“Senhor, tenha piedade de seu povo, Senhor perdoai tanta crueldade”, foi a mensagem que escreveu no “Livro de Honra” dos visitantes. Solitário e meditativo, percorreu o local onde mais de um milhão de pessoas, em sua imensa maioria judeus, foram assassinadas.
Entrou a pé e atravessou sozinho e em silêncio a placa da entrada, tristemente famosa pelo lema “Arbeit macht frei” (O trabalho liberta), com o qual os nazistas recebiam os deportados.
Logo após atravessar o portão de entrada, sentou-se em um banco e mergulhou em uma oração silenciosa, com a cabeça baixa, os olhos por vezes fechados, durante mais de dez minutos.
Um carro elétrico o levou perto do Muro da Morte, onde os alemães nazistas executaram milhares de prisioneiros com um tiro na cabeça. Um grupo de doze sobreviventes do campo de extermínio, poloneses, judeus e ciganos, incluindo a violinista da orquestra do campo, Helena Dunicz-Niwinska, de 101 anos de idade, estavam à espera de Francisco.
O papa trocou algumas palavras com cada um e acendeu uma vela no Muro da Morte, que ele tocou com a mão. Uma das sobreviventes, Janina Iwanska, de 86 anos, afirmou à AFP que estava “muito emocionada”.
“Eu queria ajoelhar-me diante dele, mas ele me tomou em seus braços e beijou minhas bochechas”, disse por telefone alguns minutos após o encontro.
O papa pareceu para ela “não só muito triste, mas também muito cansado”.
Um dia antes, ela havia dito que sentia que o papa vinha principalmente para ver os sobreviventes.
“Os outros papas vieram visitar o local do campo, e ao mesmo tempo encontrar sobreviventes, e este veio para encontrar os sobreviventes”, declarou. “Eu disse a ele que este encontro era um presente por tudo o que me aconteceu na vida. A mensagem foi traduzida e ele sorriu para mim.” Outro sobrevivente, Alojzy Fros, que completará cem anos em dezembro, teria gostado que o papa lhe dissesse o que pensa sobre a situação europeia e a questão dos refugiados.
“Coisas horríveis acontecem no mundo de hoje. Às vezes são horrores piores do que em Auschwitz, como a morte do padre degolado em sua igreja” na França, considerou. Mas ele também se lembra muito claramente dos horrores passados no campo nazista.
“Pouco depois de minha chegada, fui para a enfermaria. Vi atrás de uma porta entreaberta corpos nus empilhados um sobre o outro como troncos de madeira, uma pilha de cerca de um metro de altura. Eram pessoas que a SS considerava inaptas ao trabalho e que por isso foram mortas com uma injeção no coração. Quando eu fecho meus olhos, eu ainda tenho essa imagem diante dos meus olhos”.
Francisco também rezou na cela subterrânea onde morreu o santo polonês Maximiliano Kolbe, franciscano como ele, que ofereceu a sua vida para salvar a de um pai de família. (Francepress)
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