O presidente Jair Bolsonaro (PSL) quer aproveitar sua participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suiça, para atrair investimentos - em especial no agronegócio. Seu desembarque, ontem, que já provocou protestos desde o fim de semana, foi acompanhado de perto, tanto pela imprensa internacional quanto por investidores.
"Nós queremos mostrar, é nosso interesse especial, que o Brasil tomou medidas para que o mundo restabeleça confiança, que os negócios voltem a florescer entre o Brasil e o mundo, sem viés ideológico, que nós podemos ser um país bom para investimentos, e em especial para o agronegócio, nossas commodities mais caras. Queremos ampliar esse tipo de comércio. Por isso estamos aqui para mostrar que o Brasil mudou", declarou aos jornalistas em vídeo disponível em sua conta no Twitter, postado após sua chegada na Suíça.
Indagado por jornalistas, o presidente da República não quis antecipar encaminhamento do programa de privatizações. "A gente não vai anunciar particularidades no tocante a isso. A agenda está com nosso chefe da Economia, Paulo Guedes. Está bastante detalhado nesse sentido e ele vai anunciar a partir do momento que tiver certeza que faremos boas privatizações".
Bolsonaro ainda informou que o discurso que fará hoje, na abertura do fórum, será "curto, objetivo e claro". Segundo ele, o texto a ser lido feito e corrigido por vários ministros para que nós déssemos recado mais amplo possível do novo Brasil que se apresenta com a nossa chegada ao poder.
No fim de semana antes da chegada do presidente, protestos por parte de sindicatos suíços e ativistas em Lausanne e Berna levavam cartazes com a foto de Bolsonaro e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Nelas, um recado: "not welcome" ("Não são bem-vindos"). Eles também levaram uma faixa estampada com a frase "matem Bolsonaro com suas próprias armas".
Nos últimos dias, os principais jornais suíços destacaram a presença de Bolsonaro como uma das mais relevantes do Fórum Econômico Mundial. Crises domésticas nos EUA, França e Reino Unido acabaram afastando alguns dos principais líderes que, de última hora, cancelaram suas viagens para Davos.
Como resultado, o palco foi deixado para o brasileiro, que promete fazer um discurso moderado para tentar desfazer sua imagem de "extremista".
O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, garantiu que sua mensagem seria de liderar um "governo constitucional". "O caminho, desde a proposta do plano de governo, é estado de direito. Rigorosamente dentro do que a Constituição prevê. O governo que tem uma relação franca e transparente com o Congresso nacional, que respeita a repartição de poderes", disse.
Mas, avaliando pelo tom da cobertura internacional, Bolsonaro terá um amplo trabalho para transformar sua imagem no Exterior. Numa matéria publicada no fim da semana passada, o jornal suíço Le Temps questiona se Bolsonaro estaria "no mesmo trilho de Pinochet".
(Das agências)
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