sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Seis em cada dez desalentados do Brasil são nordestinos

ANA CAROLINA Silva decidiu melhorar a formação profissional para voltar a buscar emprego Mateus Dantas
ANA CAROLINA Silva decidiu melhorar a formação profissional para voltar a buscar emprego Mateus Dantas
O Nordeste concentra seis entre cada dez brasileiros denominados como desalentados (em idade ativa que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar uma vaga porque perderam a esperança). Os dados se referem ao segundo trimestre deste ano e apontam que, no período, o País registrou 4,83 milhões de pessoas nessa condição. Destas, 2,89 milhões estão no Nordeste.

A mostra, divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) identifica que mulheres (54,7%), quem não é chefe da casa (58,1%) e pessoas com idade entre 18 e 39 anos (55,8%) compõem o perfil principal dos desalentados. Não ter ensino fundamental completo também é realidade para 50% dos desempregados que não buscam mais ocupação.

A jovem Ana Karolina da Silva Pontes, 18, se encaixa em parte neste perfil. Ela foi demitida de um emprego numa lanchonete e há um mês, com as dificuldades impostas a quem busca uma colocação sem ainda ter o ensino médio completo, desistiu, por ora, de procurar novo emprego, até melhorar a formação.

Para Vitor Hugo Miro Couto Silva, coordenador do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP) da Universidade Federal do Ceará (UFC), "o Nordeste, historicamente, tem uma presença muito forte de setores industriais mais tradicionais que empregam mais mão de obra de menor qualificação". "Em um momento econômico como o atual, esta mão de obra é que fica mais suscetível ao desemprego", aponta. O que se sucede, sem qualificação suficiente, é a dificuldade de recolocação.

"O desemprego tem se mostrado elevado e duradouro. A crença que você não vai conseguir uma colocação frente à situação econômica e as condições precárias quando o emprego é oportunizado levam a essa situação de desalento", diz Erle Mesquita, coordenador de Estudos de Análise de Mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT).

Tempo
O estudo aponta que o tempo de permanência no desemprego tem aumentado, e vem crescendo a parcela de pessoas sem emprego cujo tempo de procura por colocação é maior que dois anos. No segundo trimestre de 2018, esse percentual foi de 24%

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