sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Candidatura em Pernambuco e resistência em Minas ameaçam acordo entre PT e PSB

Por ampla maioria dos votos (230 a 20), a executiva estadual do PT em Pernambuco aprovou, na noite de ontem, a candidatura da vereadora Marília Arraes ao Governo do Estado. O resultado contraria decisão da Executiva Nacional do PT, que, durante reunião na última quarta-feira, 1º, deliberou pela retirada da postulação petista no Estado como parte de um acerto com o PSB.

A decisão estabeleceu a neutralidade do PSB na eleição presidencial - o que na prática isolou o candidato do PDT, Ciro Gomes. Pelo trato, o PT retiraria a candidatura de Marília e apoiaria a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB). Em troca, ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) desistiria de tentar o Governo de Minas Gerais e o PSB declararia apoio à reeleição do governador Fernando Pimentel (PT).

Contudo, Câmara também resiste em abandonar a candidatura. A resistência de Marília e Câmara ameaça acordo nacional das siglas.

A vereadora petista, neta do ex-governador Miguel Arraes, disse que "será candidata ao Governo de Pernambuco" e que isso não configura um posicionamento "subversivo" nem afronta à hierarquia do partido.

"Pernambuco vai ter uma governadora do PT sim. Estamos aqui para decidir o futuro de Pernambuco depois de mais de um ano de construção. Nós respeitamos os pensamentos divergentes, mas é preciso respeitar também o desejo das bases do PT e do povo pernambucano", afirmou ela antes do encontro que deliberou pela manutenção da candidatura.

Marília criticou o PSB, a quem chamou de "falsa esquerda". "Não adianta mais tentar unir a esquerda por meio de chantagem. É o que o PSB está fazendo. O PSB chantageia o PT", afirmou. No discurso, ela lembrou que a sigla liberou seus deputados para votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016.

Hoje, a decisão do PT em Pernambuco vai ser submetida ao Diretório Nacional da sigla, mesmo dia em que o partido avalia recurso apresentado por dirigentes petistas contra o acordo com o PSB.

Segundo pesquisas de intenção de voto mais recentes em Pernambuco, Marília está em situação de empate técnico com o atual governador Paulo Câmara (PSB), que concorre à reeleição. Vice-presidente nacional do PSB, Câmara foi um dos principais articuladores do acerto com PT.

Em Curitiba, após visitar o ex-presidente Lula, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann enfrentou protestos de militantes do PT de Pernambuco. "É claro que é ruim para a gente, do ponto de vista regional e de Pernambuco, abrir mão de uma candidatura como a de Marília, mas temos um projeto nacional e, desde o início, os companheiros de Pernambuco sabiam dessa nossa movimentação e conversação", disse Gleisi.
com agências

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