terça-feira, 31 de março de 2015

ÁRVORES INVASORAS

CE vai proibir plantio de 12 espécies

31.03.2015

Plantas ameaçam espécies nativas do Estado; objetivo é que proibição passe a valer ainda neste ano

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A carnaúba, símbolo do Ceará, corre riscos devido à unha-do-diabo, trepadeira nativa de Madagascar. A planta, que é rasteira e resistente à seca, cresce e floresce rapidamente, escala a copa da árvore, sufocando-a e matando-a
A destruição ambiental não é provocada apenas pelo ser humano. Importantes espécies vegetais correm perigo devido às chamadas plantas invasoras. Um exemplo disso ocorre com a nossa árvore símbolo, a carnaúba, ameaçada de extinção pela Cryptosgia madagascariensis, mais conhecida como "unha-do-diabo". Essa predadora está na lista negra divulgada pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e deverá ser proibida no Estado. Para isso, um decreto governamental, ainda em estudo, prevê o combate ao plantio, produção, transporte e distribuição dessa e de mais 11, como a nim, castanhola, dendê, leucena, mata-fome e algaroba.
Segundo o documento, discutido em evento no Centro de Referência do Parque do Cocó, na manhã de ontem (30), a relação, enumerando as principais espécies vegetais exóticas invasoras no Ceará, não está fechada e ainda poderá sofrer mudanças. A jaca e a ata também podem ser incluídas. "A ideia é encaminharmos o decreto o quanto antes, mas ainda estamos avaliando se é melhor seguir como projeto de lei. O objetivo é que o governador assine o documento ainda neste ano. A partir daí, vamos desenvolver o Programa Estadual de Inibição de Espécies Vegetais Exóticas Invasoras em áreas públicas, que será regulamentada em lei", adianta o titular da Sema, Arthur Bruno.
Controle biológico
O especialista Leonardo Jales, do Movimento Pró-Árvore, parceiro na elaboração do texto, apresentou um estudo, destacando a importância e a urgência do controle biológico e citou o caso de Fernando de Noronha, onde essas plantas causam alerta ambiental no ilha. "No Ceará, o Nim virou uma febre e não somente ela, mas todas, quando competem com as nativas, ganham e, como acontece com a carnaúba, alvo da unha-do-diabo, são uma ameaça à sobrevivência do ecossistema", explica.
Jales defende a instalação de um rede de hortos para o criadouro de mudas nativas, como a peroba, o ipê-roxo e amarelo, o oiti, a carnaúba, macaúba, pitomba, juazeiro, xixá e cajueiro, entre outras.
Ele alertou que, em toda a área do Parque do Cocó, é possível se deparar com indivíduos da "lista negra ambiental". "A leucena aparece nas bordas do espaço e quem costuma fazer as trilhas pode observar a sua proliferação", aponta ele.
Erva
O especialista explicou que a unha-do-diabo é uma trepadeira nativa de Madagascar e foi, provavelmente, importada para o Brasil há 40 anos como uma planta ornamental ou curiosidade botânica. Por ser muito cultivada em jardins devido às belas flores, escapou, naturalizou-se e tornou-se uma erva invasora agressiva em situações naturais do semiárido.

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