A três dias do fim do prazo das convenções partidárias, o PT fechou acordo com o PSB ontem e isolou ainda mais o presidenciável Ciro Gomes (PDT) na corrida ao Palácio do Planalto.
Aprovado por 17 votos a 8 em encontro do PT em Brasília, o acerto estabelece apoio mútuo das duas siglas em alguns estados, entre eles Pernambuco e Minas Gerais, e a garantia de que os pessebistas vão se manter neutros nas eleições presidenciais.
Depois de perder o apoio do "centrão" (DEM, PR, PP, SD e PRB), que decidiu se coligar ao candidato tucano Geraldo Alckmin, Ciro vinha negociando com dirigentes do PSB, considerado vital para os planos do cearense.
Sozinho, o ex-ministro tem pouco mais de 30 segundos na propaganda política eleitoral na rádio e TV. O movimento do PT, contudo, jogou um balde de água fria nessas articulações, impondo o maior revés à campanha do pedetista até agora.
Para atrair o PSB e neutralizar a sigla, afastando-a das investidas de Ciro, a cúpula petista apostou alto. Pela resolução aprovada na reunião da executiva nacional, a legenda também se comprometeu em retirar a candidatura da vereadora petista Marília Arraes ao Governo de Pernambuco e em formalizar apoio ao PSB em outras três disputas estaduais: no Amazonas, no Amapá e na Paraíba.
Em troca, o PSB recuou na postulação do ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda, que estava na briga pelo Governo de Minas Gerais contra o atual chefe do Executivo mineiro Fernando Pimentel (PT), que concorre à reeleição.
Pelas redes sociais, Lacerda disse que havia recebido a notícia da retirada de sua candidatura com "indignação, perplexidade, revolta e desprezo". Para compensá-lo, o PSB ainda chegou a oferecer a vaga de candidato ao Senado na chapa de Pimentel, mas ele a recusou.
Em coletiva transmitida pelo Facebook, Marília Arraes afirmou ontem que "respeitava a decisão da Executiva Nacional" petista, mas que "não concorda e vai recorrer". Ainda nessa quarta, um recurso foi apresentado pela pré-candidata ao partido, que deve apreciá-lo amanhã. Hoje, a executiva do PT em Pernambuco tem encontro para oficializar ou rejeitar a candidatura própria.
Em entrevista ao O POVO, o deputado federal pelo Ceará José Guimarães (PT) disse que a tratativa selada entre PT e PSB "foi a construção possível" no esforço de reaglutinar o "campo progressista" em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
"A esquerda precisa se reunificar", respondeu o parlamentar. "Não vai dar para unificar tudo agora, mas unifica uma parcela. Esse gesto que fizemos sinaliza para esse caminho."
De acordo com Guimarães, o partido espera agora que o PCdoB também faça parte da composição. "Temos até o dia 15 para isso (negociar com os comunistas). O diálogo continua."
Deputado federal por Minas e um dos defensores da aliança com Ciro, Júlio Delgado (PSB) admitiu ao O POVO ontem que, feito o acerto com o PT, o "partido vai caminhar naturalmente para a neutralidade" nas eleições e liberar os diretórios estaduais.
À reportagem, a deputada estadual em Pernambuco Teresa Leitão (PT) lamentou a costura que resultou no acordo entre as duas agremiações. "Essa decisão é muito prejudicial ao fortalecimento do PT e não traz nada para a candidatura de Lula. Ao contrário, atrapalha", criticou.
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