Pelo menos quatro atentados criminosos foram praticados na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) com uso das emulsões explosivas encontradas em um apartamento do Residencial Leonel Brizola, na Granja Lisboa, na Capital. No local, aproximadamente 650 kg do material foram apreendidos durante operação da Polícia Civil, na manhã de ontem.
Era o restante da carga de 5,7 toneladas roubada em dezembro do ano passado, em Aquiraz (RMF). No último sábado, 5 toneladas de explosivos já haviam sido recuperadas, em residência no bairro Jangurussu, em Fortaleza. O material apreendido naquela ocasião, contudo, era granulado e não teria sido usado nos ataques.
Já as emulsões, O POVO apurou, foram "confirmadamente" utilizadas em quatro dos mais de 200 ataques registrados desde o último dia 2. Contra a Linha Leste do metrô, na Parangaba, dia 9; contra a estação São Miguel (Caucaia) da Linha Oeste, dia 8; e o que seria realizado contra a ponte da Barra do Ceará, dia 8, mas frustrado antes com apreensão dos explosivos no Morro de Santiago. A quarta ação não foi apontada pela fonte. O Exército Brasileiro analisa se houve utilização das emulsões em outras ações.
"Os dois tipos de explosivo têm formas diferentes de manuseio. Então, eles separaram um tipo, o granulado, no Jangurussu, e as emulsões, aqui (Granja Lisboa). Essa é mais facilmente manipulável", detalhou o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, em entrevista coletiva no local.
Ele também confirmou o uso dos explosivos nos ataques, mas não disse em quais ou quantas ações. "Foi utilizada a emulsão, que é de mais fácil manuseio. Alguns casos, a gente tem confirmação de uso, pelo lote."
Os explosivos estavam divididos em 26 caixas de papelão, cada uma com capacidade para 25 kg. Também foram recolhidos pelo menos três rolos de cordéis de detonação. Não foi divulgada a quantidade de pessoas conduzidas à delegacia durante a operação, nem quantas permaneceram presas. Antes, todas seriam ouvidas.
Segundo Costa, com a nova apreensão, é provável que toda a carga roubada tenha sido recuperada. "O Exército Brasileiro está aqui conosco. Já confirmou que é do mesmo lote roubado. A carga praticamente está toda recuperada. Ainda será feita a contagem, pesagem do material. Mas, pelo que a gente verificou, muito provavelmente, já é toda a carga. É possível ter outros explosivos (com criminosos), mas de outras situações."
Titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), responsável pela operação, Harley Filho destacou que o material seria utilizado em novos ataques na RMF.
Denúncia
O canal de comunicação para denúncias é número 181. O Ciops atende no 190. Por meio do Fale com o Secretário (85 98439 2904), pessoas podem enviar pelo WhatsApp fotos e vídeos que ajudem na prevenção e elucidação dos crimes.
Ônibus
Com esquema especial para garantir operação normal de transporte no período noturno, a situação nos terminais de ônibus da Capital foi considerada mais tranquila por usuários de transporte coletivo.
Apreensão de explosivos
Os explosivos estavam escondidos no quarto de um apartamento no 2º andar, no bloco 6 do residencial. O local servia de "depósito clandestino" de criminosos.
A retirada das emulsões foi feita pelos policiais civis, que carregaram as caixas até o caminhão do Exército Brasileiro. Os militares farão a guarda do material.
A operação foi observada por moradores, das janelas e corredores. Concluída a remoção, a Polícia Civil recebeu denúncia de que havia mais explosivos escondidos em outros blocos e deflagrou nova busca, causando tumulto. No entanto, nada foi encontrado.
O conjunto habitacional tem 16 blocos, cada um com 12 apartamentos, e fica localizado no quadrante entre avenida Oscar Araripe e ruas Paulino Rocha, Edson Martins e Rua A. No local, todas as lâmpadas dos postes estavam quebradas. À noite, a única iluminação é a emitida das residências.
Deram apoio à operação da Draco agentes do Departamento de Inteligência Policial (DIP), da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) e da Unidade Tático Operacional (UTO), além do Exército e do Laboratório de Inteligência Cibernética, da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça.
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