O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou ontem o cumprimento de uma promessa de campanha: a implementação do 13º salário do Bolsa Família. A medida contempla sobretudo o Nordeste, região mais beneficiada pelo programa social. No Ceará, até janeiro, o programa beneficiava pouco mais de 1 milhão de famílias.
É, também, a região onde o pesselista foi menos votado na campanha eleitoral do ano passado. Foram 70% dos votos válidos dados a Fernando Haddad (PT) e 30% a Bolsonaro.
A extensão do benefício vem adicionada de outras ações que miram o Nordeste. O Palácio do Planalto, por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), prepara pacote de ações de incentivo à agricultura familiar na região.
Em razão dos 100 dias de governo, Bolsonaro assinou também conjunto de 18 medidas relacionadas a várias frentes. No entendimento do cientista político e professor pela Universidade de Mackenzie, Rodrigo Prando, o movimento do presidente sinaliza a busca por uma agenda positiva em meio às várias turbulências atravessadas no período ontem lembrado.
"Ele percebeu que a popularidade caiu, que as rusgas com Rodrigo Maia (presidente da Câmara Federal) atrapalharam a governabilidade e o (vice-presidente) Mourão vem crescendo", elenca o estudioso.
A reação a isso, diz Prando, foi o abandono da "retórica de campanha". Para o professor, as crises que o Governo assistiu foram originadas pelo próprio Governo, com Bolsonaro, os ministros e os filhos do presidente. "Ele pôs os pés no chão e apresentou esse pacote de medidas", elogiou.
Sobre o fortalecimento do Bolsa Família, medida fora deste pacote, Prando avalia ter caráter estratégico, dada a baixa popularidade do presidente no Nordeste.
Critica, contudo, a intenção do presidente de regulamentar a educação familiar, ideia que diz vir do núcleo religioso, ligado a Olavo de Carvalho, que orbita o entorno do governo.
"Eu acho que isso não passa e, se passar, o STF veda. A leitura sociológica é que educação não é transmissão de conteúdo, é ambiente de socialização".
Da base do presidente, o deputado federal Heitor Freire (PSL), sem comentar medidas específicas, opina que o desenvolvimento do País estava embarreirado até a vinda das medidas. Acrescenta ainda que elas vão funcionar como diretrizes da gestão, promovendo a integração de ministérios e órgãos.
Líder do PDT na Câmara, o cearense André Figueiredo ressalta que a novidade relativa ao Bolsa Família é interessante. Destaca, porém, que o programa era alvo de críticas do presidente na campanha. Lembra ainda que o reajuste no salário mínimo não foi feito.
Idilvan Alencar (PDT) critica parte do pacote referente ao tratamento oral. Para ele, o País tem problemas mais importantes e não possui plano de desenvolvimento econômico. "Nós estamos à mercê de única pauta, a reforma da Previdência".
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