segunda-feira, 24 de julho de 2017

Pelos renasceres do semiárido

Depois de cinco anos consecutivos de seca, 2012 a 2016, e mais um 2017 com chuvas abaixo do suficiente, o Semiárido nordestino dá sinais de resistência. Não são imagináveis os dias na estiagem insistente. Mas perdura no movimento de personagens e de instituições a crença no território, e em seus habitantes, um lugar de ainda dar flor.
O POVO foi ver o que resiste e se refaz, mesmo na estiagem de desesperançar. Um Geopark Cariri, invenção internacional de dez anos de existência por aqui. Credenciado pela Unesco e persistente no sentimento de terra possível. Da Pré-História cravada no fóssil ou no ciclo moderno do couro e do imaterial da oralidade.
Num projeto Sertão Transviado, descortinado por um novo habitante do Cariri e reverberado pela Universidade. Imaginar, em terra tão machista e firmada na religiosidade, atuações reais de Tica. Uma transexual, Rainha de um Reisado, que se expande para além do gênero e revoluciona a tradição.
Em Crateús, no torrão do Inhamuns, a perseverança em reflorestar a Caatinga chagada pelo desmatamento, queimadas, crescimento desordenado das cidades, pela falta de chuvas regulares...
Uma abelha endêmica do Semiárido, a jandaíra quase extinta, puxa o esforço da Associação Caatinga – guardiã da Reserva Serra das Almas. Para preservar e expandir o que há de mata cinza no interior dos mais de 6 mil hectares de floresta, a necessidade de replantar e mudar o modo de viver do entorno. A condição para ter mel - alimento para cada família e mais perspectiva na seca – é fazer nascer flor de jucá, moringa, ipê, ingazeira... A jandaíra só volta a refazer o Semiárido se for assim. Mata e flor em abundância.
Reflorestar também está na questão em Catunda, ainda no Inhamuns. Projeto financiado pelo BNB que viu no replantio de sabiás, a cultura para cicatrizar a terra degradada e fazê-la fértil novamente. É um começo, mas há esperança.
Ingazeira também é a melhor sombra para fazer renascer o café do Maciço de Baturité. Não para produção em grande escala, como foi há 100 anos e gerou moeda. Mas para reconstruir a Rota do Café e oferecer memória, convivência, história e turismo ressimbolizado.
O POVO vai compartilhar mais esses novos encontros com o Semiárido, em constante movimento, renasceres e transformação.
DEMITRI TÚLIO
REPÓRTER ESPECIAL

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