MP) e na Procuradoria-Geral da República (PGR).
Raquel se opôs à restrição. O Conselho decidiu, então, aprovar a criação da comissão e não estabelecer limites sobre setores que podem ou não a ser atingidos com os cortes.

REUNIÃO André Costa garante empenho de forças policiais em investigação de morte de motorista da Uber

Dois dias após o assassinato do motorista da Uber, Guilherme e Silva Maia, de 22 anos, morto a tiros no último domingo, 23, o secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, recebeu na tarde desta terça-feira, 25, quatro representantes de um grupo de motoristas do aplicativo de transporte particular de passageiros.

Conforme a assessoria de comunicação da pasta, o encontro aconteceu depois que o grupo realizava uma manifestação em frente à sede da SSPDS, pela morte do motorista, no bairro Ancuri. Na pauta da reunião, André Costa garantiu empenho das forças policiais na investigação do crime. A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o homicídio.
De acordo com os primeiros levantamentos realizados no local do homicídio, Guilherme estava dirigindo um veículo modelo Fiat Siena prata, próximo ao residencial Alameda das Palmeiras, quando foi abordado por suspeitos que efetuaram diversos disparos de arma de fogo contra a vítima. A Polícia Civil apura as circunstâncias da morte do jovem.
Redação O POVO Online

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Aumento de impostos balança apoio a Temer

Até semana passada indicadores econômicos jogavam a favor do governo Michel Temer (PMDB). Mas a decisão de aumentar impostos PIS/Confis pendeu a balança contra o presidente a pouco mais de uma semana de ter sua denúncia votada no plenário da Câmara dos Deputados. 
Parte dos aliados defende que a medida foi um mal necessário. Outra ala, no entanto, criticou a resolução que considerou unilateral. No final do ano passado, com a base ainda sólida, Temer conseguiu aprovar a PEC do teto de gastos sob o argumento de equilibrar as contas e evitar a necessidade de aumento de carga tributária. O anúncio da elevação tributária chegou menos de oito meses depois da votação e desagradou.
“Foi feito no recesso parlamentar. O mais adequado seria o ministro ir a Câmara explicar, mostrar os números e a real necessidade. Com certeza causa um mal estar. Diante do momento da votação do dia 02 não sei se tem impacto direto, mas com certeza causa desconforto”, diz um dos vice-líderes do governo na Câmara, Domingos Neto (PSD).
O setor econômico iniciou as críticas do que pode vir a ser uma bola de neve. Com o aumento nos combustíveis, há chance de inflação geral de produtos que dependem de transporte rodoviário. No parlamento, aliados de outrora criticam a falta de comunicação do governo com a base, que está em recesso.
Doimingos Neto afirma ainda que a bancada de seu partido, que configura o Centrão, não ficou satisfeita com a mudança. Ele argumenta que cortes seriam mais apropriados para equilibrar as contas.
O aumento tributário também ecoou no Senado. “O governo superestimou as receitas para atender grandes corporações, aumentou a liberação de emendas parlamentares diante da uma denúncia em votação na Câmara dos Deputados e, na sequência, dobra o valor do PIS/Cofins sobre os combustíveis”, disse o senador Ronaldo Caiado (GO), do DEM, partido da base que apoiou o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT).
Para os mais fiéis aliados, como o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), foram os entreves às reformas tributária e previdenciária que causaram essa situação. “O resultado é esse aumento de impostos não desejado, mas necessário”, avaliou.
Para o deputado Danilo Forte (PSB), a alta de imposto ainda é uma tentativa de cobrir rombos deixados pelo governo Dilma. “Não tinha outra alternativa senão esse aumento nos combustíveis que felizmente estavam com preços em queda”, afirma.
Na visão do oposicionista José Guimarães (PT-CE), o governo não conseguirá honrar a promessa de retomar o crescimento. “Se os deputados no dia 2 de agosto votarem pela não aceitação (da denúncia) vão dar um tiro no pé”, afirma.

