quinta-feira, 31 de janeiro de 2019
Lideranças cearenses se articulam em defesa do BNB
O silêncio do governo Bolsonaro em relação ao Banco do Nordeste (BNB) acendeu o sinal de alerta de lideranças cearenses. Embora ainda não haja oficialmente nenhuma proposta concreta da equipe econômica em relação à instituição, a recente declaração do secretário de Desestatização e Desinvestimentos, Salim Mattar, de que apenas Petrobras, Caixa Econômica e Banco do Brasil devem permanecer como estatais, aliada à demora na nomeação da nova diretoria do banco, reforça as especulações sobre o futuro dos bancos de desenvolvimento regional.
A preocupação é que tanto uma eventual privatização, extinção ou incorporação por instituições maiores como o Banco do Brasil ou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), necessariamente, impliquem riscos reais para o combate às desigualdades regionais.
Em 30 anos, somente com recursos do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE), gerido pelo BNB, foram investidos em torno de R$ 250 bilhões no Norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e no Nordeste. Metade destinada a mini, micro e pequenos empreendimentos.
"Seria uma irresponsabilidade grande acabar com um banco superavitário e que tem um caráter social gigantesco", afirmou o deputado federal eleito, Capitão Wagner (Pros-CE).
Ele disse que irá aproveitar a reunião da bancada com a equipe econômica sobre a reforma da Previdência, prevista para ocorrer na semana que vem, para também tratar do tema.
O assunto também deve pontuar o discurso de posse do deputado federal da oposição, José Guimarães (PT-CE). "Ainda vamos tomar posse, mas temos que reagir à altura de qualquer ameaça. A bancada do Nordeste, e não só do Ceará, não pode deixar que esta manobra aconteça, porque seria um atentado contra a Região que até pouco tempo foi ponta de lança do crescimento do País".
Ele reforça que os parlamentares podem ter um papel fundamental neste processo, principalmente, se a ideia do Governo for extinguir as instituições ou os fundos constitucionais, pois o processo teria que passar pelo Congresso.
O presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, diz que embora os empresários estejam otimistas quanto à assertividade das medidas econômicas do Governo, qualquer incerteza em relação ao papel do BNB será ponto de discordância. "Vamos resistir enquanto pudermos. Até porque hoje o crédito dos bancos regionais é o único contraponto que temos em termos de diferenciação ao Sul e Sudeste do País".
Números do BNB
Em 2018, o BNB registrou volume histórico de R$ 41,4 bilhões emprestados.
Deste total, R$ 30,3 bilhões foram contratados via FNE, e o restante pelas linhas de microcréditos Crediamigo (R$ 8,7 bilhões) e Agroamigo (R$ 2,4 bilhões). Alta de 56% em relação a 2017.
Com 72,6 mil operações, o Ceará foi o terceiro estado que mais recebeu recursos oriundos do banco. Atrás da Bahia e do Maranhão.
Pelo FNE, foram R$ 3,7 bilhões em 2018.
Para 2019, o orçamento previsto do FNE é de R$ 23,7 bilhões.
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
Preço do litro da gasolina é o menor em oito meses na Capital
Após beirar os R$ 5, o preço do litro da gasolina cai em Fortaleza. Levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra média de R$ 4,17 na Capital. No entanto, O POVO encontrou postos de combustíveis que já praticam valores a R$ 3,86, no bairro José Walter. O ápice dos valores foi observado em maio passado, quando o combustível chegou a R$ 4,89. A alta foi puxada pela greve dos caminhoneiros, que tornou o abastecimento escasso e refletiu nas bombas.
O preço continuou a oscilar nos últimos oito meses. Ocorre que, em julho de 2017, a Petrobras implementou uma política dando mais elasticidade à aplicação do reajuste. A margem podia ser modificada diariamente de acordo com o câmbio e mercado externo. Somente em setembro de 2018 a estatal adotou o mecanismo hedge - que permite o congelamento do valor por 15 dias.
