‘‘O PT de Fortaleza terá (pré) candidata, e essa candidata é a Luizianne de Oliveira Lins”, proclamou, sob aplausos e gritos de guerra, o presidente da sigla em Fortaleza, Elmano de Freitas. O anúncio, feito logo após escolha majoritária do diretório municipal da legenda, contrariou posicionamento de grupos do PT ligados ao governador Camilo Santana, que não compareceu ao encontro na tarde de ontem.
Prefeita de Fortaleza entre 2005 e 2012, a deputada federal vai disputar o cargo pela terceira vez priorizando áreas mais pobres da cidade, segundo ela. “Não tenho a menor dúvida de que, de todos os candidatos que estão aí, quem mais conhece Fortaleza é a nossa candidatura”, disse.
Único nome colocado internamente para disputar posto de pré-candidatura, Luizianne não recebeu votos contrários, mas algumas abstenções de correligionários como o vereador Acrísio Sena e o presidente da sigla no Ceará De Assis Diniz, além de pessoas ligadas ao deputado federal José Guimarães.
O argumento deles é de que o partido precisa de mais tempo para conversar com Camilo, aliado do prefeito Roberto Cláudio (PDT). As abstenções, de acordo com Acrísio, seriam “uma forma de protestar pela falta de tempo de se articular uma tática eleitoral unificada”.
O vereador não esconde preocupação de que escolha possa afetar “unidade” da legenda nas eleições. Quem também tocou nesse ponto foi De Assis, que disse que “decisão deveria ser negociada com o governador”.
“Se ele queria dialogar, o mais correto era tentar conciliar uma posição que atendas os interesses do PT e do governador”, disse. Logo em seguida, porém, De Assis lembrou que “ele tem compromisso com o prefeito Roberto Cláudio” e que agora o que deve ser feito é “ter calma” para dialogar com ele.
Luizianne e Elmano, porém, negam racha do PT. “Em 2004 a gente tinha uma divisão forte, nós ganhamos com apenas dois votos”, disse Luizianne, contrastando com decisão de agora, feita por ampla maioria.
Próximo passos
Em discurso após votação, Luizianne negou que houve pouco diálogo. “Passamos o ano passado toda em plenárias lotadas de militantes”, disse. Segundo ela, ainda no início de 2015 o diretório municipal protocolou um pedido para conversar com o governador, que não foi atendido.
“Chegou um ponto em que a gente tinha que decidir, esse encontro já tinha sido adiado duas vezes”, afirmou. Ela disse que vai conversar com o Elmano para tentar marcar essa conversa com Camilo “imediatamente” e gaguejou, quando questionada, se esperava esse apoio. “Esperar que ele possa apoiar, compreender... Esperar não custa nada, né?”
Bastidores
“Perdemos”
A decisão pelo nome da deputada federal já era dada como certa antes mesmo do início do encontro. Ao entrar no auditório repleto de faixas com seu nome, a deputada federal foi aclamada por militantes que cantavam “Roberto Cláudio vai cair”. Quem defendia adiamento da decisão já lamentava meia hora antes, quando reunião fechada já havia decidido que nome teria de sair ontem. “Perdemos”, já havia dito uma delegada ao vereador Acrísio Sena.
Divisão
Aos cochichos, delegados e filiados do PT criticavam correntes da sigla que apoiavam adiamento da escolha do nome. Discursos que justificaram abstenções foram vaiados.
Números
De 157 delegados do PT, 144 participaram do encontro e, segundo PT municipal, votaram. Grupo contrário à escolha do nome é formado por cerca de 40 pessoas, mas as abstenções não passaram de 10.
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