Saiba mais
PEC do teto de gastos
A emenda que evitaria o aumento tributário estabelece que os gastos públicos terão aumento limitado ao reajuste da inflação durante 20 anos, ou seja, não vão ter crescimento real. A regra poderá ser revista após dez anos. As regras estabelecidas pela PEC valem para os três Poderes, além do MPU, da Defensoria Pública da União e do Tribunal de Contas da União. Todos esses órgãos terão que limitar seus gastos seguindo o mesmo critério da variação inflacionária do ano anterior. Para essas áreas não são estabelecidos tetos, mas pisos. O gasto será de 15% da receita líquida para a saúde e de 18% da arrecadação com impostos para a educação. Pela regra, elas devem crescer pelo menos o equivalente à inflação ou até mais, desde que outras áreas sofram cortes. CPMF
Aliados que defendem o aumento tributário lembram que barraram a volta da CPMF ainda no governo Dilma. Eles argumentam que a intenção de Temer nunca foi gerar elevação na carga e que, se ele fez, foi porque não havia outra solução para superar o rombo nas contas. 
ISABEL FILGUEIRAS

Seu Jorge é vítima de ataque racista

O cantor Seu Jorge foi alvo de um ataque racista em seu perfil no Instagram. Durante uma transmissão ao vivo do artista, um internauta identificado como @hduartescp se referiu a ele como “preto de merda” e disse que “o mundo está infestado de pretos”. Seu Jorge reagiu aos comentários, postando as ofensas na rede social na madrugada deste domingo.
“Esse cara aqui @hduartescp entrou na minha transmissão ao vivo pra destilar o seu venenoso racismo contra minha pessoa me ofendendo de graça sem eu nunca tê-lo visto em toda minha vida! O que vcs acham que eu devo fazer a respeito desse assunto? Alguma sugestão? Só não vale o famoso deixa pra lá!”, questionou a seus seguidores.
O cantor foi incentivado pelos fãs a denunciar o episódio. “Tem que denunciar, buscar seus direitos e mostrar pra seres ‘humanos’ como esses que eles não ficarão impunes e que estão cometendo crime e têm que ser responsabilizados”, disse a internauta @millarecife.
Em um diálogo durante a mesma transmissão, o agressor responde com outra frase racista: “Foda-se. O mundo está infestado de pretos”. Seu Jorge se mostrou indignado e chamou a atenção para o comentário na rede social.
“Mais uma do mocinho @hduartescp pra não dizer depois que nós os negros somos paranoicos e cheios de mimimi!! Esta aí pra todo mundo ver, e olha que ele conseguiu fazer isso a mais de 10.000 km de distância... imagina como deve ser na vizinhança dele, na escola, com os empregados dele no futuro...”, escreveu.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do cantor para saber se ele fará uma denúncia, mas ainda não obteve retorno. (Ag. Estado)

Devoção no último dia de Halleluya

O público presente no último dia do Festival Halleluya 2017, no Condomínio Espiritual Uirapuru, no Castelão, era diversificado. A maioria das pessoas presentes no encerramento do evento era composta por jovens. Mas, homens e mulheres de todas as idades tinham, no olhar, nos gestos de louvor e de agradecimento, a empolgação e atitude de quem tinha começado a vida há, no máximo, 20 anos.
Era o caso do casal Rosane Menezes, 29, dona de casa, e César Maurício, 29, assistente administrativo. Os dois viajaram 870 quilômetros da cidade de Guaranhuns, em Pernambuco, para Fortaleza com o filho Isaac, de seis meses, com objetivo de participar do festival.
Eles armaram barraca para deixar mais confortável a criança e, entre um cochilo ou outro do menino, cantavam e vibravam. “O momento das adorações é lindo demais. É a primeira vez que a gente vem, mas vamos voltar agora todos os anos”, garante César.
A missa foi presidida pelo arcebispo auxiliar de Fortaleza, dom Rosalvo Cordeiro de Lima. Na homilia (explicação à leitura bíblica do Evangelho), dom Rosalvo destacou que separar o joio do trigo, o bem do mal, é um exercício para todo cristão. “Nós temos de tomar isso como dever diário para a santidade”, pregou.
O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) contabilizou, até a noite de sábado, 22, 715 bolsas de sangue doadas nos quatro primeiros dias do evento, desde a quarta-feira. O balanço do domingo só será divulgado hoje.
A estudante de Nutrição Karina Sousa, 20, participa do quarto Halleluya, mas era a primeira vez que fazia parte do “ato de amor”, como ela diz, que é a doação de sangue. “Muita gente precisa e não me custa nada”, partilha. (Angélica Feitosa)