Segundo a ANP, o menor preço médio observado em Fortaleza foi de R$ 3,99 e o mais alto R$ 4,49. Já a média estadual é de R$ 4,24. Para o levantamento, foram pesquisados 101 postos na Capital e cerca de 220 em todo o Ceará, entre os dias 20 e 26 de janeiro. A precificação está menor do que a registrada antes da paralisação dos caminhoneiros (R$ 4,59). Mas é possível encontrar cotações menores na Cidade.
Bruno Iughetti, consultor nas áreas de combustíveis e energia, explica que a política da estatal ajudará a equilibrar as variações. "É um colchão que a Petrobras aplica no sentido de minimizar os impactos do diesel quando o petróleo internacional está alto e ocorre variação cambial", analisa. Ele destaca que a política viabiliza uma condição de negociação com mercado internacional. Para hoje, a empresa anunciou que mantém inalterado o preço médio do litro da gasolina sem tributo nas refinarias em R$ 1,5104. Também não há acréscimo na cifra do diesel (R$ 1,9998).
Iughetti acredita que a tendência é que os valores não apresentem mais grandes flutuações. "Vamos passar a ter um hiato que beneficia o consumidor final e oferece uma previsibilidade no mercado futuro", avalia.
O técnico em edificações Daniel Holanda, 26, conta que desembolsava R$ 220 por semana para abastecer o tanque do carro. Ele foi um dos que encararam a fila do Posto Tetra (avenida Radialista João Ramos, 1260), no bairro José Walter, onde o litro da gasolina era vendido a R$ 3,86 na tarde de ontem. "Vou pagar R$ 173. É um alívio", comemora a redução de 23%. Do outro lado da avenida, o posto Castelo também cobra R$ 3,86. Também há variações de R$ 4,09 a R$ 4,17 no bairro.
O mesmo valor de R$ 4,17 é praticado no posto Maral, no Montese (rua da Saudade, 240). Na avenida Luciano Carneiro, no Vila União, o estabelecimento Shell cobra R$ 4,09. No Bairro de Fátima (rua Felino Barroso, 52), o litro também custa R$ 4,09 no Petrocar.
Para Paulo Sérgio Pereira, vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE), os preços encontrados no José Walter são resultado da expansão do mercado na região. "Houve muitos postos inaugurando com promoções e os outros da área tendem a acompanhar", explica.
Paulo destaca que o valor é o menor observado nos últimos oito meses.
"Porém, a gasolina é um produto muito elástico e tem uma diferença muito rápida", pondera. Os estabelecimentos têm liberdade para precificar como consideram vantajoso desde 2002. Os números na bomba, portanto, variam de acordo com a empresa, estoque e estrutura. Para economizar, o consumidor deve pesquisar os locais com melhores ofertas.
DIESEL
O Governo Federal estendeu até abril a apuração e a liquidação de créditos e débitos existentes entre a União e os beneficiários ao final da subvenção econômica para a comercialização do óleo diesel rodoviário.
Mourão cogita afastamento de diretores da Vale
O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, afirmou ontem que o gabinete de crise do Governo Federal estuda a possibilidade de a diretoria da mineradora Vale ser afastada de suas funções durante as investigações sobre o desastre que aconteceu na sexta-feira passada em Brumadinho.
"Vamos aguardar quais são as linhas de atuação que eles estão levantando", disse a jornalistas ao deixar o Palácio do Planalto. Mourão, no entanto, admitiu não saber se o grupo pode fazer tal recomendação. "Tenho que estudar, não tenho certeza", afirmou.
O gabinete de crise se reuniu na manhã de ontem. Participaram da reunião os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, de Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, de Minas e Energia, Almirante Bento, e de Defesa, Fernando Azevedo.
O governo, porém, não tem poder para destituir diretores na empresa, mesmo tendo uma "golden share" (ação especial que dá direito a, por exemplo, vetar alterações no nome ou mudança de sede da empresa). A decisão teria de ser tomada pelos acionistas Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), Bradespar (braço de investimentos do Bradesco) e a japonesa Mitsui. Previ e Bradespar não comentaram o assunto.
Mourão defendeu uma punição rigorosa para os culpados, inclusive criminalmente. "Primeiro a punição que dói no bolso, que já está sendo aplicada; e segundo, se houve imperícia, imprudência ou negligência por parte de alguém dentro da empresa, essa pessoa tem que responder criminalmente. Afinal de contas, quantas vidas foram perdidas nisso daí?", disse.
