O cearense reduziu o consumo de gasolina no primeiro semestre de 2018. Números da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), apontam que a queda foi de 4,1% se comparado a igual período do ano passado. Foram 26 milhões de litros do combustível a menos de janeiro a junho. No entanto, considerando apenas a série histórica de junho, o padrão de consumo é equiparável ao de 2014. O preço alto é uma das razões do recuo.
"Os preços empregados nos meses de maio e junho, em meio ao movimento grevista dos caminhoneiros, fizeram com que a população reagisse à alta", destaca Bruno Iughetti, especialista em petróleo e gás. A escassez de gasolina nos postos obrigou os usuários de automóveis com motorização flex a optar pelo etanol. O resultado foi a elevação de 34,5% no consumo deste combustível.
"As pessoas migraram para o etanol, resultando na carência de disponibilidade de produto", acrescenta. Pelos cálculos da ANP, em junho, foram consumidos 16,7 milhões de litros de etanol. Em 2017, em igual período, o índice chegou a 9,2 milhões de litros.
Apesar de a gasolina ter perdido força, ela segue um padrão mensal de 100 milhões de litros desde 2014. "Ainda é difícil prever se teremos uma inversão volumétrica no curto prazo. Mas seguramente o etanol também atingirá um ponto de equilíbrio", explica o especialista.
Os postos de combustíveis também sentem os efeitos da redução do consumo. O POVO conversou com gerentes e proprietários de alguns estabelecimentos de Fortaleza e constatou que a greve dos caminhoneiros, ainda no primeiro semestre, fez com que o proprietário de veículos repensasse sobre o uso do automóvel. "Tivemos uma redução de fluxo de clientes na faixa de 30%. Esse movimento vem antes do começo das férias", disse a gerente de um posto localizado na avenida Barão de Studart.
Um proprietário de estabelecimento na avenida Virgílio Távora disse que o combustível fóssil é o mais adquirido, mas a procura pelo etanol subiu quase 35%. "As pessoas buscam alternativas ao consumo. E o etanol é uma delas", ressalta.
Nas famílias, calcula-se se vale substituir a gasolina pelo etanol. No caso, o preço é R$ 0,60 ou R$ 0,70 centavos mais baixo - dependendo do estabelecimento em Fortaleza. Antônio José, assessor econômico do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Ceará (Sindipostos-CE), explica que essa margem não é tão compensatória para o cliente.
"Para que o valor seja interessante, a diferença entre os combustíveis deve ser de R$ 1. Encontrar etanol a menos de R$ 3,50 no Ceará é difícil. Só Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo praticam preços inferiores a esse valor", detalha. "O etanol consome 30% mais que a gasolina. O ideal é cada consumidor fazer o teste no seu veículo e diagnosticar se compensa mudar a gasolina para o etanol", complementa.
Os consumidores divergem se trocar a gasolina pelo etanol compensa. A autônoma Kelly Sousa explica que não. "O álcool tem um rendimento muito menor, pois queima mais rápido que a gasolina. Por mais que o preço esteja melhor para o cliente, não tenho interesse em mudar", afirma.
Já o motorista Edson França diz que o etanol é a alternativa mais aceitável. Ele trafega entre 200 e 300 quilômetros por dia. "Escolhi abastecer com etanol justamente por causa do preço, além de ser um combustível que agride menos e também auxilia na limpeza do automóvel".
Diesel O consumo de diesel no Ceará se manteve inalterado nos meses de janeiro a junho de 2018 no comparativo com igual período do ano passado. A alta foi de apenas 0,4%. Ao todo, foram consumidos 86 milhões de litros, três milhões a mais que o registrado em 2017.
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Gasolina mais barata em agosto?
A Petrobras reduziu hoje o preço da gasolina em 1,1% nas refinarias do País, com preços praticados a R$ 1,9465. Para Bruno Iughetti, especialista em petróleo e gás, os valores podem cair ainda mais. "Há espaço para maiores reduções. Avalio que nas próximas semanas teremos preços mais em conta ao consumidor. Precisamos também acompanhar os mercados nacional e internacional", explica.
Redução nos preços dos combustíveisDois meses depois do término da greve dos caminhoneiros, os preços dos combustíveis está reduzindo aos poucos no País. Levantamento da empresa ValeCard mostrou que enquanto o mês de junho apresentou uma oscilação de 149,5% no valor do litro da gasolina comum, a variação caiu para 138% em julho. Durante o mês de julho foram registrados valores que iam de R$ 3,90 a R$ 9,28 nos postos pesquisados pela marca no Brasil. A pesquisa também mostrou que a variação de preço do etanol e do diesel comuns também diminuiu. O etanol comum pôde ser encontrado de R$ 2,20 a R$ 5, o que representa uma diferença de 127,3% - diferente dos 206,7% registrados em junho. No caso do diesel, foi possível encontrar entre R$ 2,74 a R$ 5,10, o que representa uma variação de 86% - também mais baixa que os 128,6% do mês anterior.
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