É preciso saber economizar combustível

O consumidor não vai ter como fugir dos aumentos dos combustíveis, em vigor desde o último sábado. Além de arcar com o valor mais alto da gasolina, que não é pouco e vai pesar no bolso, sentirá a elevação dos preços dos alimentos e transporte, em geral, como reflexo da subida do diesel. Para aliviar, só mesmo buscando formas de economizar na locomoção.
O presidente do Conselho Regional de Economia no Ceará (Corecon-CE), Lauro Chaves, destaca que o combustível é um dos principais itens de custos tanto individual quanto para grande parte das famílias. Como dicas de economizar ele sugere planejar adequadamente os roteiros a serem seguidos, evitando desperdício de quilometragem e sempre que possível usar o compartilhamento de transporte com familiares, amigos e companheiros de trabalho. “Pena que a violência de hoje tenha acabado com qualquer chance de uso da carona amiga”, comenta, recomendando também usar o transporte coletivo.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e educador financeiro DSOP, Ricardo Abel, cita várias dicas simples que sendo obedecidas provocam uma redução significativa nos gastos. “É uma questão de hábito e disciplina”, ressalta, acrescentando que para começar é preciso fazer uma análise da real necessidade de fazer tudo com o carro. “Ir para alguns locais próximos de casa a pé, além de ser saudável, pode gerar boa economia”. Ele também defende a alternância de uso do carro com o ônibus e metrô (nos casos onde é possível) para ajudar na redução das despesas com transporte.
Para as famílias que têm mais de um veículo, o professor de economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Paulo Matos, também recomenda a sincronia de horários de uma família para, assim, fazer uso de um único carro. No caso dos que possuem apenas um veículo, carro ou moto, ele não vê outra alternativa a não ser sacrificar o lazer.
“Ou optar sair para locais mais próximos de casa”, diz.
Paulo Matos diz que se deslocar via transporte público traz uma economia grande. “Mas o problema é o tempo que se gasta e a falta de segurança pública”, afirma, ressaltando que sociedade rica é aquela onde as pessoas podem se deslocar com segurança. Entende que andar de bicicleta e caminhar também seriam opções saudáveis e interessantes, mas também implica na dificuldade de ter que enfrentar a insegurança. No caso de usar táxi ou Uber considera boas alternativas, mas observa que os preços desses serviços ainda vão subir em função do aumento dos combustíveis.

Saiba mais

O governo elevou o PIS/Cofins sobre a gasolina de R$ 0,38 para R,79 por litro, na última quinta-feira (20/7). No caso do etanol hidratado, a alíquota passou de R,12 para R,32 por litro, sendo R$ 0,13 para o produtor e R,19 para o distribuidor
Em nota divulgada no último sábado (22/7) , sobre o aumento do PIS/Cofins dos combustíveis, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) criticou a decisão do governo. A Unica disse entender que cumprir as metas orçamentárias foi o único objetivo da decisão de elevar as alíquotas de PIS/Cofins para a gasolina, diesel e etanol hidratado até o teto previsto em Lei
Por fim, “a Unica lamenta essa estratégia de aumento da arrecadação que, novamente, afeta negativamente o setor Sucroenergético. Depois de amargar seis anos de controle e preços da gasolina e de desoneração tributária desse combustível em relação ao etanol hidratado, o setor é induzido a pagar novamente a conta seja porque sofreu aumento de carga tributária e redução de competitividade. Perdemos uma excelente oportunidade de resgatar uma política pública de caráter ambiental”,diz a nota.
Além do aumento do imposto PIS/Cofins, a Petrobras anunciou na última sexta aumentos de 0,2% nos preços do diesel e de 1,4% na gasolina vendida nas refinarias. Os reajustes começaram a valer desde o último sábado,22.

