O presidente eleito Jair Bolsonaro fez um apelo às bancadas do MDB e do PRB na Câmara para "jogarem" juntos com o novo governo na votação das reformas previdenciária e trabalhista.
Em um encontro na tarde de ontem, 4, com deputados emedebistas, ele chegou a fazer um apelo para evitar a "tristeza" de uma possível volta do PT ao poder. "Se tudo der errado, os senhores sabem quem voltará depois de mim, vai ser muito triste para o Brasil, apesar dos pesares", afirmou. "É um apelo, uma palavra de amizade, vamos jogar juntos."
Na conversa com os deputados, Bolsonaro sugeriu que, se o Legislativo atuar em parceria com o governo, os parlamentares poderão usufruir da mesma popularidade que ele. "A única coisa que posso garantir é que somos diferentes dos demais, e isso fez a diferença (nas eleições), foi dado o recado e gostaria que todos fossem tratados como eu sou quando saio nas ruas", ressaltou.
Em seguida, voltou a pedir apoio da bancada do MDB em especial para votações de mudanças na legislação do trabalho. "A reforma trabalhista, devemos aprofundar isso aí. Ninguém mais quer ser patrão no Brasil, é horrível ser patrão no Brasil com esta legislação que está aí."
Ele destacou que busca estreitar as relações comerciais com os Estados Unidos. "Vamos aprofundar o relacionamento", disse. "Podemos ter uma grande parceria pela frente", completou. "Havia uma certa tradição de não termos simpatia com os americanos", afirmou, numa crítica a governos passados.
Na tentativa de aparar arestas e se aproximar do MDB, Bolsonaro propôs um "entendimento". "Não vai ser uma pessoa que vai mudar o destino da nossa nação, é um grupo de pessoas e grande parte deste grupo está presente aqui", afirmou.
Ele usou boa parte do tempo para reclamar da demora nas licenças ambientais de obras de infraestrutura. O presidente eleito informou que o ministro do Meio Ambiente, "por coincidência ou não", será o último a ser escolhido entre os 22 de seu ministério. "Temos de começar a trabalhar", disse.
"Quando se fala da questão ambiental, é muita coisa em jogo no Brasil: clima, demarcação de terras indígenas, questão dos quilombolas", ressaltou. "No Brasil há demora em conceder uma licença, seja obra de infra, de porto, de aeroporto, linha férrea", completou. "Atrasa demais a nossa vida e nós não temos mais tempo a perder".
Bolsonaro prometeu que "todos" os ministros irão conversar com os parlamentares. "Não vai existir um só pleito de parlamentar que não seja possível ser atendido, que não será atendido. Todos serão atendidos", disse. "Nós temos a obrigação, entendo dessa forma, de mudar o destino do Brasil."
Ele fez um relato de sua campanha, ressaltando que se prepara há quatro anos para o atual momento. Contou que sofreu por ser um parlamentar do "baixo clero", com dificuldades de obter tempo no horário gratuito da TV.
"Grande parte da mídia distorceu essas questões", reclamou. "E como ganhar a simpatia dos senhores, como entrarmos todos no mesmo barco para buscar solução?", questionou. "O que o povo fez na rua, não fez por mim, fez pelo Brasil, eu não tinha essa capacidade de mobilizar tanta gente", avaliou.
(Agência Estado)
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