sexta-feira, 29 de agosto de 2014

DENÚNCIA DE COMPRA DE VOTOS

Depois da ação do MP, deputado quer recuar

29.08.2014

Agora, Lula Morais está dizendo que apenas repetiu comentários sobre a compra de votos com dinheiro do BC

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O deputado Lula Morais conversa com o seu colega João Jaime, durante a sessão da última terça-feira, no grupo em que estão os deputados Tin Gomes e Ely Aguiar, momentos após o seu aparte a Fernando Hugo
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Deputados estaduais cearenses que fizeram denúncias sobre a compra de votos na disputa eleitoral no Ceará estão querendo voltar atrás em seus posicionamentos e afirmaram ter dito, no plenário da Assembleia, o que souberam através de boataria nas ruas. A acusação com maior gravidade foi feita pelo deputado Lula Morais (PCdoB), que chegou a dizer que havia candidato a deputado federal que estava utilizando dinheiro do assalto ao Banco Central, em Fortaleza, para financiar a campanha.
Lula Morais foi enfático na afirmação, em aparte ao deputado Fernando Hugo. Ele não disse ter ouvido falar e afirmou que um dos candidatos a deputado federal está comprado votos lavando dinheiro do Banco Central, no que foi advertido por colegas sobre a gravidade da denúncia que fazia.
Ely Aguiar (PSDC), Fernando Hugo (SD), Lula Morais (PCdoB) e o deputado federal Chico Lopes (PCdoB) vão ser notificados, se já não os foram, pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), representado pelo procurador regional eleitoral, Rômulo Conrado, que quer apurar as denúncias feitas durante a última sessão ordinária na Assembleia Legislativa, na terça-feira passada. Durante a plenária, os três deputados estaduais reclamaram de compra de votos que está sendo feita em todo o Interior do Estado, motivo da notificação do procurador eleitoral.
Tribuna
O deputado Lula Morais afirmou que ele não chegou a dizer que candidato estava fazendo "lavagem" com dinheiro oriundo do roubo do Banco Central, mas que apenas replicou boatos que estavam sendo feitos nos lugares em que ele visitava. No entanto, durante discussão na Assembleia Legislativa, ele denunciou, sim, que um postulante ao cargo de deputado federal estaria "lavando dinheiro do Banco Central" para comprar votos. Ele chegou a dizer, no aparte ao pronunciamento do deputado Fernando Hugo, que estava à disposição do Ministério Público (MP) para dar mais detalhes do derrame de dinheiro do referido candidato.
No entanto, Morais agora diz que vai conversar com seu advogado e terá cautela para tratar do assunto. "Não pode extrapolar. Mas quando eu chego na rua é o que dizem. As pessoas falam que todo político é ladrão, mas eu não sou. É só você andar na rua que o 'cabra' diz que estão comprando voto ali", afirmou. Segundo disse, não é papel dele, como deputado, na tribuna da Assembleia Legislativa (ele não usou a tribuna, fez a denúncia da sua própria bancada) dizer nome de pessoas supostamente envolvidas no esquema.
"É um assunto sigiloso que deveria permanecer no sigilo. Não é assunto para estar divulgando, mas é para estar sendo motivo para pesquisa sigilosa do Ministério Público. Ele sabe muito bem fazer isso. Isso precisa ser investigado", disse o parlamentar, que ainda afirmou que não terá nenhum problema em tratar do assunto quando a notificação chegar até seu gabinete.
O tema central da discussão na última terça-feira foi a falta de consciência política de eleitores durante o pleito eleitoral, que segundo disse Fernando Hugo, estaria vendendo seus votos para "políticos corruptos". O parlamentar, quando confrontado por Lula Morais, chegou a declarar que uma candidata a deputada do PCdoB estaria "descendo a Serra Grande distribuindo dinheiro".
"Ainda não fui notificado, mas eu informarei a eles que a função do Ministério Público é investigar, e eles podem correr no campo, porque eu não sou Polícia nem promotor de Justiça. Eu não tenho nada com essa frase seríssima que o Lula Morais disse, não tenho nada a ver com isso", apontou.

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