sábado, 3 de dezembro de 2016

Cearense gasta mais de 30% com aluguel

Cada vez mais brasileiros têm usado parte considerável da renda para morar. Segundo os dados da Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados ontem, 32% dos que vivem em residências alugadas comprometem mais de 30% de sua renda com o aluguel, valor considerado “ônus excessivo” pelo órgão. No Ceará e Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) o comprometimento é maior. Representa 30,6% e 33,6%, respectivamente.
Em 2005, no Brasil, só 24,3% comprometiam mais do que 30% com o valor do aluguel. No Ceará, a proporção era de 16,4% e na RMF, 19,8%. O dado reflete a disparada nos preços dos aluguéis no País. O índice FipeZap mostra que, entre fevereiro de 2008 (último dado disponível) e dezembro de 2015, o aluguel médio no País aumentou 106,92%, bem acima da inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 63,60% no período. Além disso, a renda do trabalhador não acompanhou a velocidade dos preços dos aluguéis. Entre 2005 e 2015, o rendimento médio subiu 31%.

O presidente do Sindicato da Habitação no Ceará (Secovi), Sérgio Porto, com base apenas nos dados do IBGE, faz outra avaliação. Considera que nesse período houve maior produção de imóveis, crescimento da renda e situação de quase pleno emprego, o que fez com que mais gente saísse da situação de co-habitação e subhabitação para alugar ou comprar o próprio imóvel. “O crescimento dos aluguéis não superou o crescimento da renda”, afirma.

Para o analista do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), economista Daniel Suliano, os dados do IBGE refletem o movimento de migração da população para áreas urbanas gerando pressão sobre os aluguéis. “Com a pressão os preços tendem a se elevar e a comprometer mais o orçamento das famílias”, diz, destacando que cada vez mais se vê o comprometimento da renda com custos de moradia.

Em 2015, 17,4% das famílias brasileiras viviam em imóveis alugados, um avanço em relação aos 16% de 2015. No Ceará, a proporção era de 17,3% em 2015 ante 14,5% em 2005. Na RMF, em igual período, passou de 18,2% para 22,1%.

O IBGE informa que a proporção de pessoas em ônus excessivo com aluguel (situação em que o valor do aluguel mensal iguala ou supera 30,0% da renda domiciliar mensal) é maior no Rio de Janeiro e Brasília. São os locais onde há mais gente com gasto excessivo com aluguel: 38,5% e 38% das pessoas que moram em imóvel alugado, respectivamente.

No Nordeste, onde a proporção de pessoas com ônus excessivo é de 30%, em média, a Região Metropolitana de Recife tem o maior percentual (40,9%). Em seguida vem a Região Metropolitana de Salvador, com 35%.

Sérgio Porto avalia ainda que entre 2005 e 2015 houve grande produção do mercado imobiliário, o que serviu para tirar a pressão dos preços dos aluguéis. Lembra que em 2004, o volume de recursos para financiamento de imóveis no País era de R$ 4 bilhões/ano e chegou a R$ 113 bilhões. “No meu entendimento, esse movimento aliviou qualquer pressão sobre o aluguel”.

NÚMEROS

32%
dos que vivem de aluguel no Brasil comprometem mais de 30% de sua renda

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