terça-feira, 28 de abril de 2015

EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

UPAs atendem 113 nos corredores

28.04.2015

Destes, segundo Sindicato dos Médicos, 18 estão entubados; 367 pacientes ocupam corredores de hospitais

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As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) deveriam atender apenas pacientes de baixa complexidade, sem internação
FOTO: BRUNO GOMES
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O Posto de Saúde Parangaba foi fechado por ordem da Vigilância Sanitária
FOTO: FABIANE DE PAULA
Nos postos de saúde, a falta de medicamentos e a longa espera por uma consulta. Nos Frotinhas e Gonzaguinhas, a falta de pessoal e as reformas que nunca acabam. Nos hospitais de alta complexidade, o cancelamento de cirurgias e a superlotação que levou, ontem, 367 pacientes a serem atendidos em corredores, sendo 113 nas Unidades de Proto Atendimento (UPAs). Destes, 18 estavam entubados, segundo o Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec).
"Onde era para ter o básico, virou UTI (Unidade de Terapia Intensiva)", resume a presidente da entidade, Mayra Pinheiro. Segundo ela, o problema é um ciclo que afeta a rede de atenção primária, secundária e terciária, gerando uma reação em cadeia onde cada área prejudica a outra. "Isso começa com o Programa Saúde da Família (PSF), que hoje não funciona devidamente. A rede está desvirtuada", diz.
Para ela, a crise na Saúde não é exclusividade do Ceará e tem origem em dois fatores: recursos insuficientes e má gestão. "O que investimos na área é menor do que em outros países da América Latina. Somos a primeira economia e o quinto em investimento em saúde", relatou.
Estrutura
Mayra resumiu a via crucis dos cidadãos. "Não temos medicamentos na rede básica. Se o paciente não for tratado, ele vai para um hospital secundário, onde não é atendido por falta de pessoal. Com isso, ele vai piorar e precisar de um atendimento terciário onde não há vagas".
A situação também afeta os profissionais. "Há quem termine o plantão chorando, já vi auxiliares de enfermagem dizendo que não voltariam mais", denuncia. "No HGF (Hospital Geral de Fortaleza), faltava até tubo traqueal. A situação é desesperadora e trabalhamos num estresse físico e profissional", acrescentou a Mayra Pinheiro.
Segundo ela, que é pediatra, neste último fim de semana, a UTI do HGF estava com 29 bebês internados, quando a capacidade é para apenas 16. "Isso se repete em todas as maternidades terciárias do Estado".
O presidente da comissão de Saúde da Ordem dos Advogado do Brasil - Seção Ceará (OAB-CE), Ricardo Madeiro, vê a situação da mesma forma. "O que nós presenciamos hoje é o caos instalado na atenção primária, secundária e terciária", resume. O advogado enumera as deficiências nos postos de saúde e nas UPAs. "A partir do momento em que a atenção primária não funciona, não tem recursos, material e pessoal necessário, não tem abastecimento de medicamentos, vai ter um mal acompanhamento".

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