TRAVESSIAS DA COR
Educação que liberta
01.05.2014
A primeira cidade brasileira a abolir a escravidão também é a primeira a reunir os países de língua portuguesa - cinco da África
Edilene sabe desde cedo sua vocação profissional. Quer ser enfermeira. Mas, de sua aptidão e das frequentes visitas a hospitais numa ânsia incontida, desde criança, de cuidar, ela já se sente uma cuidadora de enfermos. Mal chegou a Redenção, no Maciço de Baturité, foi conhecer o Hospital e Maternidade Paulo Sarasate. O desejo de cuidar do desconhecido é acompanhado a distância pelo estranhamento da cidade que ainda aprende a receber o outro.
Ainda sem as aulas práticas do curso de Enfermagem, a estudante de Guiné-Bissau foi ver como tudo funciona no único hospital público da cidade. Repete um ritual feito desde criança, de pedir à mãe que a levasse para o hospital sempre depois da missa de domingo.
Depois que se instalou no Brasil, como em nenhuma outra parte do mundo, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), cresceu a travessia pelo Atlântico. Uma viagem de quem tem interesse em estudar e fazer da construção do saber a reconstrução do próprio país.
Sonho africano
Edilene Gomes, de 20 anos, veio porque quer cuidar de Guiné-Bissau. "Faltam muitos profissionais da saúde no meu país". Apesar do maior fluxo de estudantes africanos para universidades brasileiras, é a Unilab que une Edilene ao próprio sonho. E ao de 272 atuais jovens graduandos de Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, países africanos de língua portuguesa. A eles se somam o Brasil e Timor-Leste.
Pioneira, a Unilab traz o lema "integrar para desenvolver". Uma integração que não é fácil, dificuldade admitida por quem lá estuda ou trabalha, mesmo estando fincada na "primeira cidade brasileira a abolir a escravidão". Tanto pioneirismo fez até mudar o seu nome (antes, Acarape). Alforriou seus 35 escravos em 1º de janeiro de 1883.
Inflação da cor
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