A produtividade média do trabalhador no Ceará cresceu 2,8 pontos percentuais por ano. Acima da média brasileira (1,4 p.p.). Ainda assim, o nível de transformações estruturais, migrações de trabalhadores de setores menos produtivos para outros mais produtivos, foi de apenas 30% no período de 2004 a 2015. Os dados são de estudo inédito que está sendo feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), para traçar estratégias para alavancar o desenvolvimento econômico do Estado.
O convênio que integra o Projeto de Apoio ao Crescimento Econômico com Redução das Desigualdades e Sustentabilidade Ambiental do Estado do Ceará - Programa para Resultados (PforR), em parceria com o Banco Mundial, foi contratado em outubro e o resultado final será entregue em janeiro de 2019. Mas alguns dados preliminares já foram mapeados e serão apresentados no workshop que ocorrerá de 26 a 30 de novembro no Centro de Eventos do Ceará.
A pesquisadora do Ibre/FGV, Sílvia Matos, coordenadora do estudo, explica que embora hoje a produtividade de um trabalhador médio cearense corresponda a 60% da produtividade de um trabalhador médio brasileiro, há algumas diferenças entre os setores.
Na indústria da transformação, por exemplo, é onde está um dos principais gargalos, em que o indicador cearense chega a 30% da média nacional. Por outro lado a construção civil representa 75% da média.
"Ou seja, não está tão distante do Brasil. Há ainda outro destaque na agropecuária, que embora tenha 50% da produtividade média brasileira, é um setor muito díspar entre si. Na agricultura é 30%, mas na pecuária é 100%, ou seja, está igual ao das outras regiões. Na pesca e apicultura chega a 75%".
Sílvia diz que dentre os principais desafios para alavancar o nível de produtividade dos setores econômicos do Ceará estão o combate à informalidade, à baixa escolaridade, embora esta seja uma área em que se tem avançado muito nas últimas décadas, e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita. De acordo com o IBGE, em 2017, o rendimento médio domiciliar per capita do Ceará foi de R$ 824, contra R$ 1.268 do Brasil.
"Apesar de ter registrado avanços importantes em âmbitos como o fiscal e em investimento, o Ceará ainda é um estado com baixo PIB per capita e precisa de empenhar cada vez mais esforços para acelerar a convergência para a média nacional", diz Sílvia.
Além de traçar o diagnóstico sobre a relação de produtividade dos setores, o estudo vai elaborar índices coincidentes da atividade econômica e de simulações do PIB de longo prazo, com séries periódicas. O diretor-geral do Ipece, Flávio Ataliba, explica que, desta forma, a gestão pública vai poder acompanhar estes dados e assim criar estratégias para otimizar estes resultados para o futuro. "Com este acompanhamento, o Governo poderá traçar estratégias mais eficientes, corrigir eventuais erros e direcionar melhor as políticas públicas a serem priorizadas em cada setor".
Ele explica que a segunda frente de trabalho prevista no acordo é a aplicação da tecnologia de índice de preços e custos do Ibre na atividade de três secretarias do Estado: Saúde, Educação e Segurança Pública. "A ideia é identificar o custo e qual a inflação interna de cada uma destas secretarias para assim ter maior previsibilidade de quanto alocar a cada secretaria dentro do orçamento".
O Ceará foi o primeiro estado da América Latina com o qual o Banco Mundial operou o PforR. O empréstimo concedido divide-se em R$ 25 milhões para assistências técnicas, e outros US$ 325 milhões para aplicação direta em programas sociais incluídos no orçamento do Governo e selecionados pelo banco para apoio nas seguintes áreas: crescimento econômico, redução de pobreza, qualidade da água e gestão pública.
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