O número de mortos após o rompimento da barragem da Vale subiu para 65, segundo o boletim da Defesa Civil de Minas Gerais divulgado na noite de ontem. Dos 65 mortos, 31 foram identificados. O órgão informou que há 279 pessoas desaparecidas e 386 foram localizadas, entre funcionários da Vale e moradores da região. Há ainda 135 desabrigados. Segundo a Defesa Civil, foram resgatadas com vida 192 pessoas.
Ontem, no primeiro dia de mercado financeiro aberto após a tragédia, a Vale foi fortemente castigada na Bolsa. As ações da mineradora fecharam em queda de 24,5%, e a empresa perdeu nada menos que R$ 71 bilhões em valor de mercado (foi de R$ 289,7 bilhões na quinta-feira para R$ 218,7 bilhões ontem). Mas a pressão em cima da companhia não veio só do mercado financeiro. Cresce cada vez mais o cerco sobre a mineradora, com praticamente toda a sociedade cobrando uma punição exemplar.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também se pronunciou: "É preciso responsabilizar severamente, do ponto de vista indenizatório, a empresa que deu causa a esse desastre e promover também a punição penal".
No lado financeiro, a Vale já viu a Justiça bloquear mais de R$ 12 bilhões de seu caixa para garantir o pagamento de indenizações com a tragédia. O diretor financeiro da Vale, Luciano Siani, anunciou ontem a doação de R$ 100 mil para cada família das vítimas fatais e desaparecidos. Ele esclareceu que o dinheiro será doado para "aliviar os problemas de curto prazo" dos atingidos e não será contabilizado como indenização.
(das agências)
Números
279 pessoas estão desaparecidas, de acordo com a Defesa Civil de Minas Gerais
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
Como Mariana ajuda a explicar Brumadinho
Três anos, dois meses e vinte e dois dias separam o rompimento da barragem do Fundão, no município de Mariana, de quando uma das quatro barragens da Mina Feijão, do município de Brumadinho, se rompeu. Ambas as cidades em Minas Gerais, separadas por 149 quilômetros, e as duas de responsabilidade da mineradora Vale.
Contudo, esse intervalo de tempo parece não ter sido suficiente para que fossem tomadas as medidas necessárias não apenas para evitar um novo desastre ambiental dessa envergadura, como minimizar os impactos da tragédia anterior. "Aquilo era para ser um grande alerta, mas não foi. Não tomaram a lição ainda", resume Sérgio Bezerra, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e que realiza estudos sobre os impactos Ambientais causados após o desastre em Mariana.
A impunidade dos responsáveis pelo crime ambiental em Mariana, além da flexibilização da legislação ambiental e um enfraquecimento na fiscalização, são fatores essenciais para entender porque a tragédia se repete. A aprendizagem com o incidente anterior não ocorreu, houve, por outro lado, recuo na proteção ao meio ambiente e negligência quanto aos riscos de futuros desastres.
"Esses acidentes são previsíveis desde que ocorra um monitoramento adequado", afirma o professor de Geografia da UFC, Jeovah Meireles. Contudo, a fiscalização de empreendimentos dessa natureza ainda é um entrave. "Os fiscais são perseguidos. O Estado tem como uma das atividades mais precárias justamente essa ação de fiscalização, principalmente no estado de Minas", critica. Um dos agravantes é que, em alguns casos, "a própria empresa faz o seu monitoramento e a sua fiscalização".
Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) permitem conclusão semelhante à de Meireles. O Relatório de Segurança de Barragens de 2017, publicado no ano passado, informa que o trabalho de fiscalização limitou-se a 211 vistorias, o que equivale a 27% das 790 barragens de rejeito espalhadas pelo País.
