Ativa apesar da artrite
03.05.2015
Manter-se funcional, inclusive no trabalho, deve ser o desfecho clínico do tratamento de pacientes com distúrbios musculoesqueléticos, a exemplo da artrite, indica a Liga Panamericana de Associações de Reumatologia
Não é normal viver com dor. É dessa forma que a comunicadora social chilena Cecília Rodriguez, 40, alerta para um problema de saúde que tem preocupado a comunidade médica ao redor do mundo em função do número crescente de pacientes e impacto social causado. Hoje, os distúrbios musculoesqueléticos são a causa mais comum de incapacidade para o trabalho, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Caracterizados como mais de 200 quadros de dor e perda funcional, os distúrbios musculoesqueléticos atingem músculos, ligamentos, articulações, nervos, tendões e vasos sanguíneos. Para discutir os desafios (diagnóstico e o tratamento), 21 sociedades médicas da América se reuniram em Barranquilla, na Colômbia, em abril, por ocasião do Congresso da Liga Panamericana de Associações de Reumatologia (Panlar).
Foi na ocasião que Cecília Rodriguez, diagnosticada com artrite reumatoide (AR) há cinco anos, deu o seu depoimento. "A enfermidade impacta a vida em todos os níveis. Acordamos e nos acostumamos com a dor, mas às vezes a parte física não é a mais difícil de lidar, pois a situação emocional e social se deteriora. Deixamos de sair e mulheres são abandonadas pelos maridos por não poderem manter relações sexuais. Há ainda os que perguntam quais novas dores sentimos, como se estivéssemos exagerando", diz.
Capacidade produtiva
A realidade de quem convive com a mesma dificuldade no Brasil não é tão diferente. A funcionária pública Margarida de Sousa Ancelmo, 56, foi diagnosticada com AR aos 27 anos. A descoberta da doença trouxe dúvidas quanto ao futuro. "Só consegui o diagnóstico correto depois de ir ao terceiro médico. Foi desesperador, mas resolvi que queria seguir em frente com a minha vida", afirma.
Apesar de aconselhada pelo médico a interromper as atividades laborais, Margarida decidiu que encontraria no trabalho forças para enfrentar a doença, vivendo normalmente na medida do possível. "Para mim, trabalhar é uma forma de dizer que estou viva, produtiva e, de certa forma, feliz".
Segundo dados do Anuário Estatístico da Previdência Social, os distúrbios musculoesqueléticos são a primeira causa de aposentadoria por invalidez e de concessão de auxílios-doença no País. Em 2013, significou um custo de R$ 811 mi para o sistema previdenciário.
"Temos que conscientizar os profissionais de saúde e os pacientes de que o trabalho seguro e saudável é benéfico; a manutenção dessa capacidade deve ser o desfecho clínico do tratamento", diz Alberto Ogata, da Associação Brasileira de Qualidade de Vida.
Ranniery Melo
Repórter
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