sexta-feira, 29 de junho de 2018

Lula lidera pesquisa; em cenário sem o petista, Bolsonaro e Marina empatam tecnicamente

Preso há mais de dois meses pela operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera pesquisa Ibope de intenção de voto para a Presidência da República, realizada em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada ontem. O petista aparece na pesquisa com 33%. Na sequência, aparecem Bolsonaro (15%) e Marina (7%). Ciro e Alckmin vêm em seguida, em situação de empate técnico, com 4% das preferências. Já Álvaro Dias aparece com 2%. Mesmo preso, Lula também lidera a pesquisa de intenção voto espontânea, com 22%.

Na pesquisa estimulada, em um cenário sem a participação de Lula, deputado Jair Bolsonaro (PSL) está tecnicamente empatado com a ex-senadora Marina Silva (Rede) na corrida ao Palácio do Planalto. Bolsonaro continua na liderança, com 17% das intenções de voto, e Marina vem a seguir, com 13%. Mas, como a margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, ocorre no limite um empate técnico entre os dois pré-candidatos.

Nesse mesmo cenário, de pesquisa estimulada e sem o nome de Lula — que foi condenado e pode ser impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa —, Ciro Gomes (PDT) fica com 8% das preferências, empatado tecnicamente com o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, que pontua 6%. Álvaro Dias (Podemos) aparece com 3%.

A chamada taxa de alienação, que considera a soma de abstenções com votos brancos e nulos, alcançou 41%. Segundo o cientista político Antonio Lavareda, essa indefinição é inédita a cem dias das eleições desde a redemocratização do País.Como comparação, em pesquisa feita entre os dias 1º e 2 de julho de 1989, o candidato Fernando Collor de Mello, então no PRN, tinha 40% das intenções de voto, segundo o Datafolha. Leonel Brizola (PDT) aparecia em segundo lugar, com 12% em uma eleição caracterizada pela fragmentação de candidatos — foram 22 ao todo.
Quando o nome de Lula foi apresentado aos entrevistados pelo Ibope, a taxa
de alienação caiu para 28%, mesmo número da eleição presidencial de 2014 — quando o petista estava entre os nomes pesquisados.

Para Lavareda, isso indica que o voto desses eleitores indefinidos vai se distribuir entre todos os pré-candidatos, ainda que a tendência é a maioria migrar para um presidenciável da esquerda. Esse cenário dificulta o cálculo político das elites partidárias, que esperam encontrar nas pesquisas um rumo para definir alianças e candidaturas.

“No centro, não há um candidato que possa claramente atrair as demais candidaturas. O pobre do eleitor não é estrategista político. É uma grande ingenuidade pensar que ele vai substituir o papel dos políticos profissionais. Cabe a estes a tarefa de escolher as candidaturas. Sem isso, a chance de o centro ir para o segundo turno fica reduzida”, afirmou ele.

Essa indefinição, de acordo com Lavareda, deve permanecer até a campanha eleitoral. “O que modifica intenção de voto é a campanha eleitoral, não a pré-campanha, o que mostra os limites das ações em redes sociais”, afirmou.
Agência Estado

PESQUISA IBOPE/CNI
A pesquisa foi feita entre 21 e 24 de junho, com 2 mil eleitores em 128 municípios brasileiros. A margem de erro estimada é de dois pontos porcentuais para mais ou menos e o nível de confiança utilizado é de 95%.

Nenhum comentário:

Postar um comentário