Porém, antes de tirar o objetivo do papel, é necessário planejamento e corte contínuo de gastos, especialmente com supérfluos. “A primeira coisa a pensar é se você pode bancar o sonho; sem planejamento jamais”, enfatiza Alessandra Araújo, professora dos cursos de Finanças e Economia da UFC de Sobral, acrescentando que já começou a comprar euros antecipadamente para uma viagem que pretende realizar em 2018. “Quem quer ir para fora do País tem que ver qual melhor moeda a comprar. A longo prazo, já vai adquirindo quando houver boa cotação, já que o câmbio é imprevisível”. Orienta ainda que o gasto com o objetivo idealizado, seja qual for, deve estar dentro de um limite que não ultrapasse 30% do orçamento mensal.
Outro ponto a não esquecer, lembra o economista Vítor Leitão, é analisar as contas e fazer um diagnóstico da sua real situação financeira. “É importante fazer e conhecer bem o orçamento pessoal e familiar, projetar quanto deverá ganhar, quais gastos fixos se manterão e estimar os gastos variáveis, como os de lazer e de supermercado”.
Após planejar bem o orçamento, é hora de hierarquizar os sonhos, elegendo qual deseja realizar primeiro. “Qualquer que seja seu sonho, coloque em uma ordem de preferência com o custo ao lado. A partir daí, inclua um prazo para conseguir isso”, indica Mauro Calil, educador financeiro e fundador do site Academia do Dinheiro. Se a festa de casamento é mais cara que a viagem para outro País, mas é o objetivo inicial, analise se o prazo e valores estipulados os tornarão possíveis. Caso o sonho não seja compatível com o orçamento, Calil garante valer a pena empreender um esforço. “Nessa fase vale tudo para ter uma renda adicional: fazer rifa, vender brigadeiro na praça...”.
Arthur Lemos, educador financeiro e diretor da Unidade DSOP em Recife, alerta que é imprescindível ter cuidado para que o sonho não se transforme em delírio. “Pra virar meta, tenho que responder a algumas perguntas: o quê eu exatamente quero? E ter isso com muita clareza. Vou viajar, mas quando? Onde vou me hospedar? Por quantos dias? Se vou trocar de carro, por qual modelo, qual cor, com quais acessórios?”. Só assim, explica, o projeto terá um custo viável associado e sem risco de endividamento.
Definir se os objetivos são alcançáveis também é uma forma de não se frustrar. “Quando (a meta) vira frustração, você deixa de fazer o orçamento para fazer uma loucura. Depois, não vai ter como pagar e manter o gasto”, complementa Vítor.
Envolvimento familiar
Além de se policiar para não contrair dívidas ou realizar compras desnecessárias, é importante que o “sonhador”, caso more com outras pessoas, envolva toda a família no planejamento e execução do projeto, para que todos poupem e concentrem esforços. “É preciso identificar os impactados no sonho: é um sonho sozinho? Em casal? Em família? Cada caso é um caso, mas é necessário envolvê-los no sonho”, afirma Calil.
Para Alessandra, saber o perfil de consumo da família também é essencial. “Se você compartilha com a família o que almeja, todos podem fazer esforço conjunto. Se não contar com a família, fica difícil porque cada um vai ter seu desejo”.
Conforme Lemos, as decisões financeiras inteligentes devem partir de todos e não apenas de um único membro da família. “Não adianta. Todos têm que contribuir para o sonho, senão um puxa a corda pra um lado, outro pra outro, e uma hora ela arrebenta”. A conversa com a família, destaca, não deve se restringir a uma reunião familiar, onde as pessoas geralmente mantêm uma postura defensiva ao saber da possibilidade da redução de seus padrões de vida. Mas a um acordo em comum, mirando um objetivo maior e que vai beneficiar a todos. “A proposta é sentar à mesa e dizer: Qual nosso sonho? Quanto custa? Quando será? Pra fazer isso com tranquilidade, o que podemos reduzir, substituir ou eliminar?”, sugere.
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