sexta-feira, 28 de julho de 2017

Em meio a crise, Temer pressiona tucanos

No auge de sua rejeição popular, o governo de Michel Temer (PMDB) parece ter deixado de lado a lua de mel com o principal aliado, o PSDB.
Um dia antes de o Ibope divulgar levantamento encomendado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) no qual Temer tem apoio de apenas 5% e é rejeitado por 70% dos entrevistados, o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Darcísio Perondi (PMDB-RS), deu um ultimato aos tucanos: ou apoiam o governo ou entregam os cargos.
“Ou o partido está com o governo, está com a proposta de um novo Brasil, um governo reformista. E quem não votar com o Brasil, indo contra a orientação do seu partido, deve sair. E se não sair, vai ser ‘saído’”, disse. Os números da pesquisa apontam o índice mais baixo da série histórica do instituto, iniciada em 1986.
O deputado Geraldo Resende (PSDB-MS) reagiu às declarações do peemedebista e defendeu a independência do partido em relação à votação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Michel Temer por corrupção passiva.
Necessitando de 172 votos para derrotar em plenário a acusação, Temer tem se distanciado cada vez mais do PSDB, que possui a terceira maior bancada da Casa, com 46 parlamentares.
"Eu acho que o Perondi, com todo o respeito, precisa cuidar dos votos do PMDB e deixar o PSDB cuidando dos seus. No nosso partido, estamos contando com a liberação da bancada para cada um votar com a sua consciência", disse Resende.
Sobre os cargos, o discurso é de pouco apego. "Não temos esse apego com cargos. Já há gente no partido que pleiteia a entrega dos cargos... E não é o Perondi que vai fazer a condução desse processo", alfinetou.
Mantendo o discurso da independência em relação ao governo, o deputado Caio Narcio (PSDB-MG) disse que "o PSDB não é boi de carro para andar tocado". Segundo ele, "o PSDB não está com o governo em troca de cargos. Ele está para ajudar o País a sair da crise”.
Com uma linha mais conciliadora, o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB) recorreu à máxima “ruim com ele (Temer), pior sem ele”. “Temer saindo, a oposição vai garantir a aprovação das reformas? A situação é grave. O PSDB tem responsabilidade com o País”, disse. O cearense acredita que 26 dos 46 nomes da sigla devem votar contra o Planalto na próxima semana. (com agências)

WAGNER MENDES

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