sábado, 31 de dezembro de 2016

Três olhares sobre a reforma do ensino médio

Lany Maria
Estudante do Caic Maria Alves Carioca

A reforma do ensino médio, apresentada pelo ministro Mendonça Filho (DEM) em setembro deste ano, veio de cima para baixo, sem a consulta do segmento aluno e professor. Uma reforma elaborada por não educadores, apresentada em um contexto de instabilidade política e social e de corte dos gastos públicos que afetam diretamente os mais pobres. É uma medida que deforma o atual sistema de ensino.
 
Não que eu seja contra reformar o ensino médio, mas não nesses termos que o MEC, chefiado por um ministro golpista, vem nos apresentando. Queremos uma reforma pensada por toda a comunidade escolar e por especialistas em Educação, de modo que possamos melhorar a qualidade do ensino, possibilitando que todos tenhamos acesso à educação pública e gratuita.
 
A reforma apresentada por Medida Provisória é repleta de problemas. Ao mesmo tempo que aumenta a carga horária de aulas do ensino médio para 1.400 horas, diminui o conteúdo humanístico, tornando o ensino mais mecanizado e menos reflexivo.
Precisamos mesmo é de reformas que garantam melhoria na estrutura das escolas. Precisamos de incentivo para os professores e alunos, que, dia a dia, fazem mágica para poder ensinar e aprender. 

Yure de AbreuProfessor de Artes e Música no Estado
 
Deveríamos viver em um país de democracia representativa, o que não significa sermos uma nação democrática. Pois Michel Temer impetra uma lei decidindo de modo unilateral o futuro de milhares de jovens. É fato que nossa educação precisa reinventar-se; mas deveria partir de necessidades reais da sociedade.
 
É esperado que, ao fim do ensino médio, os estudantes saiam com formação humana, social, científica e tecnológica. O que não é esperado é que um governo ilegítimo venha, de forma autoritária, retirar perspectivas à sociedade, reduzindo a educação ao adestramento e à criação de “máquinas” baratas e barateadas para o mercado. 
 
Para formação plena, os jovens precisam ir além da Gramática e da Matemática; é preciso saber pensar (Filosofia); é preciso saber compreender a sociedade e suas problemáticas (Sociologia); é preciso aprender múltiplas formas de se expressar e viver com a beleza, sentidos e sentimentos (Música, Teatro, Dança e Artes Visuais); é preciso educar o corpo e ter saúde (Educação Física). 
Formação humana é diferente de criar computadores. Queremos de fato uma reforma no ensino médio com amplo debate. Por isso, repudio a contrarreforma, os abusos da presidência e do ministro Mendonça Filho. 

Mendonça FilhoMinistro da Educação
 
Três meses após apresentarmos à sociedade a proposta do novo ensino médio, não há dúvida que o Governo Temer colocou a educação no patamar de prioridade das reformas econômicas. Há 20 anos, o País discute essa reforma sem colocá-la na pauta de votação do Congresso. A medida provisória foi discutida e aprovada na Câmara dos Deputados, dividindo a pauta da sociedade com a PEC do Teto e a Reforma da Previdência. A proposta agora está no Senado. Isso foi possível pela coragem e decisão política do presidente Temer de fazer a maior reforma na educação no Brasil desde a Lei de Diretrizes e Bases.
 
A forma como a sociedade abraçou essa discussão, que tem a aprovação de 72% dos brasileiros, comprova que é uma pauta urgente do País. Adiá-la comprometeria uma geração de jovens, enredada num sistema de péssima qualidade com os piores resultados de aprendizagem em avaliações.

O novo ensino médio dará oportunidade ao jovem para aprofundar o aprendizado, permitindo escolher áreas de conhecimento de acordo com vocação e projeto de vida. Ou optar pela formação técnica. Se apenas 18% dos jovens acessam a universidade, falta olhar para os outros 82%. Novo compromisso é com esses jovens. 

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