+CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Estudo mostra que 121 milhões estão fora da escola
29.01.2015
Desse total, 23% já frequentaram a escola, mas a abandonaram e 43% correm risco de nunca ter a experiência
Nova York. O relatório Corrigindo a Promessa Quebrada da Educação para Todos, recém-lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mostra que 121 milhões de crianças e adolescentes no mundo não frequentam a escola.
O estudo é da Iniciativa Global sobre Crianças Fora da Escola, um projeto lançado em 2010 pelo Unicef e pelo Instituto de Estatística da Unesco, para auxiliar os participantes no desenvolvimento de estratégias baseadas em dados que possibilitem a diminuição do número de crianças e adolescentes sem estudo.
Adolescentes
De acordo com o documento, apesar dos progressos registrados na inscrição de crianças no ensino básico de todo o mundo há 58 milhões de crianças entre 6 e 11 anos que não frequentam a escola. Se a tendência atual continuar, duas crianças em cada cinco - 15 milhões de moças e 10 milhões de rapazes - dificilmente entrarão numa sala de aula, informa o relatório.
Dessas crianças, 23% já frequentaram a escola mas a abandonaram, 34% poderão entrar na escola futuramente e 43% provavelmente nunca terão essa experiência. No ciclo de ensino seguinte, entre os 12 e 14 anos, há 63 milhões de adolescentes fora da escola - 5 milhões a mais do que no ensino básico, apesar de as crianças em idade para frequentar o ensino básico (650 milhões) serem quase duas vezes mais do que as que estão em idade de frequentar o ciclo de ensino seguinte (374 milhões).
Embora o acesso à educação tenha aumentado consideravelmente no início do milênio, esse progresso estagnou em 2007 com 9% das crianças no ensino básico (6 a 11 anos) e 18% no ciclo de ensino seguinte (12 a 14 anos) fora da escola.
De acordo com o relatório, as regiões com maior percentagem de crianças e adolescentes fora da escola, no mundo, são a África Ocidental e Central - 27% de crianças e 40% de adolescentes, respectivamente -, a África Oriental e do Sul - 15% e 27% - e o Sul da Ásia - 6% e 26% das crianças e adolescentes.
Pobreza
As razões para a ausência da escola são várias, complexas e estão muitas vezes interligadas, com o documento identificando cinco grandes obstáculos à educação: situações de conflito, discriminação de gênero, trabalho infantil, dificuldades linguísticas e deficiência. Qualquer desses problemas se torna mais difícil de superar quando associado à pobreza.
Um exemplo característico é o da criança que tem de trabalhar para ganhar dinheiro para casa, contrariando esperança da própria família de lhe proporcionar educação, pois esta, geralmente, custa dinheiro que a família não possui.
No relatório é destacado que remover custos diretos e indiretos associados à educação é a forma mais eficaz de combater trabalho infantil. O Unicef ressalta que atrair crianças assim para as aulas e mantê-las na escola exigem ambientes de aprendizagem melhorados e sistemas educativos mais flexíveis e reativos.
Outro aspecto apontado é o fato de as crianças de países afetados por conflitos representarem 20% do total em idade escolar e, simultaneamente, 50% do total de crianças fora da escola.
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