CÂNCER
Lei dos 60 dias ainda é descumprida no Estado
07.10.2014
Tratamento deve começar em até 60 dias após o diagnóstico, mas, em alguns casos, tempo ultrapassa 90 dias
Do dia da constatação que o câncer afetava seu seio direito até a data da cirurgia feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), passaram-se mais de três agonizantes meses na vida da dona de casa Rita Rodrigues Bezerra. Moradora do bairro Bom Jardim, em Fortaleza, Rita, sofreu na pele a negligência que a Lei 12.732/12 procura evitar. A norma estabelece que o início do tratamento de pessoas com câncer deve ser em até 60 dias após o diagnóstico.
Uma pesquisa divulgada, na semana passada, pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), mostra que a situação de Rita se repete com 40% dos pacientes inscritos, até julho deste ano, no Sistema de Informação do Câncer (Siscan) do Ministério da Saúde, que no total eram 3.118.
O prazo determinado pela lei só é cumprido para 60% desta população e, em alguns casos de não cumprimento, o intervalo entre a confirmação do diagnóstico e o começo do tratamento é superior a 90 dias.
No Ceará, o controle do cumprimento da legislação é falho e o panorama é desconhecido, de acordo com o presidente do Comitê Estadual de Controle do Câncer da Secretaria da Saúde do Estado, (Sesa) Luiz Porto. Isto porque o Siscan - que é a ferramenta instituída pela Portaria nº 3.394/2013 para acompanhar o respeito ao prazo e reunir o histórico do paciente e do tratamento justamente para monitorar a execução da Lei - ainda é subutilizado.
A prova da baixa adesão ao sistema por parte das unidades de saúde e dos gestores dos serviços oncológicos da rede pública no Ceará é que, até julho deste ano somente 86 pacientes estavam registrados no Siscan. Enquanto isso, a Sesa contabilizou 16.432 internações de pacientes para tratamento da doença e 55.946 procedimentos de radioterapia e quimioterapia de janeiro a agosto de 2014.
"O número registrado no Siscan, de fato, é muito pequeno frente à quantidade de pacientes que temos. Mas, o sistema ainda tem muitas limitações. A implantação de bancos de dados tão complexos assim costuma ser lenta. Hoje, infelizmente, não temos como monitorar o cumprimento da lei por esse sistema no Ceará", afirmou Porto.
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