O tema mais discutido no debate da TV Aparecida ontem à noite foi a reforma tributária. Diferentemente de programas anteriores, pautados em corrupção e segurança pública, o excesso de tributos e críticas à fala do assessor econômico de Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Guedes, dominaram os discursos. Bolsonaro não participou da rodada porque segue internado, recuperando-se de atentado a faca.
Taxas e tributos serviram ainda como mote de embate entre Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT), que participa de seu primeiro debate depois do impedimento da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. "Me desculpe, estimado amigo, mas agora vai uma pinicadinha. Por que razão o eleitor deveria acreditar nessas propostas na sua possível gestão se o seu partido esteve no governo por 14 anos e não fez?", questionou Ciro a Haddad. Os dois disputam votos para tentar chegar ao segundo turno. Ciro voltou a defender a simplificação de impostos e o IVA, que agrega cinco tributos em um só.
Haddad se defendeu ao dizer que Lula fez uma "espécie de reforma tributária às avessas", empoderando os pobres com programas sociais. O petista acenou ainda para governadores e prefeitos ao defender repasse mais estável e justo para estados e municípios, ideia defendida também por Marina Silva (Rede).
Líder das pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro viveu momento de fragilidade na campanha esta semana quando Guedes sinalizou intenção de recriar a CPMF. A candidatura do militar da reserva tem se baseado no corte e não aumento dos tributos. Marina Silva (Rede) aproveitou para criticar o adversário.
"Fiquei vendo essa confusão e, já no começo da história vejo que está tendo um incêndio no posto ipiranga. Sou contra a CPMF. A sociedade brasileira já paga muito tributo, recebe um péssimo serviço. Precisamos deixar de querer que cada vez mais os pobres paguem a conta", alfinetou Marina, referindo-se ao apelido dado pelo próprio Bolsonaro a Paulo Guedes, tratado como "posto ipiranga". Henrique Meirelles (MDB) aproveitou para completar o pensamento de Marina, dizendo que a população deveria ser "alertada" sobre a proposta da equipe de Bolsonaro.
Geraldo Alckmin (PSDB) protagonizou embate com Haddad. O petista tentou vincular a imagem do tucano ao impopular presidente Michel Temer (MBD). "(Somos) Contra a terceirização, que fragiliza o trabalho diante do capital, prática do PSDB. Contra o teto de gastos que congela por 20 anos as despesas com educação e saúde. Por isso o serviço público, com Temer e PSDB entrou em colapso", disse Haddad.
Alckmin rebateu: "Estamos frente a 13 milhões de desempregados, herança do PT de Dilma (Rousseff). O petrolão foi o maior escândalo. Não precisaria a PEC do teto se não fosse o vale-tudo do PT".
Álvaro Dias (Podemos) também aproveitou para se apresentar como anti-PT. "Haddad você vem para essa campanha com o porta-voz da tragédia o representante do caos. PT é a crença na ignorância", apontou.
Marina tentou se vender como uma terceira via entre a corrupção (PT, MBD, PSDB) e a violência (Jair Bolsonaro). Tanto a candidata como Guilherme Boulos (Psol) acenaram para o eleitorado feminino e defensores da demarcação de terras de povos indígenas. A programação na TV Aparecida não contou com a participação do candidato do Patriota, Cabo Daciolo, que continua em círculo de orações no Rio de Janeiro. O próximo debate será em 26 de setembro pelo SBT.
MAIS SOBRE O DEBATE
SAÚDE
Um dos temas pouco explorados nos debates anteriores, a saúde foi o tema eleito por Marina Silva e Ciro Gomes. Ambos defenderam a quebra de patente de remédios de alto custo. Marina anunciou que, se eleita, criará uma autoridade nacional para saúde, que será formada por concursados. Ciro disse que a licitação de medicamentos deve ser centralizada.
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