Novo Código Penal pode rever delação e prisão preventiva

No debate sobre o novo Código de Processo Penal (CPP) na Câmara, deputados discutem mudanças nas regras de delações premiadas, prisão preventiva e condução coercitiva, além da revogação do entendimento de que as penas podem começar a ser cumpridas após a condenação em 2ª instância. As medidas ganharam destaque durante investigações da Lava Jato e costumam ser alvo de críticas dos parlamentares.
Atualmente, a delação premiada é regulada pela lei de organizações criminosas, de 2013. Dos artigos que constam no atual código, a prisão preventiva não tem duração determinada e a condução coercitiva não prevê punição em caso de uso abusivo.
Pelo cronograma estabelecido pela comissão especial que discute o tema, o relator João Campos (PRB-GO) deve entregar o seu parecer ainda em agosto. Com isso, o projeto pode ser votado até outubro no plenário da Câmara. O texto final será resultado de outros cinco relatórios parciais já apresentados.
A reforma no CPP, que é de 1941, teve início no Senado e foi aprovada em 2010. Na Câmara, ficou esquecida até o ano passado e foi desengavetada durante a presidência do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo da Lava Jato. O peemedebista teve a prisão preventiva decretada em outubro de 2016 e está atualmente em Curitiba.
Presidente da comissão que discute o CPP na Casa, o deputado Danilo Forte (PSB-CE) tem defendido alterações nos acordos de delações premiadas e na aplicação da condução coercitiva. Esses pontos estão em discussão, mas ainda não foram sistematizados em um relatório.
Forte discorda do fato de uma pessoa presa poder fechar acordos de delação premiada e defende que hoje há um poder excessivo concentrado nas mãos do MPF. Para ele, o juiz deveria acompanhar toda a negociação entre o Ministério Público e o delator, e não apenas ter acesso ao acordo no final do processo. Aliado de Temer, ele faz críticas ao acordo fechado com os irmãos Joesley e Wesley Batista e diz que o perdão da pena concedido a eles pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi excessivo.
Forte também considera que é preciso prever punições para quem desrespeitar as regras da condução coercitiva, que deve ser colocada em prática somente se uma pessoa se negar a prestar depoimento.
“Virou uma pré-punição”, disse, se referindo ao constrangimento causado pela exposição pública de “pessoas que não se negariam a ir prestar esclarecimentos”.
Prisões
Um dos relatórios parciais já apresentados trata sobre a questão das prisões preventivas. Elaborado pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP) com a ajuda de advogados, juristas e professores de Direito, o texto propõe que haja um prazo de duração. Apesar de alguns integrantes da comissão defenderem um tempo menor, o deputado manteve a proposta inicialmente aprovada pelos senadores em 2010, que estabelece que esse tipo de prisão pode durar no máximo 180 dias (seis meses).
No texto, Teixeira sugere também que o novo CPP deixe explícito que o instrumento “jamais” possa ser utilizado como “forma de antecipação da pena” e afirma que o “clamor público não justifica, por si só, a decretação da prisão preventiva”.
O relatório prevê ainda a “proteção da imagem do preso” e a punição das autoridades que deixarem uma pessoa ser fotografada ou filmada pela imprensa durante o momento em que é levada à cadeia. “Não se está, aqui, a regular ou restringir a atividade jornalística. Longe disso.
Antes, busca-se responsabilizar as autoridades”, diz o texto. (das agências)


Saiba mais
Prisão em 2ª instância
Em outra frente, o relatório da reforma do Código Penal brasileiro também modifica o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à aplicação de penas após a condenação de réus em segunda instância. Para Teixeira, isso só deveria acontecer após o chamado trânsito em julgado, isto é, após se esgotar todos os recursos disponíveis ao réu.
Pontos polêmicos
Esses pontos, no entanto, não são consenso entre os membros da comissão. Para João Campos, que também foi relator da Lei das Organizações Criminosas, que disciplinou a delação premiada, não há porque incluir mudanças relativas às delações premiadas no texto novo do Código de Processo Penal. "É uma lei recente, de 2013, e o instituto da delação premiada vem dando certo", disse.

