sábado, 31 de dezembro de 2016

Um ano de grandes despedidas

A sensação é de que 2016 não poupou suspiros. De David Bowie, no início de janeiro, a Ferreira Gullar, há algumas semanas, foi um ano de muitas perdas. Da música se foi Cauby; do cinema, Babenco; da literatura, Umberto Eco. Perdemos as maravilhas de Elke e as batidas de Naná. O São Francisco nos tomou Montagner. O jornalismo deu adeus a Neno; a medicina, a Pitanguy. O Ceará perdeu Ivens, Yolanda, Ignez. Fidel deixou sua Cuba, e a América Latina deixou seu último grande líder no século XX. Em 2016, virou rotina perguntar “mais um?” e regra desejar 2017. De alguma forma, somos todos órfãos. A seguir, alguns nomes dos quais nos despedimos este ano.
 
1. Ivens Dias BrancoPresidente do Conselho de Administração do Grupo M. Dias Branco, o empresário morreu em decorrência de complicações cardíacas durante uma cirurgia. Ivens entrou no ramo de panificação em 1953, aos 19 anos, e foi responsável pela ampliação dos negócios da empresa, investindo na fabricação de biscoitos em escala industrial. Na última atualização da Revista Forbes, ele era o 17º bilionário brasileiro no ranking.

2. Yolanda Queiroz

Viúva do empresário Edson Queiroz, fundador do Grupo Edson Queiroz, dona Yolanda, como era chamada, tornou-se presidente do conglomerado quando o marido morreu, em junho de 1982. Ela teve atuação primordial no comando de empresas nas áreas de comunicação, educação, gás, água, pecuária, indústria. A empresária faleceu em 17 de junho, aos 87 anos.

3. Ignez Fiúza

Galerista, restauranteur, marchand, visionária e empreendedora. Morreu aos 91 anos, no dia 9 de fevereiro, vítima de insuficiência respiratória. A “dama das artes plásticas” do Ceará deixou um dos legados mais representativos para a cultura no Estado.

4. Christiano Câmara

Pesquisador e colecionador de um dos acervos de música e cinema mais importantes do País, Christiano faleceu aos 81 anos, em Fortaleza. Passou a vida colecionando e compartilhando memórias em sua casa-museu, onde os visitantes sempre eram bem recebidos para uma conversa. Deixou três filhos, cinco netos e a esposa Douvina, com quem dividiu uma relação de 60 anos. Na madrugada de 22 de março, o arquivista partiu em decorrência de problemas cardio-respiratórios.

5. Neno Cavalcante

Destaque no jornalismo opinativo, Neno tinha como marcas o bom humor e o senso crítico apurado. Entre 1999 e 2013, apresentou o programa TV Neno na TV Diário. Caçula entre nove irmãos e natural de Aurora, estreou no jornalismo na década de 1970. Ele morreu no dia 14 de agosto, aos 61 anos.

6. David Bowie

O gigante performático foi uma das perdas mais marcantes de 2016. Aos 69 anos, sucumbiu a um câncer de fígado com que convivia havia mais de um ano e meio. O inglês foi cantor, compositor, ator, músico, produtor e pintor. Deixou uma vasta produção cultural - que vai das dezenas de filmes aos álbuns musicais. Pouco antes de morrer, em 7 de janeiro, lançou Blackstar, um disco de despedida.

7. Fidel Castro

Em meio a tensões políticas crescentes em todo o mundo, o líder cubano morreu aos 90 anos, em Havana. Nos últimos anos, a saúde debilitada de Fidel fez surgir rumores falsos sobre sua morte. Foram estes mesmos problemas de saúde que, em 2006, o afastaram do governo da ilha, depois de 47 anos de comando. Herói para uns e vilão para outros, Fidel se esforçou até os últimos dias para escrever artigos e se reunir com líderes mundiais. A morte colocou em xeque o futuro das relações internacionais cubanas.

8. Ferreira Gullar 

O poeta, teatrólogo e “imortal” da Academia Brasileira de Letras (ABL) morreu vítima de uma pneumonia. Gullar é tido como um dos principais poetas brasileiros do século XX. Publicou o primeiro livro com menos de 20 anos e arrebatou diversas premiações literárias, como o Prêmio Camões, em 2010.

9. Domingos Montagner
O óbito do ator pegou o Brasil de surpresa. Em trágico acidente nas águas do rio São Francisco, o paulistano morreu horas depois de gravar cenas da novela global Velho Chico. Era casado e deixou três filhos. Famoso pela simplicidade e pela retidão de caráter, Domingos se banhava no rio - uma de suas paixões e fonte de mística para seu personagem, Santo. Como a gravação não estava finalizada, a produção da novela precisou utilizar recursos de câmera para garantir o personagem até o fim da trama.