A carência dessa fiscalização une-se a um enfraquecimento da legislação ambiental. Em Minas Gerais, após o rompimento da barragem em Mariana, houve tentativa de aprovações projetos de endurecimento das leis ambientais, que foram rejeitados pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Em contraponto a isso, o secretário de Meio Ambiente do governo anterior, Germano Luiz Gomes Vieira, assinou em dezembro de 2017 norma que alterou os critérios de risco de algumas barragens, o que permitiu a redução das etapas de licenciamento ambiental no Estado. "(Há uma) Pressão política pela rapidez do licenciamento, elaborado em um conselho que tem interesses particulares e não leva em conta os laudos elaborados, porque fatalmente inviabilizaram essa estrutura', argumenta Meireles.
"É uma negligência não respeitar as normas com relação a estudos geotécnicos e geofísicos, porque existe uma proporção quando vai se fazer uma barreira de contenção dessas. Isso não é respeitado", concorda Sérgio Feitosa. Além disso, mesmo existindo "50 barragens com baixo nível de proteção, esses projetos continuam sendo licenciados, a expansão deles continua sendo aprovada. Inclusive, com essa flexibilização de normas ambientais", completa a professora de direito Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Talita Furtado.
O que favorece que casos como esses possam se repetir. "Não tomaram a lição ainda, pode ter certeza que ainda vão ocorrer novamente em outros lugares ou até lá mesmo", acredita Bezerra. "Vai ser como um dominó, vai gerando novos volumes, vai interferindo nos outros barramentos que estão adiante e que certamente não foram projetados para receber esse volume tão brusco diante de um colapso de uma barragem", resume Jeovah Meireles.
Com riscos do País voltar a lidar com tragédias como essa, a responsabilização pelos crimes ambientais cometidos, em Mariana e em Brumadinho, beira a inexistência. "De Mariana para cá o que a gente tem notícia é que não houve um processo de responsabilização da empresa", critica Talita Furtado. Existe ainda uma tentativa de patrimonializar as indenizações dos afetados pelo rompimento da barragem, "sem considerar toda a teia de relações sociais que é perdida, a memória, as vidas, as relações com o ambiente".
"(Isso) É irreparável, do ponto de vista financeiro, mas as empresas disputam essa lógica de tentar monetizar esses danos e portanto reduzi-los ao máximo possível", argumenta ela. "Existe uma altíssima assimetria social e econômica entre os executores do processo, a Vale, e as populações que foram impactadas pelo rompimento", completa Meireles.
Para Furtado, o caminho é a mudança para um modelo de desenvolvimento sustentável. "É preciso ainda fortalecer a informação, os órgãos ambientais e a política de proteção ambiental, o que não foi feito de mariana para cá e que não vem sendo feito nos últimos anos", defende.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
EUA retira parte da equipe diplomáticana Venezuela
Os Estados Unidos determinaram ontem que sua equipe diplomática considerada não essencial deixe a Venezuela, mas não cumpriu a retirada completa ordenada por Nicolás Maduro, quem Washington não reconhece mais como presidente. O departamento americano de Estado emitiu um "alerta de segurança" no qual determina a saída do pessoal diplomático não essencial e pede aos cidadãos americanos na Venezuela que "considerem seriamente" abandonar o país.
Na quarta-feira, Maduro rompeu relações com Washington e deu 72 horas de prazo para a saída dos diplomatas americanos do país, após o presidente americano, Donald Trump, apoiar a proclamação do líder opositor Juan Guaidó como chefe interino do Executivo, e qualificar de "ilegítimo" o líder chavista. O secretário americano de Estado, Mike Pompeo, declarou que Maduro não tem mais a "autoridade legal" para expulsar diplomatas.
Ontem, Pompeo advertiu que Maduro é responsável pela segurança dos diplomatas, destacando que "não há prioridade maior para o departamento de Estado que manter todas as pessoas" das missões diplomáticas "seguras".
Em reunião extraordinária do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) para analisar a crise na Venezuela, 16 países, entre os quais Brasil, Argentina, Canadá e Estados Unidos, se pronunciaram a favor de Juan Guaidó. O reconhecimento dele como presidente interino, porém, não teve consenso. Mais da metade dos membros, entre eles o México, pediu revisão do status jurídico da nomeação.
