DOAÇÕES DE CAMPANHA
CPI começa com protesto na Câmara
27.02.2015
A relatoria, considerado o principal cargo do colegiado, foi entregue pelo PMDB ao petista Luiz Sérgio (RJ)
Brasília. Sob protestos do PSOL e do PPS pela participação de deputados que tiveram suas campanhas bancadas por empreiteiras investigadas no escândalo de corrupção da Petrobras, a CPI que vai investigar irregularidades na estatal foi instalada ontem na Câmara dos deputados. Na primeira reunião, o deputado Hugo Motta (PMDB-PB), foi confirmado como presidente da comissão de inquérito.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) chegou a apresentar candidatura avulsa, mas acabou derrotado. O peemedebista venceu o colega por 22 votos contra 4. A relatoria, considerado o principal cargo do colegiado porque dita o ritmo das investigações e confecciona o relatório final, foi entregue pelo PMDB ao petista Luiz Sérgio (RJ).
Aos 25 anos e em seu segundo mandato, Motta garantiu "imparcialidade" para os trabalhos, embora 60% de sua campanha tenha sido bancada por empreiteiras investigadas na Lava-Jato.
O discurso foi reforçado pelo petista. "Minha postura como relator não me cabe nem proteger nem perseguir ninguém. Tem que agir de maneira firme. Não posso nem pré-condenar nem pré-absolver ninguém", disse.
O relator afirmou ainda que a CPI poderá utilizar investigações anteriores. "Os fatos se evidenciam de que pessoas tenham cometido graves delitos em relação à Petrobras", completou.
PT, PP e PMDB são apontados por investigados da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, como beneficiários do esquema de desvio de recursos e pagamento de propina. Também já houve acusação ao ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto em 2014, como beneficiário de suborno.
Críticas
A primeira sessão da CPI foi marcada pela discussão sobre a imparcialidade da participação de parlamentares que receberam doações nas eleições de 2014 de empresas alvo da investigação.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) apresentou questão de ordem pedindo o afastamento dos parlamentares que receberam essas doações. A proposta recebeu apoio do líder do PPS, Rubens Bueno (PR), mas foi rejeitada pela comissão. Levantamento feito pela Agência Folha mostrou que ao menos 12 dos 27 integrantes receberam pelo menos R$ 3 milhões em transferências da Braskem, Engevix, Queiroz Galvão, Odebrecht, UTC, OAS, Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia e Toyo Setal.
As doações foram registradas legalmente na Justiça Eleitoral.
O PSOL argumentou que a participação desses parlamentares fere o regimento interno e o Código de Ética da Câmara. O foco da CPI é investigar irregularidades na Petrobras entre 2005 e 2015. A CPI tem 27 deputados titulares e o mesmo número de suplentes. Os trabalhos devem ser realizados em 120 dias.
Relator quer apuração de corrupção no governo FHC
Brasília. O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ), defendeu ontem que a CPI investigue também a atuação do ex-gerente executivo de Engenharia da estatal Pedro Barusco.
Barusco afirmou, em delação premiada, que o esquema de propinas da estatal começou com o primeiro contrato de navio-plataforma com a holandesa SBM Offshore, em 1997, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), cujos mandatos foram de 1995 a 2002.
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