“Ceará é destaque em oncofertilidade”
Segundo o médico Fábio Eugênio, o Ceará é o único que está desenvolvendo essa técnica no Nordeste
CAMILA VASCONCELOS
Da Redação
Da Redação
A preservação da fertilidade de pacientes com câncer tem ganhado destaque na Medicina Reprodutiva atual. A técnica é chamada de oncofertilidade. O ginecologista, especialista em Medicina Reprodutiva e diretor clínico da Clínica Bios, Fábio Eugênio, oferece, através de técnicas de congelamento de óvulos e de tecido ovariano, o sonho da maternidade a mulheres com câncer no Ceará.
Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado, ele falou sobre o que é a oncofertilidade, os tipos de técnicas aplicadas, as indicações e contraindicações, os custos e o perfil de mulheres que podem usufruir desta descoberta da medicina.
Doutor Fábio Eugênio, como surgiu a oncofertilidade?
Antigamente, a preocupação era unicamente em preservar a vida da paciente com câncer. Mas, com o avanço das técnicas, esses tratamentos se tornaram menos agressivos, mais eficazes e curativos. Hoje, a grande maioria dos cânceres, quando detectado precocemente, é curável. Se a mulher ficar curada e estiver em idade reprodutiva, ela ainda pode realizar o desejo de ser mãe. Porém, o problema é que, com a utilização da quimioterapia, muitas células boas do corpo são destruídas. Uma delas são as células dos ovários. Dependendo do tipo de quimioterapia, o ovário entrava em falência com a destruição dos folículos primordiais e muitas, inclusive, entravam em menopausa. A radioterapia, quando utilizada na região pélvica da mulher, também leva à destruição de células. Houve, então, a demanda das mulheres que queriam ser tratadas do câncer, mas também queriam preservar sua fertilidade. Na junção dessas duas situações, é que começou a crescer a prática da oncofertilidade, que trata da preservação da fertilidade da mulher que é submetida a um tratamento de câncer.
Atualmente, quais são as técnicas aplicadas?
Pra preservar a fertilidade da mulher, a gente tem que guardar os óvulos. A mulher tem uma característica de que ela nasce com um conjunto de óvulos, mas que ao longo da vida eles vão perdendo a vitalidade e a mulher não produz mais nenhum óvulo novo. A ideia, portanto, é preservar os óvulos antes que eles sejam destruídos pela quimioterapia. Existem basicamente duas técnicas, uma que é o de retirar os óvulos e congelar por um método chamado vitrificação. O outro é a técnica de congelamento do tecido ovariano, onde se retira uma fatia do tecido do ovário e congela. Futuramente, quando ela tiver curada do câncer, ela deverá, inicialmente, tentar engravidar espontaneamente, caso ela tenha alguma função ovariana residual. Se ela não conseguir, os óvulos que ela congelou serão utilizados para a técnica da fertilização invitro, que é fertilizado com o espermatozoide do marido e depois implantado no útero da mulher. Na situação do congelamento do tecido do ovário, futuramente, após exames, se ficar constatado que ela está com a função ovariana zerada, aquele pedacinho é reimplantado na pelve da mulher por procedimento cirúrgico.
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