A sessão contou com a participação de Mike Pompeo. O secretário de Estado americano reiterou que "o tempo de discutir acabou" e que "o regime do ex-presidente Nicolás Maduro é ilegítimo". O Departamento de Estado anunciou que está preparando um pacote de ajuda de 20 milhões de dólares para a Venezuela para ser entregue "quando for possível logisticamente", em resposta a um pedido feito pela Assembleia Nacional, presidida por Guaidó.
"Reitero nossas ameaças a qualquer decisão dos elementos remanescentes do regime de Maduro sobre o uso da violência para reprimir uma transição política", alertou Pompeo.
O discurso de Pompeo foi interrompido pela ativista Medea Benjamin, da organização Code Pink, que ergueu um cartaz que dizia "OEA, não apoie um golpe de Estado na Venezuela", antes de ser retirada da sala.
O segundo mandato de Maduro, iniciado em 10 de janeiro, após eleições consideradas fraudulentas pela oposição, não foi reconhecido por grande parte da comunidade internacional. O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, cumprimentou na última quarta-feira Guaidó, quase imediatamente depois de ele se autoproclamar presidente interino da Venezuela.
A sessão na OEA foi convocada na terça-feira, antes da autoproclamação de Guaidó, a pedido das missões permanentes de Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos e Peru. A declaração dos países que apoiaram Guaidó pediu que se "garanta a segurança e a proteção do presidente encarregado, Juan Guaidó, e dos membros da Assembleia Nacional".
(AFP)
MILITARES
Nicolás Maduro teve reiterado o apoio das Forças Armadas, pilar de seu governo, tentando responder ao apoio internacional à proclamação de Juan Guaidó como presidente interino.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
Em discurso curto, Bolsonaro defende abertura econômica
A estreia do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, foi a primeira possibilidade de diálogo com diversos líderes da economia global. O discurso do presidente, no entanto, dividiu a opinião de especialistas, mas sinalizou para a abertura econômica e a busca de investimentos para o País.
Por um lado, Bolsonaro apontou para um caminho de cumprimento ao que vinha prometendo durante campanha. Por outro, foi considerado superficial ao defender o que chamou de "novo Brasil". Foram apenas seis dos 30 minutos disponíveis para explanação.
No que diz repeito à pauta econômica, Bolsonaro falou sobre estimular o empreendedorismo. "Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos. Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica, respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas", citou antes de afirmar, sem dar detalhes, que colocará "no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios". Ainda mencionou as reformas, mas sequer abrangeu a Previdência de forma específica.
Para Pio Penna Filho, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UNB), o discurso foi superficial e voltou atrás em questões anteriormente estabelecidas como a ambiental. Conforme ele, isso causa incerteza e desconfiança para comunidades internacionais.
Apesar de concordar com a falta de densidade, o economista Alcântara Macedo considera que foram minutos de um "discurso muito bem concatenado, com palavras bem postas, sem muitos adjetivos". "Ele falou nitidamente de um governo liberal, uma realidade de abertura da economia para o mercado internacional, ao mesmo tempo em que colocou a agenda de privatizações e a desburocratização".
O também economista Henrique Marinho considera que as pautas levantadas no discurso sinalizam para a política econômica liberal anunciada durante a campanha. Ele critica o que chama de incoerência de Bolsonaro ao falar sobre abertura econômica para todos os países, mas criticar as políticas de esquerda e sinalizar diálogo com países de visões mais à direita como Itália, Polônia, República Tcheca e Japão.
Osmar de Sá Ponte, cientista político, avaliou o discurso de Bolsonaro como "uma grande perda de oportunidade". "O governo poderia sair desse encontro com várias agendas marcadas, um presidente absolutamente liderando uma tração do capital internacional para o Brasil, uma alento para um fim da recessão que o Brasil atravessa, com possibilidade de emprego e resgate do crescimento econômico, que é o que o setor empresarial quer. Perdeu uma grande oportunidade de mostrar a que veio, qual o programa que defende, não de forma genérica, ideológica, mas num sentido programático".
Ex-presidentes
Michel Temer
Em 2018, o ex-presidente Michel Temer disse que trabalharia dia e noite pela aprovação da reforma da Previdência no Brasil, que ele pretendia aprovar ainda no ano passado. O então presidente citou também a queda da inflação. O discurso durou 30 minutos incluindo perguntas.