10. Carlos Alberto TorresCapitão da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970, Carlos Alberto Torres morreu em 25 de outubro, aos 72 anos, vítima de um infarto fulminante quando estava em sua casa, no Rio de Janeiro. Ele atuava como comentarista do SportTV. Ele tinha passagens pelo Fluminense, Santos, Botafogo, Flamengo e New York Cosmos. Com a morte, todos os capitães brasileiros que levantaram a Jules Rimet - taça que ficou com o Brasil pela conquista até então de três copas - se foram.

11. Cauby PeixotoNatural de Niterói, no Rio de Janeiro, Cauby foi o filho caçula de uma família musical com seis irmãos. Participou de concursos como calouro, saiu vitorioso e viu as portas abertas para o mundo artístico.Cantou sambas, marchas, toadas, foxes e baiões. Mas foi com a música Conceição que ascendeu no cenário nacional. Cauby morreu em 15 de maio, em São Paulo, aos 85 anos, de pneumonia.

12. PrinceÍcone do pop, o cantor norte-americano morreu de forma repentina aos 57 anos, em sua residência em Minneapolis. Prince teve uma overdose acidental. Ele se tornou fenômeno internacional na década de 1980, com sua mistura de estilos, do funk ao dance, passando pelo rock. O álbum de 1984, Purple Rain, é considerado por muitos críticos um dos melhores de todos os tempos. 
 
13. Umberto EcoRomancista, ensaísta, filósofo e crítico literário, o italiano era reverenciado no meio acadêmico e considerado uma referência em semiótica. Internacionalmente, ficou conhecido pela publicação do livro O nome da Rosa, que foi traduzido em mais de 30 idiomas e adaptado para o cinema em 1986, alcançando enorme sucesso. O estudioso de 84 anos morreu em 19 de fevereiro, de câncer.

14. Elke MaravilhaA sorridente e irreverente atriz morreu aos 71 anos, no Rio de Janeiro. Russa de nascimento, foi criada em São Peterburgo e veio para o Brasil aos seis anos com os pais que fugiam do stalinismo soviético. Aos 24 anos começou a trabalhar como modelo e, logo depois, foi chamada para a Discoteca do Chacrinha. A partir daí, fez novelas, cinema e teatro. Elke morreu no dia 16 de agosto, no Rio de Janeiro, quando estava em coma induzido após cirurgia para tratar de uma úlcera.

15. ShaolimFrancisco Jozenilton Veloso, o Shaolim, 44 anos, morreu vitima de uma parada cardiorrespiratória. Em 2011, o humorista perdeu parte dos movimentos e a fala, após grave acidente de carro. Em sua carreira, participou dos programas Domingão do Faustão, A Praça é Nossa, Show do Tom e Tudo é Possível.

16. Leonard CohenO canadense morreu em 7 de novembro, aos 82 anos. Após ser consagrado como escritor, Cohen mudou-se para os Estados Unidos, onde teve contato com o cenário musical. Teve canções gravadas por vários artistas de destaque à época. A canção Hallelujah -lançada pela primeira vez no álbum de estúdio de Cohen, Various Positions, em 1984 - é um de seus sucessos e alcançou popularidade na década de 1990, na voz de John Cale.

17. João HavelangeO ex-presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa) morreu aos 100 anos. Ele estava internado no Rio de Janeiro em decorrência de problemas pulmonares. Brasileiro com raízes belgas, foi um dos mais importantes e controversos personagens da história do esporte. Ajudou a criar novas competições de futebol - como o Mundial Sub-20 - e organizou seis Copas do Mundo. Havelange também presidiu a Confederação Brasileira de Desportos.

18. Hector BabencoO cineasta argentino naturalizado brasileiro dirigiu produções históricas como Carandiru, O Beijo da mulher-aranha e Pixote - A lei do mais fraco. Fez no Brasil uma das carreiras mais notórias do audiovisual. A morte, aos 70 anos, em São Paulo, ocorreu em decorrência de uma parada cardíaca. 

19. Dom Paulo
Evaristo Arns
Reconhecido pela luta a favor dos direitos humanos e contra a Ditadura Militar, dom Paulo Evaristo Arns morreu aos 95 anos com falência múltipla de órgãos. Foi bisco e arcebispo de São Paulo entre as décadas de 1960 e 1970. Nesse período, desenvolveu diversos projetos para a população de baixa renda. Em 1971, denunciou a prisão e a tortura agentes de pastoral, além de ter apoiado dom Hélder Câmara e dom Waldyr Calheiros. Também foi criador da Pastoral da Criança.

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