Pelos renasceres do semiárido

Depois de cinco anos consecutivos de seca, 2012 a 2016, e mais um 2017 com chuvas abaixo do suficiente, o Semiárido nordestino dá sinais de resistência. Não são imagináveis os dias na estiagem insistente. Mas perdura no movimento de personagens e de instituições a crença no território, e em seus habitantes, um lugar de ainda dar flor.
O POVO foi ver o que resiste e se refaz, mesmo na estiagem de desesperançar. Um Geopark Cariri, invenção internacional de dez anos de existência por aqui. Credenciado pela Unesco e persistente no sentimento de terra possível. Da Pré-História cravada no fóssil ou no ciclo moderno do couro e do imaterial da oralidade.
Num projeto Sertão Transviado, descortinado por um novo habitante do Cariri e reverberado pela Universidade. Imaginar, em terra tão machista e firmada na religiosidade, atuações reais de Tica. Uma transexual, Rainha de um Reisado, que se expande para além do gênero e revoluciona a tradição.
Em Crateús, no torrão do Inhamuns, a perseverança em reflorestar a Caatinga chagada pelo desmatamento, queimadas, crescimento desordenado das cidades, pela falta de chuvas regulares...
Uma abelha endêmica do Semiárido, a jandaíra quase extinta, puxa o esforço da Associação Caatinga – guardiã da Reserva Serra das Almas. Para preservar e expandir o que há de mata cinza no interior dos mais de 6 mil hectares de floresta, a necessidade de replantar e mudar o modo de viver do entorno. A condição para ter mel - alimento para cada família e mais perspectiva na seca – é fazer nascer flor de jucá, moringa, ipê, ingazeira... A jandaíra só volta a refazer o Semiárido se for assim. Mata e flor em abundância.
Reflorestar também está na questão em Catunda, ainda no Inhamuns. Projeto financiado pelo BNB que viu no replantio de sabiás, a cultura para cicatrizar a terra degradada e fazê-la fértil novamente. É um começo, mas há esperança.
Ingazeira também é a melhor sombra para fazer renascer o café do Maciço de Baturité. Não para produção em grande escala, como foi há 100 anos e gerou moeda. Mas para reconstruir a Rota do Café e oferecer memória, convivência, história e turismo ressimbolizado.
O POVO vai compartilhar mais esses novos encontros com o Semiárido, em constante movimento, renasceres e transformação.
DEMITRI TÚLIO
REPÓRTER ESPECIAL

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Entenda a Reforma Trabalhista

A reforma trabalhista está causando polêmica. Uns defendem que ela representa avanço e atualização nas relações entre patrões e empregado, enquanto outros a consideram como um retrocesso que agride a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Entenda o que de fato muda na vida do trabalhador, a partir de novembro.
O que não pode ser alterado
APESAR DE a reforma trabalhista modificar uma série de pontos, o texto define que determinados direitos adquiridos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), não podem ser alterados ou suprimidos por convenção coletiva.
DENTRE ELES estão normas de segurança (uso de EPIs), saúde ou higiene do trabalho, FGTS, 13º salário, seguro-desemprego e salário-família. Também ficam de fora licença-maternidade de 120 dias, adicional de hora-extra e aviso prévio proporcional ao tempo de serviço. Esses direitos estão garantidos mesmo após novembro.
OUTROS PONTOS SÃO: a proteção do mercado de trabalho da mulher – tendo como exemplo a estabilidade de emprego para gestantes, que não podem ser demitidas por até cinco meses após o parto; licença paternidade; proibição do trabalho noturno para menores de 18 anos; descontos e tributos relativos ao trabalho, como INSS e Imposto de Renda (IR) e proteção ao salário (onde o patrão não pode reter o salário do empregado por má-fé).

