Responsável pela investigação de crimes, a Polícia Civil do Ceará tem hoje o menor efetivo proporcional ao número de habitantes no Brasil. Com 3.408 habitantes para cada policial civil no Estado, a instituição tem efetivo de 2.576 agentes, entre escrivães, inspetores e delegados. No Brasil, a proporção é de 1.709 pessoas para cada policial. Os números foram divulgados ontem na Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base em dados de 2014.
Para a coordenadora do Laboratório de Direitos Humanos, Cidadania e Ética da Universidade Estadual do Ceará (Labvida-Uece), Glauciria Mota Brasil, o dado implica na baixa resolutividade dos crimes. “Se não tem policiais o bastante para atender à demanda, os crimes se acumulam sem solução. Nos anos 1980, nós tínhamos, em média, 3.500 policiais civis no Ceará. Hoje, com uma população que é praticamente o dobro, temos menos”, cita.
A pesquisadora ainda afirma que o número pode ser menor quando considerados os policiais em processo de aposentadoria ou licenciados. “E isso aumenta a sensação de insegurança, porque se não se resolvem os crimes, garante-se a impunidade”, aponta.
“Em levantamento que fizemos no Sistema de Informações Policiais (SIP) em 2014, apenas 2% dos Boletins de Ocorrência de ações civis incondicionadas (furtos e roubos) geraram inquéritos policiais. Porque, se não temos o efetivo necessário, a gente prioriza homicídio, tráfico de drogas e estelionato”. A afirmação é do presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Ceará (Sinpol), Gustavo Simplicio.
Ele aponta problemas como os baixos salários de escrivães e inspetores para a evasão dos policiais. De acordo com Simplicio, o número ideal de policiais civis no Estado deveria ser em torno de 15 mil, efetivo que deixaria o Ceará com uma proporção de 589 habitantes por agente, aproximando-o de Roraima - o mais bem posicionado do País, conforme a pesquisa, com média de 568 habitantes por policial.
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