COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO
Governo é obrigado a mudar de estratégia
01.04.2014
Agora, a tática do Palácio do Planalto consiste em jogar todas as fichas na criação de uma segunda CPI, mista
Brasília Cinco dias após anunciar que pretendia ampliar o foco da CPI da Petrobras para desgastar a oposição, o governo foi obrigado a recuar da estratégia.
Agora, a tática do Palácio do Planalto consiste em jogar todas as fichas na criação de uma segunda CPI, mista, formada por deputados e senadores, para investigar a formação de cartel no Metrô de São Paulo - plano que atinge o PSDB - e usar de manobras para retardar os trabalhos da comissão da Petrobras. Se o PMDB se rebelar e criar mais dificuldades para o governo no Congresso, a Secretaria dos Portos, atualmente ocupada pelo técnico Antônio Henrique Silveira, pode entrar na negociação para apaziguar o aliado.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), garantiu que lerá hoje o requerimento para a instalação da CPI da Petrobras, que deve apurar, entre outras coisas, a polêmica compra da refinaria de Pasadena (EUA), por parte da estatal.
O Planalto dá essa CPI como "favas contadas" desde a semana passada, mas apenas ontem ministros se encontraram com líderes da base aliada no Senado para discutir o assunto.
Traição
Três senadores da base aliada traíram o governo e estão apoiando o pedido de criação da CPI da Petrobras. "Não retiro minha assinatura nem mesmo se a presidente Dilma pedir. Vou ser candidato a governador de Minas", afirmou Clésio Andrade (PMDB-MG), que não conta com o aval do PT no Estado. "Eu mesmo já disse à presidente: 'Comigo você vai ouvir muitos sim, mas também tenha certeza de que ouvirá muitos nãos'", emendou Eduardo Amorim (PSC-SE). "Nem adianta me procurarem. Apoio a CPI", insistiu o senador Sérgio Petecão (PSD-AC).
Oposição
Aécio e Eduardo Campos conversaram novamente ontem, por telefone, e combinaram de repetir o discurso em defesa da CPI da Petrobras. "O governo tem maioria e pode apresentar requerimentos de CPI sobre qualquer assunto. Que faça as investigações, porque não as tememos", disse o tucano. "Mas querer amordaçar a CPI da Petrobras, para que ela não investigue nada, com esse tipo de ameaça, não vai nos amedrontar. Não cederemos a esse tipo de chantagem", atacou Aécio.
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