O que muda a partir de novembro
ACORDOS E LEIS
Convenções e acordos coletivos poderão prevalecer sobre a legislação. Sindicatos e empresas podem negociar condições de trabalho diferentes das previstas em lei.
Em negociações sobre redução de salários ou de jornada, deverá haver cláusula prevendo a proteção dos empregados contra demissão durante o prazo de vigência ou prever contrapartidas para um item negociado.
JORNADA DE TRABALHO
A proposta da reforma permite acordar jornadas de até 12 horas de trabalho com 36 horas de descanso. A proposta altera este ponto para que a jornada seja fixada em acordo coletivo e não individual. Hoje, a jornada é limitada a 8 horas diárias, 44 horas semanais e 220 horas mensais, com possibilidade de até 2 horas extras por dia. Assim sendo, No caso do trabalho parcial, a legislação atual prevê jornada máxima de 25 horas por semana. A nova regra cria a opções de contrato de até 30 horas semanais, sem horas extras, ou até 26 horas semanais, com até 6 horas extras.
BANCO DE HORAS
A criação do banco de horas existe, mas só pode ser definida por convenção coletiva ou acordo na legislação atual. A reforma altera essa medida. Empregador e funcionário podem negociar a modalidade mediante acordo individual. Caso não seja compensado em seis meses o banco de horas, elas terão de ser pagas como extras, além de um adicional de 50% do valor.
TRABALHO INTERMITENTE
A nova regra cria o chamado trabalho intermitente, que permite a contratação sem horários fixos de trabalho. Eles ganham de acordo com o tempo que trabalham. O profissional é convocado mediante a demanda, com antecedência mínima de três dias. Em suma, se ele for chamado pelo patrão para trabalhar 5 horas por mês, recebe apenas essas 5 horas. Se não for chamado, não recebe nada. O trabalhador terá direito a pagamento proporcional de férias, FGTS, INSS e 13º salário.
TRABALHO HOME OFFICE
A reforma também regulamenta o trabalho à distância, sem a necessidade de o empregado permanecer na empresa. Entre outras medidas, o serviço home office deve constar no contrato de trabalho – bem como as atividades desempenhadas pelo empregado. O contrato também precisa estipular a responsabilidade pelos custos de manutenção e do material usado no trabalho – se será o empregado ou patrão.
HORÁRIO DE ALMOÇO/DESCANSO
Hoje o trabalhador tem direito a um intervalo para descanso ou alimentação de uma a duas horas para a jornada padrão de oito horas diárias. Pela nova regra, o intervalo deve ter, no mínimo, meia hora, mas pode ser negociado entre empregado e empresa. Se esse intervalo mínimo não for concedido, ou for concedido parcialmente, o funcionário terá direito a indenização no valor de 50% da hora normal de trabalho sobre o tempo não concedido.
FÉRIAS
Passam a ser parceladas em até três vezes. A maior fatia precisa ter no mínimo 14 dias, e as menores não podem ficar abaixo de 5 dias. Hoje, o período de férias só pode ser dividido em dois períodos, sendo que um deles não pode ser inferior a 10 dias.
FERIADOS
Também será possível determinar a troca do dia do feriado. Um feriado na sexta-feira, por exemplo, pode ser remanejado para segunda-feira.
GESTANTE E LACTANTE
A reforma trabalhista prevê a possibilidade de grávidas e lactantes trabalharem em locais insalubres, mas desde que em grau mínimo ou médio. Se for grau máximo, ela continua impedida pela nova regra. Atualmente elas não podem trabalhar, sob hipótese alguma podem permanecer em ambientes de trabalho insalubre.
DEMISSÃO JUSTA CAUSA
A cassação de registros profissionais ou de requisitos para exercer a profissão passa a configurar como possibilidade de demissão por justa causa. É o caso, por exemplo, de um motorista profissional que tem sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) cassada, ou um médico que teve seu CRM inviabilizado.
DANOS MORAIS
A indenização a ser paga em caso de acidente, por exemplo, passa a ser calculada de acordo com o valor do salário do funcionário. Aquele com salário maior terá direito a uma indenização maior. Em caso de reincidência (quando o mesmo funcionário sofre novamente o dano), a indenização passa ser cobrada em dobro.
CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