Dilma Roussef
A ex-presidente Dilma Rousseff compareceu ao Fórum em 2014 quando discursou por pouco mais de 32 minutos. A então chefe do executivo nacional reforçou o compromisso com o controle da inflação e ressaltou a importância da economia de países emergentes.
Lula
O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva participou três vezes da plenária de Davos. Nas duas primeiras vezes discursou sobre os esforços de combate à miséria e à fome. Em 2007,disse que avançaria nos investimentos em infraestrutura em busca de atrair o mercado internacional.
MINISTROS
Também foram a Favos o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebiano, Paulo Guedes (Economia), Sergio Moro (Justiça), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
ELE DISSE
CRISE. "Assumi o Brasil em uma profunda crise ética, moral e econômica. Temos o compromisso de mudar nossa história".
MINISTÉRIO. "Pela primeira vez no Brasil um presidente montou uma equipe de ministros qualificados. Honrando o compromisso de campanha, não aceitando ingerências político-partidárias".
REFORMAS. "Gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo espera de nós".
ABERTURA ECONÔMICA. "Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos. Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas".
MEIO AMBIENTE. "Somos o país que mais preserva o meio ambiente. (...) Nossa missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis".
terça-feira, 22 de janeiro de 2019
Bolsonaro chega a Davos e foca em atração de investimentos
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) quer aproveitar sua participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suiça, para atrair investimentos - em especial no agronegócio. Seu desembarque, ontem, que já provocou protestos desde o fim de semana, foi acompanhado de perto, tanto pela imprensa internacional quanto por investidores.
"Nós queremos mostrar, é nosso interesse especial, que o Brasil tomou medidas para que o mundo restabeleça confiança, que os negócios voltem a florescer entre o Brasil e o mundo, sem viés ideológico, que nós podemos ser um país bom para investimentos, e em especial para o agronegócio, nossas commodities mais caras. Queremos ampliar esse tipo de comércio. Por isso estamos aqui para mostrar que o Brasil mudou", declarou aos jornalistas em vídeo disponível em sua conta no Twitter, postado após sua chegada na Suíça.
Indagado por jornalistas, o presidente da República não quis antecipar encaminhamento do programa de privatizações. "A gente não vai anunciar particularidades no tocante a isso. A agenda está com nosso chefe da Economia, Paulo Guedes. Está bastante detalhado nesse sentido e ele vai anunciar a partir do momento que tiver certeza que faremos boas privatizações".
Bolsonaro ainda informou que o discurso que fará hoje, na abertura do fórum, será "curto, objetivo e claro". Segundo ele, o texto a ser lido feito e corrigido por vários ministros para que nós déssemos recado mais amplo possível do novo Brasil que se apresenta com a nossa chegada ao poder.
No fim de semana antes da chegada do presidente, protestos por parte de sindicatos suíços e ativistas em Lausanne e Berna levavam cartazes com a foto de Bolsonaro e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Nelas, um recado: "not welcome" ("Não são bem-vindos"). Eles também levaram uma faixa estampada com a frase "matem Bolsonaro com suas próprias armas".
Nos últimos dias, os principais jornais suíços destacaram a presença de Bolsonaro como uma das mais relevantes do Fórum Econômico Mundial. Crises domésticas nos EUA, França e Reino Unido acabaram afastando alguns dos principais líderes que, de última hora, cancelaram suas viagens para Davos.
Como resultado, o palco foi deixado para o brasileiro, que promete fazer um discurso moderado para tentar desfazer sua imagem de "extremista".
O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, garantiu que sua mensagem seria de liderar um "governo constitucional". "O caminho, desde a proposta do plano de governo, é estado de direito. Rigorosamente dentro do que a Constituição prevê. O governo que tem uma relação franca e transparente com o Congresso nacional, que respeita a repartição de poderes", disse.
Mas, avaliando pelo tom da cobertura internacional, Bolsonaro terá um amplo trabalho para transformar sua imagem no Exterior. Numa matéria publicada no fim da semana passada, o jornal suíço Le Temps questiona se Bolsonaro estaria "no mesmo trilho de Pinochet".
(Das agências)
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