MUDANÇA CLIMÁTICA

Casos de virose têm aumento em Fortaleza

31.03.2014

As altas temperaturas, a diminuição dos ventos e a umidade favorecem propagação de bactérias e vírus

O aumento do número de pessoas com sintomas da doença foi observado em postos de saúde e nas UPAs. Crianças estão entre os principais afetados

A campanha será entre 22 de abril e 9 de maio e terá como público-alvo crianças de 2 a 4 anos, idosos, trabalhadores da área de saúde e outros grupos

FOTO: JL ROSA

Nas últimas semanas, os postos de saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Fortaleza têm registrado um aumento considerável nos atendimentos de pacientes com sintomas de virose. Na Unidade de Saúde Mirian Porto, no bairro Dionísio Torres, a quantidade de casos subiu mais de 50% entre a primeira e a segunda semana de março. Tudo indica que o principal fator para isso seja a mudança climática.

De acordo com a enfermeira mestranda Rafaela Noronha, o número crescente se deu devido à alteração do tempo. "A sazonalidade está diretamente relacionada com as viroses. Na primeira semana de março, atendemos 31 casos de suspeita de virose, entre infecções respiratórias agudas e diarreias. Já na segunda semana, quando houve diminuição das chuvas, registramos 65 ocorrências", certifica.

O aposentado Alvanir da Silva apresentou sintomas comuns a doença, como dor de cabeça, mal-estar e falta de apetite. "Procurei o atendimento médico porque estou me sentindo mal. Já tenho outros problemas de saúde, sou hipertenso, mas nunca fui de sentir isso", relata.

"O médico disse que provavelmente estou mesmo com uma virose, mas falou para ficar em observação em relação aos sintomas", conta o paciente, que foi atendido na UPA Dr. Eduíno França Barreira, na Avenida Leste-Oeste.

Outro grupo afetado com o quadro são as crianças. A pediatra Lia Beatriz Azevedo, que atende na UPA do Autran Nunes, esclarece que as aglomerações ajudam na proliferação das doenças. "Com as chuvas, as pessoas tendem a se aglomerar em locais fechados, como shoppings, e daí vem o aumento das contaminações", ratifica.

"Todos os anos, neste período, é comum acontecer a elevação no número de casos de viroses respiratórias e gastrointestinais", acrescenta a médica.

A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) não registrou nenhum fenômeno meteorológico nas últimas semanas, mas a mudança climática tem sido favorável para casos de viroses. "A temperatura alta, juntamente à umidade alta e a diminuição dos ventos, favorece a propagação de germes, bactérias e vírus mais facilmente", explica o meteorologista Raul Fritz.