segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Após chacina, Estado terá apoio federal para investigação

01:30 | 29/01/2018
GOVERNADOR participou de reunião de força-tarefa ontem, na sede da SSPDS CARLOS GIBAJA/GOVERNO DO CEARÁ
GOVERNADOR participou de reunião de força-tarefa ontem, na sede da SSPDS CARLOS GIBAJA/GOVERNO DO CEARÁ
“O Governo Federal tem que cumprir sua responsabilidade. Não produzimos arma no Ceará, não produzimos droga”. Embora a afirmação tenha sido feita ontem à tarde, 28, pelo governador Camilo Santana (PT), não é de agora que o petista critica diretamente a União a respeito do combate ao crime organizado. Contudo, só depois que o governador reforçou o posicionamento em coletiva à imprensa sobre força-tarefa estadual para investigar crimes associados às facções, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, decidiu responder. Em nota divulgada à noite, o Ministério “devolveu a responsabilidade” sobre a segurança pública para o Estado, mas se comprometeu a dar suporte técnico.
A resposta do ministro acompanhou a repercussão da maior chacina da história do Ceará, que vitimou pelo menos 14 pessoas na madrugada do último sábado, no bairro Cajazeiras, periferia de Fortaleza. Para contribuir na investigação e no compartilhamento de informações de inteligência, o Ministério da Justiça anunciou o envio de equipes da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
A União, segundo Torquato Jardim, “seguirá cumprindo o papel de oferecer apoio técnico e financeiro aos estados, como vem fazendo regularmente, para que os órgãos de segurança pública trabalhem de forma integrada e harmoniosa, ainda que os governantes não solicitem apoio por razões eminentemente políticas”.
Horas antes do posicionamento do ministro, Camilo chegou a dizer, em entrevista coletiva na sede da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que havia solicitado audiência com o presidente Michel Temer (PMDB) para cobrar ações mais efetivas do Governo Federal no enfrentamento ao tráfico de drogas e na proteção das fronteiras do País.
Na mesma ocasião, o governador afirmou ter pleno controle da segurança pública do Ceará — “O controle é e sempre será do Estado” — e anunciou três estratégias para combater as facções criminosas.
A primeira ação, que deve ser posta em prática a partir de hoje, reúne instituições de Justiça e Segurança em espaços físicos integrados para consolidar informações e agilizar tomada de decisões.
A segunda medida é a criação de vara judicial específica para julgar crimes relacionados às facções. A terceira recorre ao suporte de inteligência da Polícia Federal
Apresentado por Camilo como força-tarefa em resposta à chacina de Cajazeiras, o plano de integração vinha sendo discutido institucionalmente antes mesmo do massacre. O POVO apurou que tanto a Polícia Federal quanto o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) já negociavam com o Governo estratégias próprias para apoiar o combate ao crime organizado.
No sábado, 27, quando a chacina do bairro Cajazeiras foi noticiada como sendo a maior da história do Ceará e a segunda registrada este ano, o titular da SSPDS, André Costa, classificou a matança como “um evento isolado”.
Mesmo que não tenha atribuído a autoria do massacre a nenhuma facção criminosa em específico para não atrapalhar as investigações, que permanecem em andamento, o governador tentou ponderar o posicionamento do secretário afirmando, ontem, que a chacina ocorreu de forma selvagem, lamentável e desumana, tendo ultrapassado todos os limites. “Inaceitável”, definiu Camilo.
MINISTÉRIO, EM NOTA:
“O reforço tem objetivo de propiciar aos órgãos de segurança do Estado que atuem para reprimir de forma exemplar a ação de grupos criminosos envolvidos na chacina do último sábado”

LUANA SEVERO

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