domingo, 4 de outubro de 2015

Em um plantão de domingo do Tribunal de Justiça do Ceará, mais precisamente o de 9/7/2013, seis traficantes de drogas foram soltos por força de liminares assinadas pelo desembargador Carlos Feitosa. Apesar do desmantelo causado pela medida judicial, se intensificava a partir dali uma investigação da Polícia Federal (PF) que mergulharia pela primeira vez nas relações questionáveis entre o tráfico de entorpecentes e alguns membros da Justiça cearense. A apuração originou a Operação Expresso 150 que rebentou na Operação Cardume. 

Em julho de 2013, estavam na rua, mesmo respondendo a vários crimes, prisões em flagrantes e condenações, os traficantes de drogas Renan Rodrigues Pereira, Tiago Costa de Araújo, Dejair de Sousa Silva, Carlos Hélder Flanklin Marques, Paulo Diego da Silva Araújo e José Roberlano Barreira Nobre.

Na verdade, apenas Renan Rodrigues não conseguiu sair pela porta da frente do sistema penitenciário do Ceará. Quando se preparava para fazê-lo, a 2ª Vara do Juri numa decisão de urgência, conseguiu segurá-lo por causa de um pedido de prisão preventiva assinado pelo delegado José Munguba Neto. Não fosse isso, os advogados de Renan teriam mostrado serviço. De uma vez só, conseguiram durante o plantão judiciário, num domingo (9/7/2013), a revogação de dois mandados de prisões que havia contra o cliente na 3ª Vara do Juri.

Renan Rodrigues, de acordo com apontamentos da Coordenadoria de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública (SSPDS) e informações da Polícia Federal, havia sido preso em abril de 2013 por comandar uma rede de tráfico de cocaína e crack no Lagamar, Tancredo Neves e outros bairros de Fortaleza. Além de supostamente ordenar assassinatos de desafetos e devedores. As investigações das polícias apontariam também que Renan era dono de carros importados e apartamentos na Beira-Mar.
 
Os outros
Os outros criminosos tiveram mais sorte. Tiago Costa de Araújo, Dejair de Sousa Silva e Carlos Hélder Flanklin Marques foram soltos e sumiram. Não era para menos, o trio havia sido flagrado pela PF (24/4/2013) com 101,7 quilos de pasta base de cocaína, pistolas e uma máquina de contar dinheiro. Integrante do mesmo grupo, o receptador José Roberlano Nobre também foi solto. 

O quinto traficante, beneficiado por uma liminar no plantão do dia 9/7/2013, foi Paulo Diego da Silva Araújo. Ano passado, o Ministério Público Estadual estava às turras com o Tribunal de Justiça. Aquelas liminares poderiam ter destruído a investigação da PF. Uma apuração que havia detectado, por acaso, conversas entre traficantes acertando a paga de R$ 150 mil para pelo menos um desembargador.

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