Um grupo armado e encapuzado atacou a sede da Central Única dos Trabalhadores do Ceará (CUT-CE), na Sólon Pinheiro, na manhã desta quinta-feira, 20. Os criminosos renderam cerca de 15 pessoas que estavam no local para uma reunião da operativa da Frente Brasil Popular e levaram celulares, computadores e pertences pessoais das vítimas. O ato marcado pela entidade para esta tarde, em solidariedade ao ex-presidente Lula, foi cancelado.
As vítimas, entre elas o presidente da CUT Ceará, Will Pereira, foram atendidas por profissionais de saúde. O presidente precisou ser levado ao hospital porque ficou em estado de choque. A Polícia foi chamada ao local, conforme O POVO apurou, mas ainda não há informações sobre criminosos.
O ataque foi registrado por volta das 9h40min, de acordo com o presidente do PT Ceará, De Assis Diniz, que participou de coletiva na sede no início da tarde. “Tem um grau de perplexidade muito grande porque eles não queriam buscar dinheiro, nem informação, queriam a todo custo saber quem era o presidente da CUT e quem era o tesoureiro. Fizeram uma devassa, quebrando equipamentos, tocando o terror, desenvolvendo agressões físicas, colocaram estilete na garganta da nossa recepcionista”, disse.
Nathan Camelo, da direção da direção de comunicação do Sindicato dos Jornalistas no Ceará (Sindjorce), estava na recepção da CUT e conta que dois dos criminosos entraram se identificando como membros de um sindicato de agricultores de Chorozinho. Após entrarem, sacaram as armas e renderam as vítimas, levando notebook, celular, aliança e cordão do jornalista.
Depois, outros criminosos entraram no local, alguns deles com capuz, conforme a secretária estadual de Comunicação do PCdoB-CE, Andrea Oliveira. “Nós estávamos na cozinha, eles já tinham rendido os companheiros que estavam lá na frente. Nós fizemos esforço para não olhar. Eles ficavam todo tempo dizendo que quem olhasse ia levar bala”, detalhou.
As vítimas sofreram ameaças e agressões físicas, como pontapés e coronhadas na cabeça, até que foram separadas em duas salas. A ação teria durado cerca de meia hora, até que um dos grupos conseguiu arrombar a porta e libertar os reféns da outra sala.
O grupo que estava na CUT discutia os detalhes para o ato na Praça da Bandeira. “Quebravam nossos celulares na nossa frente para não ligarmos para ninguém, quebravam nossas coisas. O presidente foi identificado e colocaram um revólver na cabeça dele. O tesoureiro também foi identificado, eles diziam 'nós vamos matar ele agora, vamos papocar esse gordinho'. Faziam muito barulho para nos amedrontar. Foi uma ação de muita violência”, afirma Andrea.
De dentro da sala, Andrea explica que eles conseguiram ouvir barulhos de carro, mas nenhum dos veículos das vítimas foi levado.
Durante a coletiva, o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra, falou ainda sobre o assassinato do bancário e sindicalista Jorge Costa Ferreira, na noite anterior. Jorginho, como era conhecido, foi baleado durante assalto, também no Centro de Fortaleza. “Esse clima de terror precisa de uma explicação extremamente célere para a identificação desses criminosos. Não vamos nos intimidar de fazer nosso direito constitucional de organização dos trabalhadores”, disse.
Redação O POVO Online
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