Saber a origem do produto que se consome é uma tendência mundial que vem ganhando força. A atenção maior dos clientes ao modo como os processos de produção são realizados e com a segurança, seja alimentar, da saúde ou informação, deverá fazer com que a rastreabilidade — que permite o acesso a informações relacionadas à cadeia logística de diferentes produtos — cresça quase 9% no Brasil até 2021, segundo pesquisa de mercado da Deloitte.
A rastreabilidade só é possível devido à evolução da automação comercial. E está presente em segmentos como alimentício, farmacêutico e bancário. As soluções tecnológicas, além de aperfeiçoar os processos das empresas, também fortalecem a imagem delas juntos aos clientes, que buscam uma relação de confiança mais sólida com as marcas que consomem.
O PhD em Ciência da Computação pela University of Rochester e professor titular do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Wagner Meira, diz que a adaptação do mercado brasileiro às tecnologias de rastreio faz com que o País ganhe mais credibilidade entre os mercados exigentes do mundo.
Ele cita como exemplo o caso das carnes brasileiras que são exportadas ao Oriente Médio e União Europeia, lugares onde as exigências relativas ao controle de qualidade dos alimentos são mais rígidas. Para que as relações comerciais ocorram, é exigido certificado de origem, que mostra todo ciclo de vida do animal.
Meira acredita que a rastreabilidade de produtos é algo que deve manter crescimento contínuo ao longo dos próximos anos, à medida que, em razão do aumento da demanda pela solução, os custos necessários para as empresas implantarem a tecnologia diminuam. “É algo que deve chegar a todos os itens de uso pessoal com que interagimos. Eventualmente, poderemos ter sensores, transmissores que vão dar diversos tipos de informações do que compramos", projeta.
A previsão do professor agrada a bancária aposentada Anamaria Fontenele. Conectada às novas tecnologias, ela vê com agrado a possibilidade de saber a origem de um número maior de alimentos que compra nos supermercados e dos remédios que adquire nas farmácias. A automação já é algo que faz parte do dia a dia dela. Comemora o fato de conseguir, por maio do aplicativo do banco, fazer operações que antes só conseguia nas agências. "A principal vantagem é não pegar fila. A comodidade é muito grande. Consigo pagar minhas contas rapidamente, até no elevador”, diz.
Luiz Antônio Miranda é diretor-executivo da DCDN, grupo gestor da Dominó Nordeste, que atua na área de embalagens e soluções para empresas, e presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE). Para ele, a automatização de processos, tanto na indústria, agroindústria e comércio, é algo para o qual o mercado não pode mais fechar os olhos. A rastreabilidade, por exemplo, vem sendo tema constante de debate público no Brasil, inclusive, ganhando mais atenção do Governo Federal.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Agricultura, há alguns anos, promovem regulação no setor, de forma a dar maior segurança. Exemplo disso é o setor de saúde. Altamente regulado, as indústrias já possuem processos regidos pela rastreabilidade. O rastreio desses produtos começou a gerar outros tipos de visão sobre o mercado. O consumidor, quase sempre munido de um smartphone nas mãos, poderá conferir todo processo de produção facilmente.
Wagner Meira acrescenta que a segurança dos dados dos consumidores deve gerar atenção das marcas. "Existe um paralelo importante, que é a segurança. Ela pode afetar tanto a gestão bancária quanto a rastreabilidade. Se as empresas que forem adotar o rastreio dos produtos não garantirem a integridade das informações, o esforço pode ir por água abaixo", afirma.
A Doutora em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Anapatrícia Vilha, defende qualquer tecnologia que gere benefícios à cadeia produtiva e ao consumidor. “Do ponto de vista prático, todos ganham, especialmente os clientes, por entenderem a origem do desenvolvimento dos produtos, como são colocados à disposição na venda. O Governo também ganha ao proporcionar mais segurança, e o mercado também, porque oferece garantias jurídicas ao processo", reforça.
Segmentos que já adotam a tecnologia
Frigorífico
Fruticultura, legumes e verduras
Saúde
Embalagens
Logística
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