Depois de sete anos com o filho na escola particular, a autônoma Valdênia Sousa, 37, foi chamada pela diretora. “Não dá para continuar”, foi o recado dado à mãe. Ela passou os dois anos seguintes buscando vaga para Francisco Alexsander, com deficiência intelectual. Foram várias negativas até conseguir matrícula na rede pública municipal. Aos 17 anos, ele cursa pela terceira vez o 5° ano do ensino fundamental.
Em negociação com os gestores, Valdênia achou melhor o filho repetir de ano e continuar as atividades com o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Chegar ao 6° ano, para o filho, significaria mudar de escola. “Na conversa com o outro colégio, senti que vão criar obstáculos”, explica a mãe. A situação de Alexsander reflete um cenário maior: a dificuldade dos estudantes com deficiência em continuar os estudos.
O descompasso é visto nos dados de matrículas de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Enquanto mais de 18 mil estudam do 1° ao 5° ano no Ceará, o acesso cai drasticamente do 6° ao 9° ano (9,1 mil alunos) e piora no ensino médio (1,9 mil alunos), segundo dados de 2014.
Educadores sem habilidade e falta de diálogo entre equipe pedagógica e professores especializados são entraves elencados por Rodrigo Hübner Mendes, superintendente do Instituto Rodrigo Mendes e mestre em Gestão da Diversidade Humana.
No Ensino Médio, os desafios aumentam com a desconexão entre o que se ensina e o que se vive na juventude. “A educação contemporânea deveria valorizar competências que vão além do ler, escrever e o calcular”, aponta.
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