A recente aprovação da reforma da Previdência pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal demonstrou a dificuldade que o governo terá para administrar a tramitação da proposta na Casa. Entre os problemas a serem contornados na próxima etapa estão a falta de articulação da base e a ausência do presidente nas negociações.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), disse que o governo precisa "fazer política" e assumir a importância da aprovação da reforma da Previdência. "O governo se omitiu, basicamente. (Houve) Um pouco a participação do presidente, mas sempre do lado negativo, 'eu sou contra, mas sei que o Brasil quebra'".
Bolsonaro, que chegou a trocar farpas com Maia no final de março, preferiu, dessa vez, responder ao demista com elogios. "Agradeço o empenho e o trabalho da maioria dos integrantes da comissão e também o comprometimento do presidente Rodrigo Maia", disse o presidente em breve pronunciamento ontem.
Rodrigo Maia também foi elogiado pelo secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, que considerou justa a exigência feita. "Maia tem uma afinidade com o tema que não é de hoje, isso nos dá conforto em relação à condução da matéria", comentou. "A cobrança que ele faz é legítima e o governo está empenhado na aprovação da reforma", frisou o secretário.
Mesmo com a comemoração do governo pela primeira vitória na tramitação da reforma, a demora da matéria na CCJ demonstra a dificuldade que a base deve ter em aprovar a proposta. Foram 62 dias para conseguir votar a admissibilidade da matéria na comissão. A proposta de reforma da Previdência do ex-presidente Michel Temer (MDB) levou apenas dez dias para passar pela mesma fase.
Além disso, para conseguir apoio dos partidos de centro, o governo teve que retirar quatro pontos da proposição. Foi a primeira vez que um texto foi modificado ainda nessa fase de tramitação, já que alterações costumam ser realizadas nas comissões que analisam o mérito das matérias.
Indicado para integrar a Comissão Especial que analisará a matéria, Capitão Wagner (Pros) acredita que o governo não deve conseguir votar a reforma ainda no primeiro semestre. Segundo o parlamentar, o principal problema continua sendo a falta de diálogo. "Não tem um nome que lidere essa articulação. E não adianta um articulador que converse, mas não possa atender as demandas dos parlamentares", critica.
Mesmo parlamentares do PSL vêm demonstrando insatisfação com o governo Bolsonaro, o que fez com que o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL), organizasse reuniões entre o presidente e deputados pesselistas. Segundo Hugo, o objetivo é também iniciar conversas com outros partidos. "Queremos fazer com que todos os canais de diálogo se alinhem", afirmou.
A estratégia da articulação é intensificar não só reuniões mais "intimistas" com os com grupos menores, mas também dar espaço para que os parlamentares recebam o crédito nas suas bases nos recursos que estão sendo direcionados para obras nas suas regiões. A ideia é intensificar também o canal de diálogo direto entre os deputados e os ministros setoriais. (com agências)
tensão
Deputados bateram boca ontem na Câmara a respeito das emendas parlamentares, oferecidas em troca de votos a favor da Reforma. O governo negou a negociação.
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