CASO PETROBRAS
Destino de CPI está nas mãos de Renan Calheiros
02.04.2014
Aliados de Dilma propuseram apuração mais ampla com potencial para atingir Aécio e Eduardo Campos
Brasília. Numa manobra casada entre PT e PMDB, com o aval do Palácio do Planalto, o governo conseguiu sair das cordas e ficar em posição confortável para impedir a criação da CPI da Petrobras. Os governistas pediram ontem a anulação das investigações que têm potencial para atingir a presidente Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, propuseram uma apuração com potencial para desgastar os principais adversários na sucessão presidencial: Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB.
O destino das investigações sobre a estatal deve ser definido hoje pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem interesses pessoais em barrar eventuais apurações sobre a Petrobras: ele é padrinho político de Sérgio Machado, presidente desde 2003 da Transpetro, braço de transporte e logística da estatal.
Caberá a ele decidir sobre dois pedidos de anulação de CPI: um, da senadora e ex-ministra de Dilma Gleisi Hoffmann (PT-PR), e outro, do líder dos tucanos, Aloysio Nunes Ferreira (SP). Em debate nos questionamentos está a abrangência de uma investigação feita por parlamentares. A articulação para derrubar a CPI tem tido Gleisi como protagonista nos bastidores. Em encontro na noite de segunda-feira na casa do presidente do Senado, a senadora propôs aos presentes apresentar requerimento pedindo a impugnação da CPI da oposição. A sugestão surpreendeu a todos, uma vez que Gleisi já tinha pronto um rascunho do questionamento que levaria ao plenário.
No encontro, que contou com líderes partidários e do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, Renan sinalizou que poderia acatar o pedido da senadora, anulando, assim, eventual criação das duas CPIs. Na prática, esse é o objetivo do governo.
Além das duas CPIs em discussão no Senado, a oposição já contava, até ontem, com 164 assinaturas de deputados para a CPI mista sobre Petrobras, sete a menos do que o necessário. Apoios do Senado já foram coletados.
No dia em que o Congresso discutia o tema, a presidente Dilma Rousseff falou dos opositores. "Tenho certeza que os nossos aliados saberão agir para impedir que motivações meramente eleitorais acabem por atropelar a clareza e esconder a verdade na busca por respostas e soluções para os grandes problemas nacionais", disse, na posse dos ministros Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) e Ideli Salvatti (Direitos Humanos).
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