A palavra mobilidade define mais sobre a forma como a cidade se movimenta no aspecto socioeconômico do que em relação aos modais de transporte urbano. O Ceará já despertou para a necessidade de tornar a pauta prioritária, mas enfrenta desafios para trilhar bem esse caminho. Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), deste ano, é necessário investimento ferroviário de R$ 8 bilhões para o Estado avançar nesta direção.
O problema não é de hoje. Ocorre que Fortaleza, como todas as grandes metrópoles brasileiras, espelhou-se nos Estados Unidos durante o boom da indústria automobilística, em 1945, que pressionou a expansão de veículos. O bonde elétrico, que atravessava a Praça do Ferreira, no Centro da Cidade, foi o único coletivo entre 1913 e 1926. A chegada dos primeiros ônibus, em agosto de 1926, iniciou a era de deslocamento predominantemente sobre rodas.
O motorizado individual também se multiplicou e mudou o cenário da Capital. Começou então o vai e vem de carros, ônibus lotados e as estridentes buzinas anunciando novos tempos. A questão é que o apinhado de veículos provoca engarrafamento, aumenta acidentes, gera mais impactos ambientais com a emissão de poluentes e uso inadequado do espaço livre urbano. Consequentemente, causa danos à saúde física e psicológica da população, além problemas na segurança pública.
A fim de aliviar esse peso, somente em 1999 surgiu a obra do Metrô de Fortaleza, iniciando com a Linha Sul. Mas o equipamento ficou pronto 13 anos depois, em 2012. A Linha Leste, que ligará o Papicu ao Centro, começou em 2013 e foi interrompida em 2015 devido a impasse judicial com a concessionária. A ordem de serviço para a retomada da construção foi dada no mês passado. Hoje, o modal é composto pelas linhas Sul, Oeste (que liga a Capital à Caucaia), Veículo Leve Sobre os Trilhos (VLT) Parangaba-Mucuripe e os metrôs do Cariri e Sobral.
Ezequiel Dantas, mestre em Engenharia de Transportes e Coordenador do Observatório de Segurança Viária de Universidade de Fortaleza (Unifor), observa que a mobilidade de Fortaleza melhorou com a instalação de trens e ciclovias. "O meio mais eficiente de se locomover é por transporte público de massa, bicicleta e a pé. A discussão sobre essa questão teve início e se expandiu. Mas é uma política que tem que ser continuada. Existe um começo importante".
Para Marcus Quintella, especialista em transportes da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a mobilidade urbana só pode evoluir com infraestrutura baseada em trilhos, cujo centro é o sistema metroferroviário, com alimentações rodoviárias. "Não há, no País, nenhuma cidade com mobilidade resolvida. Há paliativos, projetos que não saem do papel. Linhas de metrô vão sendo lançadas pequenas, sempre com economia porque não tem dinheiro", acrescenta, destacando que planejamento é fundamental para a integração física e tarifária entre modais.
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