A reforma prevê o fim do imposto sindical obrigatório, fonte de renda para diversos sindicatos no Brasil. Pela legislação atual, o valor da remuneração de um dia de trabalho é descontado uma vez ao ano de todos os trabalhadores inscritos sob a legislação da CLT.
AUTÔNOMO EXCLUSIVO
Não havia menção na CLT ao autônomo exclusivo. Com a nova regra, a partir de novembro, a figura do profissional é criada. Assim, o autônomo poderá prestar serviços para um único empregador de forma contínua e sem vínculo.
RESCISÃO
A rescisão do contrato de trabalho de mais de um ano só é considerada válida, segundo a CLT, se homologada pelo sindicato ou autoridade do Ministério do Trabalho. A nova regra revoga essa condição. Também passa ser permitida a rescisão de contrato de trabalho quando há “comum acordo” entre a empresa e o funcionário. Nesse caso, o trabalhador tem direito a receber metade do valor do aviso prévio, de acordo com o montante do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), até o máximo de 80%, mas não recebe o seguro-desemprego.
TERCEIRIZAÇÃO
Pela nova regra, o trabalhador efetivado contará com algumas salvaguardas, como uma quarentena de 18 meses que impede que a empresa o demita para recontratá-lo como terceirizado. O terceirizado também deverá ter as mesmas condições de trabalho dos efetivos, como atendimento em ambulatório, alimentação, segurança, transporte, capacitação e qualidade de equipamentos. Em março, Temer sancionou lei, ampliando a possibilidade de terceirização para qualquer atividade exercida pelas empresas.
AÇÕES NA JUSTIÇA
O trabalhador será obrigado a comparecer às audiências na Justiça do Trabalho e, se perder a ação, arcar com as custas do processo. Para os honorários de sucumbência, devidos aos advogados da parte vencedora, quem perder a causa terá de pagar entre 5% e 15% do valor da sentença. A nova regra também altera o acesso à justiça gratuita. A partir do novembro, ela pode ser acionada pelos que recebem menos de 40% do teto do INSS e a quem comprovar que não possui recursos. Hoje a justiça gratuita só pode ser procurada por quem recebe menos de dois salários mínimos ou declarar não ter condições.
Possíveis brechas da lei
A LEGISLAÇÃO que entrará em vigor em novembro pode prejudicar os sindicatos. Em suma, o pagamento do imposto sindical obrigatório enfraquece as organizações. “É verdade que existem sindicatos que não atuam pelo trabalhador, mas existem muitos que lutam pela classe e são representativos. Para eles, o funcionamento está comprometido. Assim, com o eventual fechamento, uma massa trabalhadora poderá ficar desassistida”, considera o economista Fernando Aquino, do Conselho Federal de Economia (Cofecon).
ELE TAMBÉM questiona o fato de o que for negociado prevalecer sobre o legislado, especialmente para trabalhadores de baixa instrução. “A reforma não manteve a proteção adequada para os trabalhadores com qualificação baixa. Os patrões podem agir de forma a “capturar” os sindicatos, obrigando-os, muitas vezes, a acordos desvantajosos”, avalia.

SOBRE GESTANTES e lactantes trabalharem em ambientes insalubres, as novas regras devem comprometer a qualidade do trabalho. “O controle será menor. Trará damos à saúde do trabalhador. Não será espantoso se tivermos um aumento considerável no número de afastamentos”, explica.
O ADVOGADO Thiago Albuquerque, presidente do Núcleo de Pesquisa em Trabalho e Seguridade Social (Nuseg), destaca como prejudicial a mudança na norma com relação às horas in itineres (deslocamento). “Um trabalhador que mora no Eusébio e é funcionário de uma empresa em Fortaleza, por exemplo, não será mais coberto em caso ocorra um acidente de trabalho nesse trajeto. Se não for considerado, não receberá pelo INSS e perde a estabilidade de 12 meses”, critica.

A CASSAÇÃO do registro profissional ou de requisitos para exercer a profissão também precisa ser analisada com cautela. “Se o profissional possuir alguma falha corrigível em seu registro profissional, as empresas podem usar a nova regra como instrumento de demissão indireta. Assim o patrão ficaria desobrigado a pagar rescisões e regras indenizatórias”, finaliza.

ÁTILA VARELA