O Governo do Estado do Ceará assumiu o compromisso de aplicar R$ 1,9
bilhão na área de Ciência e Tecnologia nos próximos dez anos. Em 2018,
1,01% da receita tributária líquida do Estado será destinada para a
Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(Funcap). A meta é aumentar essa porcentagem gradativamente até 2027
para 2% da receita (veja o quadro).
Segundo
o presidente da Funcap, Tarcísio Pequeno, a utilização desses recursos
se dará por meio do apoio à formação de cientistas, com a concessão de
bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado; da expansão da
área de inovação, sobretudo a empresarial; e da pesquisa em inovação na
esfera pública, que corresponde a novo viés da Funcap.
Dessa forma, a fundação financiará projetos que conectam as
universidades, os programas governamentais, as necessidades locais e as
demandas de desenvolvimento do Ceará. Exemplo citado por Tarcísio
Pequeno é o programa Cientista/Chefe, previsto para ser implantado
ainda este ano em áreas como Saúde, Segurança Pública e Planejamento.
“A Funcap vai colocar nas secretarias mais estratégicas um cientista
que será responsável por identificar as ações de Ciência e Tecnologia
que podem ser desenvolvidas”, explica. Para o pró-reitor de
Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC),
Antônio Gomes, a notícia é “muito boa” porque parte desses recursos vai
financiar atividades de pesquisa relacionadas com a solução de
problemas do Estado. “É uma visão interessante e integrada da Ciência
com as atividades do Estado”, afirma.
O progresso gradual até 2%
visa cumprir o artigo 258 da Constituição do Estado do Ceará, que
determina a obrigação de manter uma fundação de amparo à pesquisa,
“atribuindo-lhe dotação mínima, correspondente a dois por cento da
receita tributária como renda de sua administração privada”.
De
acordo com o titular da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação
Superior (Secitece), Inácio Arruda, a medida é uma “conquista”, pois o
Governo ainda não tinha conseguido cumprir o artigo desde a aprovação da
Constituição, de 1989.
“É uma decisão histórica que marca uma
nova etapa na compreensão do Estado de que investir em conhecimento,
ciência, tecnologia e inovação e estratégico para o nosso
desenvolvimento, é fator gerador de riqueza”, declara.
Conforme
a presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à
Pesquisa (Confap), Maria Zaira Turchi, a vinculação prevista
constitucionalmente garante à Funcap ter programas regulares com os
quais as comunidades científica e empresarial podem contar, além de
atrair recursos, por meio de programas realizados em parceria com
agências nacionais. “Para ter esses programas no Estado é necessário ter
recurso estadual em contrapartida e atrair, assim, o recurso da
agência federal”, explica. O valor alocado para 2018 já representa
quase o dobro em comparação a 2017, quando 750 bolsas de iniciação
científica da Funcap não foram imediatamente renovadas por falta de
verba para lançar novo edital que permitisse a continuidade do
programa. Segundo o secretário Inácio Arruda, o que houve foi um “lapso
puramente temporal”, pois em vez de o edital ser lançado em setembro,
só foi em dezembro. Para Tarcísio Pequeno, o recurso, em uma década,
vai assegurar e ampliar o apoio na área de Ciência e Tecnologia,
trazendo um diferencial para a comunidade. “A garantia de evolução de
recursos nos permite planejar e ousar”. Criada em 1990, a Funcap
desenvolvia, até 2008, ações de apoio a projetos científicos, em geral,
com a contrapartida dos órgãos nacionais, passando depois a também
realizar ações de inovação.
R,9 BILHÃO É
o total previsto para a Funcap de 2018 a 2027. Valores anuais são
atrelados a percentuais de receita tributária líquida do Estado
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