quinta-feira, 2 de maio de 2019

Críticas à reforma da Previdência marcam atos do 1° de Maio

A reforma da Previdência foi o principal alvo dos atos que ocorreram em todo o Brasil em alusão ao Dia do Trabalho. Em Fortaleza, o protesto contra a proposta do governo de Jair Bolsonaro estava presente tanto em faixas como nos discursos durante a manifestação na tarde de ontem, 1° de maio.
"Não é só um dia de lembrar a história do dia 1° de maio", explica Gardênia Baima, da Central Única de Trabalhadores (CUT). "Nós estamos caminhando nas ruas porque tivemos, durante longas décadas, a ascensão de vários direitos e hoje, nesse 1° de maio, o que nós estamos assistindo é o contrário: a desconstrução dos direitos conquistados dos trabalhadores", falou a dirigente, que também preside o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute).
 Integrante da Secretaria Operativa da Frente Brasil Popular, Eliane Almeida afirma que a reforma deveria ser chamada de "deforma porque, quando se fala em reformar, é melhoria". A proposição do governo, segundo ela, "coloca na nossas costas a responsabilidade de toda essa crise que está aí".
A mobilização foi organizada de maneira unificada por centrais sindicais, movimentos sociais, frentes populares e sindicatos. Outros atos referentes à data ocorreram em cidades como Rio de Janeiro, Maceió, Salvador e Porto Alegre.
A manifestação, à frente da qual estavam mulheres, foi realizada na Praia de Iracema. "Nós somos a maioria no País e precisamos estar à frente nessa luta", disse Nacelia Silva, integrante da secretaria-geral da Intersindical e presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort).
"As mulheres são fundamentais na luta. Nós temos dupla ou tripla jornada de trabalho, porque nós estamos no mercado de trabalho e também trabalhamos em casa, no serviço doméstico", relata Almeida. Para ela, a reforma quer colocar homens e mulheres em "pé de igualdade", mas "nós sabemos que, na prática, é desigual".
Silva caracteriza o ato como "primeiro grito para a construção da greve geral no País". O movimento está previsto para 14 de junho, data decidida no evento de São Paulo, do qual participaram os ex-presidenciáveis Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (Psol).
A reforma da Previdência deve começar a ser discutido na próxima terça-feira, 7, na comissão especial que analisará o texto na Câmara dos Deputados.
Por isso, a pressão sobre deputados federais também estava presente nas reivindicações. Uma faixa exibia o rosto dos parlamentares, enquanto os dizeres afirmavam que "estamos de olho em vocês".
Pequenos cartazes continham a foto dos deputados Heitor Freire (PSL) e Genecias Noronha (SD). Freire, correligionário do presidente, é um dos defensores da reforma, enquanto Noronha votou a favor da matéria na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Além da Previdência, outras pautas também estiveram presentes na mobilização. Os protestos dos manifestantes se voltaram para o corte de 30% dos recursos para universidades públicas anunciado pelo Ministério da Educação durante esta semana, o projeto Escola sem Partido, a possibilidade de privatização dos Correios, além do pedido de liberdade para o ex-presidente Lula e de respostas para o assassinato da vereadora Marielle Franco.
"Estamos aqui para reivindicar e denunciar esse governo, que não aceita reunir, dialogar com os movimentos, e na democracia ele tem que sentar com todo mundo", enfatiza Neidinha Gomes, da direção do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). "Em um governo que foi eleito pelo povo, ele deve respeitar as organizações e os movimentos que existem no Brasil."
LUANA BARROS
Movimentos sociais e centrais sindicais fazem protesto na na Praia de Iracema

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