sexta-feira, 29 de maio de 2015

CONFORME ENTIDADES

Solução para Saúde é planejamento

29.05.2015

Um mês após a crise na Saúde vir à tona, especialistas apontam a necessidade de pensar no setor a longo prazo

Pacientes sendo atendidos no chão, secretário renunciando ao cargo, corredores de emergências lotados, postos em condições precárias, agravamento de epidemias e autoridades buscando ajuda federal para dar conta de um dos piores momentos da saúde pública no Ceará. Esses foram alguns dos principais desenrolamentos da crise do setor no último mês e relatados pelo Diário do Nordeste. Neste meio tempo, cobranças, promessas e avanços reais permearam as discussões sobre a situação.
Na avaliação de envolvidos nos debates, embora ações de caráter emergencial tenham sido anunciadas; a exemplo do aporte de R$ 25 milhões em repasses do Ministério da Saúde, divulgado ontem, e a indicação de um concurso para profissionais de Medicina em Fortaleza, na semana passada, a saída da crise ainda depende do melhor planejamento na rede e da maior prioridade à atenção básica e às unidades secundárias.
"Alguns recursos foram anunciados, mas para um contingenciamento emergencial da situação problemática de hoje. É preciso pensar a longo prazo. Este é o momento de planejar bem a Saúde e visualizar os serviços como a rede que deveria ser, integrando a atenção básica, a secundária e a terciária", defende Aluízio Jácome, supervisor do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas da Defensoria Pública do Estado do Ceará.
Neste mês, o órgão liderou inspeções aos principais hospitais públicos do Estado e constatou atendimento insalubre. O defensor observa que os novos investimentos prometidos para a área podem ter impacto positivo, mas ressalta que ainda é cedo para afirmar que houve melhorias. "Já tivemos algumas decisões importantes, mas precisamos aguardar para ver se isso realmente terá um efeito no futuro", salienta Jácome.
Pressão
Carmelo Leão, presidente da Associação dos Médicos do Ceará (AMC), afirma que as exigências da população e de entidades de interesse público têm provocado mudanças de postura por parte dos gestores. "A pressão geral fez com que o Governo saísse da inércia", diz. Apesar dos encaminhamentos para tentar amenizar a situação, grande parte dos problemas continuam, diz ele. "O número de pacientes nos corredores permanece alto, e a superlotação também", completa.
Leão lembra, ainda, que a saída de Carlile Lavor da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), no início deste mês, após renunciar ao cargo de titular, foi reflexo do contexto conturbado na Saúde e deixou o cenário mais instável. O médico aponta a necessidade de se escolher um novo chefe para a Pasta, que permanece comandada pelo interino Henrique Javi. "Se perde a previsibilidade sobre a continuidade do trabalho. Pode ser que tudo o que se discutiu seja perdido com a chegada de outro gestor".
Para abrandar a crise, o presidente do Conselho Estadual de Saúde (Cesau), João Marques de Farias, também argumenta que os trabalhos devem focar no planejamento. Segundo ele, um importante passo seria a priorização da área na elaboração do Plano Plurianual do Governo do Estado para o período 2016-2019, que norteará as ações nos próximos anos. "Queremos que sejam criadas diretrizes para resolver o problema".
Conforme o governador Camilo Santana, esforços são tomados para melhorar a situação. "Brevemente, o ministro da Saúde (Arthur Chioro) vai anunciar ações importantes para o Ceará para reforçar, em termos de recursos e investimentos, não só a Saúde de Fortaleza, como a do Ceará. Estamos trabalhando muito para melhorar as condições da população", garante.

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