OPERAÇÃO LAVA-JATO
Adarico admite ter elo com doleiro
30.11.2014
Irmão do ex-ministro das Cidades tinha a função de transportar envelopes lacrados para Alberto Youssef
Brasília. Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte, admitiu à Polícia Federal que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef. Ele estava preso desde segunda-feira (24), quando se entregou na sede da Polícia Federal, em Curitiba, e foi solto na sexta-feira (29), após decisão judicial.
Apontado como transportador de dinheiro de Youssef, ele afirmou em depoimento à Polícia Federal que carregava apenas envelopes lacrados, mas nunca soube o que havia dentro.
Negromonte foi preso na sétima fase da Operação Lava-Jato, que investiga, entre outros crimes, desvios de dinheiro da Petrobras e pagamento de propinas a agentes públicos, por parte de empreiteiras que tinham contratos com a estatal. O nome do irmão do ex-ministro surgiu em depoimentos de Alberto Youssef à Justiça Federal.
O depoimento foi prestado no dia 24 de novembro, na sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde ficou preso até esta sexta-feira. De acordo com Adarico, ele recebia de Youssef R$ 1,5 mil por semana, mas nunca teve a carteira de trabalho assinada, nem outro vínculo empregatício. Ele também afirmou que era responsável por lavar os carros do doleiro.
Ao ser questionado se já havia levado malas ou envelopes a empreiteiras ou a servidores públicos, Adarico negou e disse que nunca esteve na sede da Petrobras. Quanto a outros endereços, ele também não soube dizer aonde foi para entregar os envelopes a mando de Youssef.
No depoimento, ele ainda admitiu ter contatos com outras pessoas que são citados em processos da Lava-Jato, como João Procópio Junqueira, Enivaldo Quadrado, Rafael Angulo e o ex-deputado José Janene, morto em 2010. Adarico diz que foi apresentado ao doleiro por Janene, que Angulo pagou uma viagem a passeio para ambos no exterior e que era incumbido de levar uma amante do doleiro para passear e ir ao médico.
Embora ele tenha negado a participação no esquema de desvio de dinheiro da estatal, o juiz federal Sérgio Moro assegurou no despacho que concedeu a soltura dele, que há provas contra o irmão do ex-ministro. Ele saiu da carceragem da Polícia Federal, nesta sexta-feira (28), por volta das 19h e não quis falar com a imprensa, que o aguardava na portaria da PF, em Curitiba.
A Operação Lava-Jato investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras. A nova fase da operação policial teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões.
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