TRÁFICO DE PESSOAS
Denúncias aumentam 59% em um ano no CE
02.12.2014
Nem todas, entretanto, se configuram como caso de tráfico de seres humanos; Núcleo apura suspeitas
Não existe lugar no mundo onde crianças, mulheres e homens estão a salvo do tráfico de seres humanos. É o que aponta o Relatório Global 2014 sobre Tráfico de Pessoas, da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em novembro passado, em Viena, na Suíça. No Ceará, as denúncias registradas no Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP), da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) tiveram aumento de 59% entre 2013 e novembro deste ano, passando de 22 para 35 ocorrências.
Segundo o Relatório da ONU, em cada três vítimas conhecidas de tráfico de pessoas, uma é criança - um aumento de 5% em comparação com o período 2007-2010. As meninas são duas em cada três crianças vitimadas e, em junto com as mulheres, representam 70% das vítimas do tráfico total no mundo.
Ana Christina Carneiro, do NETP, aponta que o trabalho do Núcleo e a Campanha da Fraternidade, da Igreja Católica 2014, que abordou o tráfico humano, ajudaram a incentivar as denúncias. No entanto, ressalta que nem todas as denúncias que chegam ao Núcleo, após apuração, se configuram como de tráfico de seres humanos. Ela indica que o perfil da maior parte das vítimas no Estado é o mesmo do restante do mundo: meninas e mulheres. "As propostas são tentadoras de emprego, intercâmbio cultural e até de casamento e enganam os alvos que na sua grande maioria vive em situação de vulnerabilidade social, econômica e emocional", diz.
Na sua avaliação, o baixo número de denúncias se deve em razão de a pessoa temer represálias. "Isso faz com que cada vez mais esses grupos ajam livremente", frisa.
Muitas vítimas sabem que vão se prostituir em outro País, afirma ele, mas não que vão ficar sem comer, sem beber e que terão de usar drogas. É isso que a torna vítima. No Ceará, informa a coordenadora, é verificado o tráfico interno de pessoas para depois, de outros Estados, irem para o tráfico internacional. "Outro local propício para esse tipo de crime são as redes sociais, que facilitam contato com estrangeiros", informa ela e acrescenta que a Secretaria da Justiça (Sejus) atua em três eixos: prevenção, assistência à vítima e repressão. "É preciso que as pessoas não tenham medo de denunciar", comenta.
A procuradora de Justiça Nilce Cunha Rodrigues, afirma que a expansão do tráfico humano é uma das grandes preocupações atuais. "Segundo informações do Ministério da Justiça, o tráfico de pessoas é uma das atividades ilegais que mais cresceu no século XXI, o que está ligado à busca por uma nova vida que leva muitas pessoas a serem enganadas por criminosos", diz.
Tanto é que, em sintonia com a necessidade de combater essa prática ilegal, o Fundo Brasil de Direitos Humanos vai doar até R$ 360 mil para viabilizar uma nova linha de apoio a grupos dispostos a enfrentar o tráfico de pessoas para o trabalho escravo ou exploração sexual de mulheres, crianças e adolescentes. Ou, ainda que em menor escala, para o tráfico de órgãos ou adoções ilegais. O tráfico para trabalhos forçados também aumentou nos últimos cinco anos. "Cerca de 35% das vítimas são mulheres", aponta ela, citando o relatório.
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