quarta-feira, 5 de março de 2014

ALERTA

Copa traz preocupação com o tráfico de pessoas no País

05.03.2014


Image-0-Artigo-1559076-1
Por temer represálias, vergonha ou mesmo por medo de sofrer preconceito, muitas vítimas não formalizam denúncia
FOTO: BRUNO GOMES
Image-1-Artigo-1559076-1
A procuradora da República Nilce Cunha Rodrigues, do Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, alerta sobre riscos
FOTO: KLEBER A. GONÇALVES
Image-0-Artigo-1559085-1
O cartaz da Campanha da Fraternidade deste 2014 destaca a importância da liberdade individual
Com o aumento na circulação de estrangeiros no País, autoridades temem ampliação de riscos
Considerado um crime "invisível" perante a sociedade, uma vez que não é explícito, o tráfico de pessoas aniquila vidas, sonhos e famílias inteiras. Com tentadoras propostas de emprego no exterior, convites para intercâmbio cultural e até mesmo surpreendentes pedidos de casamento, muitas brasileiras, grande parte em situação de vulnerabilidade social, econômica e emocional, acabam vendo o sonho de ter uma vida melhor, conhecer novos lugares e juntar dinheiro se transformar em um verdadeiro pesadelo.
Por temer represálias, vergonha ou mesmo por medo de sofrer preconceito, muitas vítimas do tráfico de seres humanos não formalizam denúncia. O reflexo dessa realidade está no baixo número de denúncias registradas. Apesar de o Ceará ser conhecido, internacionalmente, pelo turismo sexual, em todo o ano passado, apenas 22 denúncias de tráfico de pessoas foram registradas junto à Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), por meio do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP).
Neste ano, no entanto, em dois meses, seis denúncias foram formalizadas. Quantidade que Lívia Xerez, coordenadora do Núcleo, considera significativa comparado a 2013. A grande preocupação agora é com a Copa do Mundo, quando uma grande quantidade de turistas de todo o mundo deverão visitar o País. "Vem gente para assistir os jogos, mas também muitas que não têm boas intenções. Criminosos vão se aproveitar do megaevento para tentar aliciar meninas", alerta a procuradora da República Nilce Cunha Rodrigues, integrante do Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conatrap), da Presidência da República.
Pesquisa
De acordo com o Relatório nacional sobre tráfico de pessoas: consolidação dos dados de 2005 a 2011, do Ministério da Justiça, 475 pessoas foram vítimas deste crime entre 2005 e 2011. Desse total, 337 sofreram exploração sexual e 135 foram submetidas ao trabalho escravo.
Para investigar as denúncias, a Polícia Federal instaurou, nesse período, 514 inquéritos policiais, sendo 344 por trabalho escravo, 157 por tráfico internacional de pessoas e 13 por tráfico interno, ou seja, no Brasil, de um Estado para outro. Pelo menos 381 suspeitos foram indiciados pela Polícia Federal por tráfico internacional para fins de exploração sexual. Desse universo, 158 pessoas foram presas. O estudo conclui que os destinos mais comuns são Suriname, Suíça, Espanha, Holanda, Portugal, Itália e Alemanha. Já os locais de origem são Pernambuco, Bahia e Mato Grosso do Sul.

Nenhum comentário:

Postar um comentário