quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ÚLTIMOS DEZ ANOS

Frota dobra e piora engarrafamento

01.10.2014

Dados do Detran e do IBGE apontam que a frota dobrou na Capital, enquanto a população aumentou 10%

Sair de casa e enfrentar os engarrafamentos cada vez maiores é um dos desafios enfrentados por quem vive nas capitais brasileiras. Em Fortaleza, a frota de carros aumentou, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), 108,5%, nos últimos 10 anos. Enquanto isso, o crescimento populacional em igual período foi de 10,2%, de acordo com o IBGE. O comparativo revela que o problema da mobilidade urbana é, sobretudo, por causa do aumento exagerado da frota de veículos e não do inchaço populacional.
Em 2004, a Capital contabilizava 2.332.657 habitantes e 441.949 veículos. Em 2014, a população subiu para 2.571.980 e a frota chega a 921.544 (dados até maio desse ano). No Interior, o número é ainda mais alarmante. Há dez anos, a população era de 5.643.960 e aumentou para 6.270.895 nos dias atuais, um crescimento de 10,8%. Já a frota subiu de 449.358 para 1.531.580 automóveis, o que concretiza um aumento de 240,84% em uma década.
Para se ter uma ideia do que representa esses números, em Fortaleza, existe um veículo para cada 2,7 habitantes. Dado revelador que a Capital está na contramão do que se prega em termos de mobilidade, visto que é preciso maior adesão da população aos coletivos e desvalorização dos transportes particulares.
A professora Sylvia Cavalcante, coordenadora do Laboratório de Estudos das Relações Humano-Ambientais da Universidade de Fortaleza (Unifor), explica que essa situação acontece pela associação de três fatores: melhoria de vida da população, facilidade no financiamento e diminuição da qualidade do transporte público. "Nossa cidade não é convidativa para o uso de outros modais. As calçadas são péssimas e temos pouca arborização para que as pessoas possam andar a pé. Agora estão fazendo algumas ciclovias. Mas o transporte público péssimo e a insegurança fazem com que as pessoas prefiram o carro", diz.
Outro fator relevante é o fascínio que o automóvel exerce. Mais do que uma necessidade, é também um questão de status. "O carro promete vencer o tempo e espaço com conforto. Mas hoje não é assim. Às vezes, ir a pé ao médico pode demorar dez minutos, enquanto que de carro pode levar 20 minutos. O carro não é simplesmente um meio de transporte, ele te dá uma satisfação e um status que só pode ser comparado à casa própria", afirma a especialista.
Consequências

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