quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Em discurso curto, Bolsonaro defende abertura econômica

DISCURSO de Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial Fabrice Coffrini/AFP
DISCURSO de Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial Fabrice Coffrini/AFP
A estreia do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, foi a primeira possibilidade de diálogo com diversos líderes da economia global. O discurso do presidente, no entanto, dividiu a opinião de especialistas, mas sinalizou para a abertura econômica e a busca de investimentos para o País.

Por um lado, Bolsonaro apontou para um caminho de cumprimento ao que vinha prometendo durante campanha. Por outro, foi considerado superficial ao defender o que chamou de "novo Brasil". Foram apenas seis dos 30 minutos disponíveis para explanação.

No que diz repeito à pauta econômica, Bolsonaro falou sobre estimular o empreendedorismo. "Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos. Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica, respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas", citou antes de afirmar, sem dar detalhes, que colocará "no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios". Ainda mencionou as reformas, mas sequer abrangeu a Previdência de forma específica.

Para Pio Penna Filho, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UNB), o discurso foi superficial e voltou atrás em questões anteriormente estabelecidas como a ambiental. Conforme ele, isso causa incerteza e desconfiança para comunidades internacionais.

Apesar de concordar com a falta de densidade, o economista Alcântara Macedo considera que foram minutos de um "discurso muito bem concatenado, com palavras bem postas, sem muitos adjetivos". "Ele falou nitidamente de um governo liberal, uma realidade de abertura da economia para o mercado internacional, ao mesmo tempo em que colocou a agenda de privatizações e a desburocratização".

O também economista Henrique Marinho considera que as pautas levantadas no discurso sinalizam para a política econômica liberal anunciada durante a campanha. Ele critica o que chama de incoerência de Bolsonaro ao falar sobre abertura econômica para todos os países, mas criticar as políticas de esquerda e sinalizar diálogo com países de visões mais à direita como Itália, Polônia, República Tcheca e Japão.

Osmar de Sá Ponte, cientista político, avaliou o discurso de Bolsonaro como "uma grande perda de oportunidade". "O governo poderia sair desse encontro com várias agendas marcadas, um presidente absolutamente liderando uma tração do capital internacional para o Brasil, uma alento para um fim da recessão que o Brasil atravessa, com possibilidade de emprego e resgate do crescimento econômico, que é o que o setor empresarial quer. Perdeu uma grande oportunidade de mostrar a que veio, qual o programa que defende, não de forma genérica, ideológica, mas num sentido programático".
  
Ex-presidentes

Michel Temer

Em 2018, o ex-presidente Michel Temer disse que trabalharia dia e noite pela aprovação da reforma da Previdência no Brasil, que ele pretendia aprovar ainda no ano passado. O então presidente citou também a queda da inflação. O discurso durou 30 minutos incluindo perguntas.

Dilma Roussef

A ex-presidente Dilma Rousseff compareceu ao Fórum em 2014 quando discursou por pouco mais de 32 minutos. A então chefe do executivo nacional reforçou o compromisso com o controle da inflação e ressaltou a importância da economia de países emergentes.

Lula

O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva participou três vezes da plenária de Davos. Nas duas primeiras vezes discursou sobre os esforços de combate à miséria e à fome. Em 2007,disse que avançaria nos investimentos em infraestrutura em busca de atrair o mercado internacional.

MINISTROS 

Também foram a Favos o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebiano, Paulo Guedes (Economia), Sergio Moro (Justiça), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

ELE DISSE

CRISE. "Assumi o Brasil em uma profunda crise ética, moral e econômica. Temos o compromisso de mudar nossa história".

MINISTÉRIO. "Pela primeira vez no Brasil um presidente montou uma equipe de ministros qualificados. Honrando o compromisso de campanha, não aceitando ingerências político-partidárias".

REFORMAS. "Gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo espera de nós".

ABERTURA ECONÔMICA. "Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos. Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas".

MEIO AMBIENTE. "Somos o país que mais preserva o meio ambiente. (...) Nossa missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis".

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