sábado, 3 de dezembro de 2016

Prefeito eleito, empresários e bancários são alvos da PF

O prefeito eleito de Morada Nova, Wanderley Nogueira (PT), e outras seis pessoas, entre bancários e empresários, foram indiciados pela Polícia Federal (PF) por crimes contra o sistema financeiro durante a Operação Default, deflagrada na manhã de ontem. Segundo o delegado Cláudio Carvalho,coordenador da operação, o grupo teria causado um prejuízo de aproximadamente R$ 41 milhões ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB), por meio de empréstimos e financiamentos fraudulentos.

Após intimação, todos prestaram depoimento, ontem, na sede da PF, no Bairro de Fátima.Não há mandado de prisão para os suspeitos.Conforme o delegado Carvalho, entre 2009 e 2010, Wanderley efetuou empréstimos junto ao Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), de forma irregular, para o financiamento de maquinário pesado. Os valores, porém, nunca foram pagos ao BNB.

“Essa organização criminosa se instalou nas estruturas de poder do BNB e financiamentos foram conseguidos para empresas que não tinham capacidade econômico-financeira para tanto”, disse o delegado, em entrevista coletiva. Carvalho ressaltou que os procedimentos burlaram normas internas do BNB e que o grupo agiu de modo premeditado, com o intuito de “lesar o erário público federal”, com a ajuda de funcionários do banco, incluindo pessoas que ocupavam cargos de direção na entidade à época.

Esquema
Os benefícios foram concedidos a três empresas situadas em Limoeiro do Norte: a Wander Nogueira Serviço de Terraplanagem LTDA, a JV Nogueira Combustível, e a Wander Motor Center Peças e Serviço de Moto LTDA. Todas pertenceriam a Wanderley. “Os recursos serviram para a compra do maquinário, mas as empresas que obtiveram o financiamento entraram em inatividade, enquanto novas empresas, com outros nomes, foram abertas e estão operando com as máquinas”, detalhou.

Carvalho disse ainda que as novas empresas participam e venceram diversas licitações, no Ceará e até mesmo no Tocantins. Porém, não há suspeita de fraude nos certames. “O que há é ilicitude na origem de compra das máquinas. A obtenção dos recursos foi resultado de uma fraude. E o objetivo da operação não é só a repercussão no âmbito penal, da punição, mas também o ressarcimento ao erário público”, completou.

Pelo menos 28 medidas cautelares, como busca e apreensão e intimação, foram cumpridas, na Capital e nos municípios de Limoeiro do Norte (terra natal deWanderley), Morada Nova e Tabuleiro do Norte, além de Mossoró (RN), onde atualmente trabalha um funcionário do BNB investigado.

O material apreendido passará por análise e somente após a conclusão dos trabalhos os próximos passos da investigação serão adotados.Por meio de nota, o BNB informou que “instaurou, na época dos eventos, sindicância e processo administrativo para apuração das responsabilidades funcionais, ambos já concluídos, e as operações encontram-se em processo de cobrança judicial”.

Procurado pelo O POVO, Wanderley negou “veementemente” as acusações. Por meio de nota, afirmou que os empréstimos foram contraídos “dentro dos requisitos necessários”, que a empresa Wander Nogueira continua “operando regularmente” e que as garantias ofertadas para a obtenção dos financiamentos foram “devidamente avaliadas dentro dos indicadores do mercado imobiliário, devendo ser considerada a enorme evolução dos valores no mercado imobiliário”. (colaborou Larissa Pacheco)

Saiba mais

Segundo o delegado Cláudio Carvalho, o nome da operação, deflagrada na manhã de ontem, remete ao esquema de empréstimos fraudulentos. Na linguagem financeira, default é sinônimo de calote. As investigações tiveram início em outubro de 2014, após uma notícia-crime apresentada ao BNB, anonimamente. Uma auditoria foi realizada pelo BNB, quando elementos da materialidade dos delitos foram encontradas, e a PF foi acionada.

Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de intimação,cinco mandados de sequestro de bens. Imóveis e veículos foram indisponibilizados. Foram apreendidas 49 máquinas pesadas, 38 caminhões, documentos e equipamentos eletrônicos. Os mandados foram expedidos pelo titular da 15ª Vara Criminal da Subseção Judiciária de Limoeiro do Norte, juiz André Vieira de Lima.Participam da operação 57 policiais federais.

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